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Adeptos da italiana Atalanta fotografados esta terça-feira, 11 de agosto, na baixa de Lisboa. A equipa joga esta quarta-feira com o Paris Saint-Germain
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Adeptos da italiana Atalanta fotografados esta terça-feira, 11 de agosto, na baixa de Lisboa. A equipa joga esta quarta-feira com o Paris Saint-Germain

AFP via Getty Images

Adeptos da italiana Atalanta fotografados esta terça-feira, 11 de agosto, na baixa de Lisboa. A equipa joga esta quarta-feira com o Paris Saint-Germain

AFP via Getty Images

Advogado de 48 anos, sócio e com viagem agendada se o Atlético for à final. Como Lisboa se prepara para os Carlos da Champions

Protocolo da UEFA é tão minucioso que até define número de cadeiras no local dos testes à Covid-19. Há informações entre as 'secretas'. PSP está pronta para receber adeptos. Um falou com o Observador.

“Lisboa, Milão, Liverpool, Atenas, Londres, Bucareste, Hamburgo, Tallin, Porto, Roma.” Para ver o Atlético de Madrid, Carlos Pomares já viajou por toda a Europa mas nunca teve a alegria de ver o seu clube sagrar-se campeão europeu. O mais perto que esteve disso foi em 2014, justamente em Lisboa, recorda ao Observador, dias antes do arranque da Final Eight da Liga dos Campeões na capital portuguesa, numa conversa através do Instagram – “Ainda choro à noite (fomos derrotados pelo Real Madrid, o nosso maior rival)”.

Este ano, se a oportunidade voltar a colocar-se, não vai ser um estádio fechado e uma cidade em estado de contingência que vão impedir o advogado, de 48 anos, de estar perto da equipa que acompanha – e de que é sócio – há já quatro décadas. “Em Espanha dizemos que não se deve vender a pele de urso antes de a caçar, portanto vamos ver jogo a jogo, que ainda falta muito”, começa por dizer, cauteloso, à boa maneira dos comentadores desportivos. Depois, já entusiasmado, admite: se tudo correr bem, o objetivo é vir para Portugal no fim de semana de 22 e 23 de agosto, mesmo a tempo da final de domingo e numa altura em que ainda não se sabe se Lisboa permanecerá em estado de contingência. “Em princípio a ideia é ir de carro e ficar a dormir em Lisboa”, detalha o adepto, que não faz parte de qualquer claque organizada e costuma fazer estas viagens com o irmão e um grupo de amigos.

Como ele, prevê a PSP, inúmeros outros adeptos – impossível saber quantos –, não só do Atlético de Madrid mas dos restantes sete clubes europeus ainda em prova, estarão a planear fazer o mesmo, sobretudo se as suas equipas chegarem às finais – o que pode fazer com que esta fase da Liga dos Campeões, à primeira vista mais fácil de controlar, graças à ausência de público nas bancadas, se possa afinal complicar. É o próprio adepto colchonero que o admite, com a expressividade permitida pela escrita: “Sinceramente acho que se ganharmos a Champions vai ser IMPOSSÍVEL manter a distância de segurança”.

Primeiro-ministro garante segurança pública e sanitária na ‘final a oito’

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PSP não sabe quantos adeptos vêm de fora, mas “está pronta” para recebê-los

O conselheiro do diretor executivo para as Emergências Sanitárias da Organização Mundial de Saúde, Maurizio Barbeschi, disse em julho que na fase final da Champions as equipas seriam “uma espécie de bolhas, movendo-se em simultâneo, em direção a Portugal”. E o facto de serem bolhas que se deslocam para estádios onde as portas vão estar vedadas ao público poderia levar a pensar que a operação policial montada estaria facilitada. Mas não. Além da segurança das oito equipas inicialmente em competição e de ter de focar-se nos hotéis onde estão alojadas, nos locais onde treinam, nos dois estádios (Alvalade e Luz) onde vão jogar e nas respetivas imediações, à PSP coloca-se ainda outro desafio: monitorizar toda a cidade de Lisboa para acompanhar eventuais adeptos que aqui se desloquem com a intenção de assistir aos jogos pela televisão, como disse esta manhã de terça-feira o comandante do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, Paulo Pereira, em conferência de imprensa.

