A embaixadora dos Estados Unidos da América na NATO, Julianne Smith, garantiu, esta terça-feira, que não está “iminente” um conflito entre os Estados-membros da aliança atlântica e a Rússia. “Agora, vemos a Rússia empenhada numa guerra dentro da Ucrânia. Não temos indicadores ou avisos que a Rússia se esteja a preparar para uma guerra com a NATO”, reforçou a diplomata, contrariando a ideia de vários líderes europeus, como o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, que sublinhou que a Europa estava num cenário de “pré-guerra”.

Num briefing online com jornalistas, em que o Observador esteve presente, Julianne Smith frisou, ainda assim, que a NATO tem tomado passos para reforçar a “dissuasão e a defesa” da aliança, aumentando para isso a “presença de tropas no Leste da Europa”. Isso não significa, no entanto, que exista uma “evidência clara” de que vá haver uma guerra entre a NATO e a Rússia. “Não há ameaça direta para nenhum dos países da NATO.”

Relativamente à guerra na Ucrânia, a diplomata norte-americana sublinhou que o país precisa de ajuda militar e financeira “agora”. “Os nossos amigos na Ucrânia enfrentam carências”, assinalou Julianne Smith, acrescentando que espera que o pacote de ajuda à Ucrânia, que está neste momento bloqueado na Câmara dos Representantes norte-americano, seja aprovado “o mais cedo possível”.

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“Estamos focados como um laser que a Ucrânia receba o apoio que precisa. Continua a ser o nosso foco”, afirmou Julianne Smith, elogiando a “generosidade” de vários Estados-membros. Para a embaixadora, se a Ucrânia perder a guerra, a Rússia pode sentir-se “tentada” a atacar a NATO, ou outros países. Mas, por agora, essa ameaça está longe de se concretizar.

Questionada sobre os ataques ucranianos dentro da Rússia, a representante permanente norte-americana na NATO frisou que os Estados Unidos “não apoiam propriamente a ideia de haver ataques no interior da Rússia”. “Defendemos o direito de defender o território [ucraniano] e de os ucranianos expulsarem os russos dos seus territórios.”

“Queremos continuar a ver vitórias no campo de batalha”, prosseguiu Julianne Smith, recordando que a Ucrânia já teve um “sucesso considerável” no passado, conquistando territórios como a cidade de Kherson ou recuperando o controlo da totalidade da província de Kharkiv.

Novo secretário-geral conhecido até início de julho. EUA reforçam apoio a Mark Rutte

Sobre o futuro da aliança, a representante permanente norte-americana na NATO admitiu que a aliança transatlântica está a “meio” do processo para eleger o novo secretário-geral, após a saída de Jens Stoltenberg do cargo.

Começando por elogiar o trabalho “notável” e “impressionante” de Jens Stoltenberg, a embaixadora norte-americana reiterou que o secretário-geral vai abandonar o cargo no “início de outubro”. Sobre o substituto do norueguês, Julianne Smith adiantou que há dois nomes em cima da mesa: o do primeiro-ministro neerlandês demissionário, Mark Rutte, e o do Presidente romeno, Klaus Iohannis.

Neste momento, está a haver um “debate” sobre as “qualificações de dois líderes”, estando a ser calculados os “prós e os contras”. “Vamos continuar a debater até haver um consenso”, sinalizou Julianne Smith. Assim, a diplomata espera que, “nas próximas semanas”, se saiba quem será o novo secretário-geral da aliança. Os Estados Unidos já decidiram, contudo, quem vão apoiar: Mark Rutte.

No máximo, disse Julianne Smith, a decisão do novo secretário-geral será conhecida até a realização da cimeira da NATO em Washington, marcada para 9 a 11 de julho de 2024.