A Comunidade Israelita do Porto (CIP) considera que a ida de António Costa para presidente do Conselho Europeu pode ser um problema para os judeus na União Europeia, pois o ex-ministro-primeiro português “tem um histórico de animosidade contra os judeus”. As acusações são feitas num livro gratuito colocado na Amazon a 3 de deste mês com o título “The Plan!: Jewish Life Threatened in Europe” [O Plano: Vida judaica ameaçada na Europa, em português] — e que foi citado, esta segunda-feira, em vários meios de comunicação relacionados com a comunidade judaica internacional.

“É vital que os europeus conheçam a verdadeira identidade e ideologia de Costa e que o mundo judaico compreenda os perigos para as comunidades judaicas do continente”, diz o presidente da CIP, Gabriel Senderowicz, citado pelo jornal Jewish News Syndicate.

Na sinopse do livro de 74 páginas pode ler-se que se trata de uma “história verídica” que envolve “um esquema de corrupção estatal, corrupção jornalística e uma campanha de propaganda organizada que procurou reunir todas as forças da sociedade portuguesa para promover o ódio e a discriminação contra a Comunidade Judaica do Porto e a legislação que restaurou o direito de cidadania aos judeus do origem portuguesa”.

No documento, segundo o Jewish News Syndicate, o presidente da CIP defende que “a  União Europeia tem um plano para ajudar a promover a vida judaica nos próximos anos”. No entanto, “este pode ser ameaçado” pela nomeação de Costa para um cargo de liderança na União Europeia. É então, de acordo com o mesmo jornal, que os dirigentes da CIP dizem que o antigo chefe do Executivo português “é um homem que tem um histórico de animosidade contra os judeus, a lei e a comunidade judaica, que tentou encolher e atacar no seu país de origem [ndr: ou seja, em Portugal] durante o mandato como primeiro-ministro”.

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Sobre aquilo que consideram provas da “perseguição” à comunidade judaica do Porto, o European Jewish Press avança que os dirigentes da CIP acusam a ministra da Justiça Francisca Van Dunem de ter sido ela própria a enviar as “denúncias anónimas” que deram origem ao processo “Operação Aberta”, que  investiga a atribuição de nacionalidade portuguesa a descendentes de judeus sefarditas. Já Augusto Santos Silva é acusado de, como ministro dos Negócios Estrangeiros, ter trabalhado arduamente para revogar a lei da nacionalidade sefardita. Ricardo Costa, irmão do antigo primeiro-ministro, também é referido: a CIP considera que a SIC e o Expresso, meios de que o jornalista é diretor-geral, são dois dos media portugueses que mais publicaram notícias negativas contra a referida legislação e contra a própria organização.

No livro, os responsáveis da CIP, avança ainda o Expresso, acusam os socialistas de serem “experientes em destruir grupos ou pessoas que acreditam que devem ser excisadas”. Além disso, “são competentes em colocar os judeus sob os holofotes como especuladores, parasitas e mentirosos”. Para os autores do documento de 74 páginas, “Portugal será para sempre vinculado com um golpe antissemita em 2022”.

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