Foi o último grande discurso de Luís Montenegro nesta campanha eleitoral. Num Campo Pequeno muito preenchido — cerca de 3 mil pessoas –,  o líder do PSD despediu-se dos militantes e simpatizantes da Aliança Democrática com o derradeiro apelo ao voto: “Façam a vossa reflexão. Ponderem sobre os programas, as equipas e os líderes. Mostrámos aquilo que somos. Não enganámos ninguém. Não precisámos de fazer campanha a lançar medo. Sei que vão decidir bem. A política, para mim, não é ganhar eleições; a política, para mim, é olhar para uma pessoa e sentir que ela é feliz.”

Numa intervenção de cerca de 25 minutos, Luís Montenegro antecipou aquilo que acredita que vai acontecer já no dia 11 de março. “O que fizemos nesta campanha eleitoral é aquilo que vamos fazer no Governo da República: juntar. Esta é mesmo uma candidatura de esperança, de ambição e de mudança segura”, começa por dizer. Nunca falei mais alto para falar mal dos outros. Só levantei a voz para dizer que acredito em Portugal. Temos obrigação de fazer acreditar”, atira. Foi a primeira grande ovação da noite.

“Vale mesmo a pena acreditar”, continuou Montenegro. O líder do PSD falou depois para os jovens, para as famílias portuguesas, para os que criam riqueza, para os trabalhadores e também para os pensionistas. “Não vão ficar sozinhos. Vamos retribuir o esforço dos que estiveram antes de nós”, sublinhou.

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A seguir, e sem nunca nomear Pedro Nuno Santos, o líder social-democrata recuperou uma crítica que vem fazendo ao socialista: está apostado em dividir o país entre o ‘nós’ e o ‘eles’. “O que esperam de um primeiro-ministro? Alguém que divida o país ou alguém que agregue? Pode alguém, com esta cultura de divisão, dar estabilidade ao país?”, perguntou o líder social-democrata.

Nessa altura, deu-se um momento curioso: assim que Montenegro fez esta pergunta, ouviu-se um barulho na sala, presumivelmente a chuva a embater na cúpula do Campo Pequeno. Montenegro interrompeu o discurso e aproveitou o sinal divino. “Deve ser um não. É caso para dizer: é do céu que vem a reposta.”

A terminar, Montenegro dramatizou ainda mais as próximas eleições e prometeu um reencontro com a história. “A decisão de domingo é mesmo importante. Vai ter reflexos nas próximas décadas. Temos mesmo de virar a página.”

Luís Montenegro despediu-se do Campo Pequeno para rumar ao programa de Ricardo Araújo, na SIC. Mais tarde, ainda se juntará a uma Festa da Juventude, no Capitólio, mas não é provável que faça uma intervenção de fundo.

Carlos Moedas: “Este é o momento de toda uma geração”

Antes de Luís Montenegro, e como foi sendo hábito nesta campanha, Nuno Melo serviu ao palco para fazer igualmente um apelo ao voto na Aliança Democrática e assumir as despesas do ataque mais cerrado ao adversário socialista.

“Temos uma disputa entre a tolerância e os extremismos. A opção não é sobre o PS e a AD. Entre o PS mais extremado e polarizado da história da democracia portuguesa e a AD. Portugal não há-de querer Pedro Nuno Santos a governar. Pedro Nuno Santos prestou provas e chumbou e a negativa foi dada pelo seu primeiro-ministro. Não serve para primeiro-ministro.”

Numa referência ao Chega, Nuno Melo falou ainda para aqueles que estarão tentados em usar o voto como forma de protesto. “Queiram transformar a revolta em mudança. Cada voto nos populismos radicais só deixará o PS mais próximo de governar. Os populismos radicais exploram emoções, dividem a sociedade, exacerbam emoções, nunca resolverão os problemas de Portugal. AD foi feita para unir os portugueses onde outros querem dividir. Os portugueses devem concentrar os votos na AD porque só assim poderemos governar sem depender de todos os outros. Não permitam que se desperdicem votos”, apelou o líder do CDS.

Seria, ainda assim, Carlos Moedas a fazer uma das intervenções da noite, que arrancou, inevitavelmente, com um elogio público a Luís Montenegro. “Tu foste o adulto na sala. A tua serenidade são a garantia do grande primeiro-ministro que vais ser.”

“Este é o momento. Este é o momento de toda uma geração. Porque é o futuro da democracia, é o futuro da governabilidade e é o futuro do país que estão em causa nestas eleições”, defendeu Carlos Moedas. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa acusaria ainda os socialistas de terem “medo da democracia” e de agitarem o “medo” como uma forma de enganar os eleitores.

“O PS está com medo da democracia. O PS é hoje o partido da insustentável leveza na política. Agita o medo, não diz a verdade e tenta iludir as pessoas. O país não pode voltar ao sistema de partido único. No fundo é isso que o PS quer. Mas que os portugueses não lhe darão. Só a AD pode pôr fim a este PS que se julga dono do país, dono do Estado e dono das pessoas. Só a AD poder ser útil às pessoas. Só a AD pode oferecer uma vida melhor às pessoas.”

O presidente da Câmara Municipal disse ainda que estava em jogo a saúde da democracia, a governabilidade do país e o futuro dos mais jovens. “As pessoas não merecem um PS que prometeu um mar de rosas, mas o que deu aos portugueses foi um verdadeiro cabo das tormentas. “Só a AD pode garantir estes três fatores neste momento da nossa democracia. Só a AD pode ser útil às pessoas. Só a AD pode dar uma vida melhor às pessoas É preciso votar AD. É preciso votar Luís Montenegro”, terminou Carlos Moedas.