O exército de Israel está a investigar soldados que este sábado amarraram um palestiniano ferido, que as forças israelitas dizem ser suspeito de terrorismo, a um jipe, fazendo o resto do raide na Cisjordância com o homem pendurado no veículo, noticia o The Guardian.

O vídeo ganhou muita tração nas redes sociais e nos jornais, tendo o exército israelita dito, em comunicado, que quando estava a fazer o raide houve “terroristas que abriram fogo” e que os soldados responderam. Durante o tiroteio, o homem identificado pela Reuters como Mujahed Azmi, ficou ferido e foi detido. Mas, “numa violação das ordens e dos procedimentos normais, o suspeito foi levado pelas forças amarrado à frente do veículo”. A conduta “não conduz com os valores” das forças israelitas, garantem as mesmas no comunicado, prometendo uma investigação.

De acordo com o The Telegraph, a imagem do homem ferido foi divulgada pelo Hamas, que acusa as Forças de Defesa de Israel (IDF, em inglês), de usar palestinianos como “escudos humanos”, e localizando o incidente na zona de Jabriyat.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

[Já saiu o sexto e último episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo, aqui o terceiro, aqui o quarto episódio e aqui o quinto episódio.]

“Escudos humanos” em ação, escreveu também a relatora especial da ONU para os territórios da Palestina, Francesca Albanese, na rede social X, numa reação às imagens divulgadas nas redes sociais, lembrando que Israel usa o argumento dos escudos humanos para fazer uma “guerra de aniquilamento” em Gaza. “É chocante ver como um Estado nascido há 76 anos conseguiu virar a lei internacional literalmente do avesso”, critica Albanese. “Isto arrisca-se a ser o fim do multilateralismo”.

Ao jornal The Telegraph, uma fonte de segurança israelita disse que o suspeito estava a ser “mantido vivo” ao ser colocado na parte da frente do veículo militar. “Ele foi deitado ali para se manter direito, para não morrer”, acrescentou. “Se ele tivesse sido esmagado na parte de trás do veículo, não teria sobrevivido com os ferimentos que sofreu no ataque”.

Médicos do hospital Ibn Sina de Jenin confirmaram à agência de notícias AFP que o homem ferido estava a ser tratado no hospital.