O vice-presidente da TAP, Luiz Gama-Mór, espera que o processo de privatização da transportadora aérea, relançado pelo Governo, chegue “a bom porto”. “Do que depende de nós continuamos a trabalhar, mas vivemos momentos difíceis neste ambiente de privatização, que produz uma pressão grande na empresa”, disse o responsável no domingo à noite em Évora, onde decorre o 40.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).

Luiz Gama-Mór lembrou que os últimos tempos têm sido “um desafio”, com a crise e as “necessárias medidas a tomar”, já que as suas consequências “atingem bastante” uma empresa pública. “Tem sido uma condicionante importante para nós [crise], tem tido consequências a toda a hora, inclusive sindicais e agora, novamente, com a privatização fica outra vez mais difícil”, afirmou o responsável, lembrando que, ainda assim, a TAP tem crescido.

“Na TAP temos crescido muito. Crescemos 7% em passageiros até agora. Temos crescido, mas transportar passageiros é mais fácil do que ganhar dinheiro”, referiu, desejando que se “resolva a bom porto a privatização”, pois uma empresa que concorre num ambiente extremamente competitivo “precisa de ter autonomia, flexibilidade e, já agora, capital para atingir os objetivos que precisa”.

Quase dois anos após ter decidido suspender a venda da companhia aérea e com o calendário apertado com a aproximação do final do mandato, o executivo decidiu retomar a privatização da TAP, mas desta vez com um modelo que prevê a alienação de um máximo de 66% do capital do grupo, deixando, para já, o restante capital nas mãos do Estado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em março, o presidente da TAP, Fernando Pinto, confirmava que a companhia estava “cada vez mais preparada para a privatização”. Antes disso, teve de enfrentar um verão conturbado, marcado por incidentes e um número de cancelamento de voos “fora do normal”, em simultâneo com o reforço da operação, como o gestor admitiu no parlamento.

Nessa audição, o presidente da companhia disse que 227 dos cancelamentos em julho e agosto foram por falta de tripulação, justificado por um atraso na formação de pilotos, e 120 por razões técnicas (56% dos eventos afetaram a frota da PGA), o que culminou com a contratação de uma auditoria externa para avaliar o ocorrido.

Com a procura a crescer, o atraso na entrega de seis aviões que a companhia comprou em segunda mão também piorou a situação, tendo obrigado ao fretamento de aeronaves a terceiros para poder minimizar os impactos. Foi precisamente no pico do verão que o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) marcou um dia de greve, alegando não ter “outra opção” para evitar outro verão “vergonhoso”.

Em outubro e novembro, os tripulantes do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) paralisaram praticamente a operação (com exceção dos voos da PGA e os serviços mínimos) durante quatro dias para reclamar o respeito pelo Acordo de Empresa e, em dezembro, é a vez dos aviões da Portugália (PGA) ficarem em terra. O custo das greves estará refletido nas contas de 2014, tendo causado um prejuízo próximo dos 30 milhões de euros. Por quantificar estão ainda os custos do verão turbulento e sobretudo do fretamento de aviões.

O Governo pretende apresentar o caderno de encargos da privatização do grupo TAP até ao início de janeiro, para depois ser levantado pelos potenciais interessados no grupo português, devendo o processo estar encerrado no primeiro semestre de 2015.