“Ao longo do torneio é expectável que este fluxo de informação se mantenha através das unidades de informação desportivas. Estamos a tentar obter informação fidedigna.”
Comissário Roberto Domingos

O Diretor do Departamento de Operações da Direção Nacional da PSP admitiu mesmo que esta é uma “operação complexa, mas também atípica na medida em que há um fator de incerteza”. É por isso que haverá também segurança pessoal de grupo às equipas em todos os locais por onde passem e serão feitos perímetros de segurança no estádio. “É a maior competição desportiva a nível mundial e vai ter a atenção dos principais media mundiais. É uma responsabilidade para a PSP e para Portugal que tudo corra bem “, disse o superintendente Luís Elias.

Liga dos Campeões. PSP prepara mega-operação com foco nos estádios, hotéis e locais de treino

Desde que se soube que a fase final da Champions seria em Lisboa, que o Posto Nacional de Informações de Futebol da PSP, uma espécie de secreta das informações desportivas, começou a falar com as suas congéneres europeias para saber quais os adeptos que estariam a organizar-se para virem a Lisboa. Com uma dificuldade acrescida: sendo os jogos à porta fechada por causa da pandemia, não há bilhetes comprados e a monitorização é mais complexa.

Unidade Especial de Polícia vai participar na operação com todas as suas valências, entre elas o Corpo de Segurança Pessoal

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Assim, segundo o comissário Roberto Domingos, responsável por esta unidade policial, as polícias dos países das equipas em competição decidiram fazer uma análise de todos os eventos desportivos que as juntaram no passado para perceber quais e quantos adeptos compareceram nessas competições e quais os incidentes que houve nesses jogos. “Ao longo do torneio é expectável que este fluxo de informação se mantenha através das unidades de informação desportivas”, disse. “Estamos a tentar obter informação fidedigna.”

Para já, a PSP sabe que já há adeptos em território português (poderão ser das equipas que já estão por cá, RB Leipzig, Atalanta, Manchester City e Lyon), espera que mais cheguem entretanto – e prevê que, na final, esse número seja ainda maior. Mais ainda se o último jogo for disputado pelo Atlético de Madrid, devido à proximidade e à facilidade com que os espanhóis poderão chegar a Portugal. Ou mesmo o Barcelona. Uma realidade que a PSP disse ser “dinâmica” e à qual estará pronta a adaptar-se.

“Temos neste momento um formato diferente. A PSP adotou um dispositivo flexível, porque não havendo adeptos nos estádios admitimos que a preocupação possa ser balanceada para outros lados”, assegurou o comandante da PSP de Lisboa que garantiu ter um dispositivo preparado para ordem pública.

A PSP sabe também que, para já, não estão previstas viagens organizadas de adeptos e que os que vêm se organizaram individualmente, uns por via terrestre e outros por via aérea.  Assim, na impossibilidade de ver os jogos nos estádios e na ausência de recintos coletivos, como as Fan Zone, a PSP acredita que vai conseguir monitorizar estes adeptos em cafés e restaurantes de Lisboa, identificando-os, por exemplo, através dos cachecóis ou camisolas dos clubes.

"A PSP está preparada para receber os adeptos. Toda a PSP estará preparada para, desde o momento em que sejam avistados, fazê-los sentir-se bem-vindos e impelir qualquer ato improvável”.
Comandante do Cometlis, Paulo Pereira.

Ainda assim, a primeira abordagem deverá ser semelhante à que a PSP privilegiou durante o estado de emergência: pedagógica. O que significa que antes de passarem à intervenção direta, como aquela que o Governo pediu quando os casos positivos dispararam em Lisboa, os agentes deverão sensibilizar os adeptos estrangeiros para as regras vigentes na Área Metropolitana (que serão revistas em Conselho de Ministros esta quinta-feira 14 de agosto, já com a prova a decorrer, mas que, ao que tudo indica, não deverão sofrer alterações), e explicar-lhe que, para já, estão proibidas as concentrações de mais de dez pessoas e o consumo de álcool na via pública.

“Estamos prontos para os receber” para os ajudar. (…). A PSP está preparada para receber os adeptos. Toda a PSP estará preparada para, desde o momento em que sejam avistados, fazê-los sentir-se bem-vindos e impelir qualquer ato improvável”, justificou o comandante Paulo Pereira.

Apesar de as portas dos estádios estarem fechadas, tanto as imediações da Luz como de Alvalade vão estar também sob o radar policial. Segundo Francisco Alves, à frente da divisão responsável pelo policiamento ao jogos, todas as pessoas e viaturas que circularem nos perímetros exteriores vão ser fiscalizadas. A recomendação, por isso, é que entre as 15h e as 23h dos dias dos jogos, as pessoas evitem aproximar-se destas zonas, porque vão enfrentar cortes no trânsito. Já no interior do estádio, depois de um controlo apertado das entradas que estão já definidas, haverá também polícias a confirmar se nada falhou nos outros controlos de segurança.

A PSP não avança quantos operacionais da Unidade de Trânsito, da Unidade Especial de Polícia e outros agentes vai ter na operação. A resposta também ela será “dinâmica” de acordo com as necessidades.

TAP, NAV e hotéis sem previsões. Câmara sem respostas para dar

Certo é que, para já, nem TAP nem Navegação Aérea de Portugal (NAV) notaram qualquer aumento no número de voos, comerciais ou privados, ou de passageiros com destino a Lisboa durante as próximas semanas.“As únicas alterações no tráfego associadas à Liga dos Campeões dizem respeito aos voos das próprias equipas, tendo dado entrada oito pedidos, dos quais sete diretos a Lisboa e um que veio por Faro”, disse fonte oficial da NAV ao Observador. Já a TAP confirmou um “aumento do fluxo de passageiros” sem qualquer relação com a prova, mas “fruto da retoma que está a fazer para múltiplos destinos”. É expectável que, com o avançar da competição, inúmeros adeptos dos clubes em prova viajem para Portugal, para acompanhar as suas equipas.

Responsáveis de vários hotéis de Lisboa garantiram também ao Observador que, pelo menos até à data, não sentiram qualquer efeito no número de quartos reservados para as próximas semanas, pelo que é impossível fazer as contas aos adeptos dos oito clubes ainda em prova que estarão neste momento a preparar-se para viajar até Lisboa — já para não falar das claques organizadas, que também não quererão deixar de marcar presença numa fase final tão importante como esta. Sobretudo se os seus clubes continuarem a seguir em frente.

Contactada pelo Observador, fonte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras lembrou que as fronteiras terrestres estão abertas e apenas sujeitas a operações de controlo de rotina. E os passageiros vindos de avião de países da União Europeia ou do Reino Unido não são obrigados sequer a fazer testes ao novo coronavírus ao chegar ao país; têm apenas de passar pelos pórticos de controlo de temperatura.

O protocolo de 31 páginas divulgado pela UEFA é de tal forma minucioso que detalha até as características que devem ter as salas de testagem: 12 metros quadrados no mínimo, pelo menos uma janela, duas secretárias, três cadeiras...

O Observador tentou também, desde sexta-feira, obter uma declaração da Câmara Municipal de Lisboa sobre as medidas que possam estar a ser implementadas para receber esta competição ou mesmo uma posição do presidente Fernando Medina. Mas, apesar da insistência, não obteve qualquer resposta.

O secretário de estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, em declarações à Rádio Observador, também desconhece uma estimativa dos adeptos que chegam, mas entre equipas e jornalistas e equipas técnicas são já centenas de pessoas que a cidade de Lisboa vai receber. Lembrando que o facto de não se poder entrar no estádio poderá ser “desmotivador” para os adeptos. Tem no entanto nas mãos um estudo que diz que este evento poderá ter um impacto de cerca de 50 milhões de euros e da imagem do país no exterior.

A Formula 1 e o Moto GP “podem não ter público”. João Paulo Rebelo fala ainda da Champions e do Caso Marega.

Formato da competição começou a ser discutidos em março

A 17 de março, quando várias grandes competições desportivas já tinham sido adiadas ou canceladas por causa da pandemia, a UEFA teve três grandes reuniões por videoconferência ao longo de uma manhã: primeiro juntou os representantes de clubes, de ligas e de jogadores, a seguir contou com os 55 líderes das federações nacionais, por fim apenas o Comité Executivo.

Era necessário tomar decisões e dos três encontros saíram três certezas: 1) o melhor mesmo era adiar o Campeonato da Europa de seleções para 2021 (além de outras fases finais e jogos de qualificação de outras competições do calendário europeu, entre futebol masculino, feminino e camadas jovens); 2) a prioridade passava por dar margem para que os campeonatos nacionais pudessem chegar ao final mesmo prolongando um pouco mais a temporada; 3) encontrar um modelo que permitisse concluir também as provas europeias de clubes, incluindo não só a Liga dos Campeões mas também a Liga Europa e a Champions de futebol feminino. Os problemas tiveram solução, a crise tornou-se uma oportunidade. Assim começou a possibilidade de trazer decisões para Lisboa.

Quando percebeu que seria inevitável encontrar um formato que reduzisse o número de jogos e concentrasse ao máximo os locais para a sua realização, a Federação Portuguesa de Futebol foi a primeira a colocar essa hipótese à UEFA. Dois nomes fundamentais na ideia: Fernando Gomes, líder do órgão que tutela o futebol nacional, e Tiago Craveiro, CEO da Federação Portuguesa de Futebol e administrador da UEFA Club Competitions, SA, uma empresa detida pela UEFA e pela Associação Europeia de Clubes que é responsável pela gestão de todas as competições europeias de clubes. Caso o Estádio Olímpico Atatürk, em Istambul, não fosse palco para a final, Lisboa passava para a frente da corrida. Em paralelo, discutia-se um novo modelo: eliminatórias a uma mão, tudo concentrado numa cidade ou numa zona de um país (como acontece com a Alemanha na Liga Europa). Nos bastidores, parecia uma questão de tempo.

A 17 de março, quando várias grandes competições desportivas já tinham sido adiadas ou canceladas por causa da pandemia, a UEFA teve três grandes reuniões por videoconferência para definir como seria a Champions.

Foi nesse tempo que começou a ser ponderada toda a logística da operação a vários níveis: governamental, com os mais altos membros de Estado a estarem ao corrente de todas as diligências que iam sendo feitas (tal como mais tarde aconteceu com a Fórmula 1 ou com o MotoGP); nacional, com as autoridades de saúde com quem tinha sido feito o parecer para o Regresso às Competições; logístico, com oito unidades hoteleiras pré-reservadas na zona de Lisboa a partir do momento em que parecia estabelecido o modelo de Final Eight (Palácio Estoril, Cascais Miragem, Penha Longa Resort, Pestana Palace, Intercontinental, Corinthia, Sheraton Lisboa e Epic Sana), outras tantas zonas de treino que ficariam disponíveis para as oito equipas participantes e a cooperação com a Câmara de Lisboa.

Situação em Lisboa foi sempre acompanhada em conjunto com a DGS

A evolução da pandemia em Lisboa e Vale do Tejo, com o aumento de casos em concelhos como Lisboa, Sintra, Loures, Amadora e Odivelas foi sendo sempre acompanhada pela UEFA, pela Federação Portuguesa de Futebol e pela própria Direção-Geral de Saúde. Fonte da DGS disse mesmo ao Observador que houve várias reuniões dos seus técnicos com a UEFA e a FPF e que se chegou mesmo a ter esperança de que a situação evoluísse e que a competição pudesse vir a ser feita com regras menos apertadas. Mas não aconteceu. A UEFA, no entanto, em momento algum ponderou um plano B.

Perante a realidade no país e no mundo, manteve o protocolo previsto pela UEFA para as oito equipas participantes e demais membros da organização com contornos semelhantes aos das últimas dez jornadas da Primeira Liga, incluindo em situações que fugissem do “normal”. Exemplo prático: depois dos dois casos positivos encontrados num total de 93 testes feitos pelo Atlético de Madrid (jogadores, treinadores, elementos do staff e outras pessoas que trabalham com ou perto da equipa), todos foram obrigados a fazer mais um teste antes de viajar para Lisboa, o que acabou por despistar a existência de mais positivos no grupo.

De acordo com o protocolo de 31 páginas divulgado pela UEFA, e que o Observador consultou, existe um limite mínimo de 13 jogadores dados como aptos para que um encontro se realize, sendo que, se algum caso positivo de infeção pelo novo coronavírus for identificado já em Lisboa, deverão entrar em cena as mesmas regras da Primeira Liga em coordenação com as autoridades portuguesas: o infetado em causa terá sempre de cumprir quarentena, em isolamento, podendo os colegas com quem tenha estado em contacto mais direto terem de realizar testes de despistagem, não podendo ser utilizados nas 24 horas seguintes (como aconteceu por exemplo com André Moreira, do Belenenses SAD).

epa08487680 (FILE) - The UEFA logo on display after the meeting of the UEFA Executive Committee at the UEFA headquarters in Nyon, Switzerland, 07 December 2017 (re-issued on 16 June 2020). Lisbon's Estadio da Luz is expected to host the 2020 UEFA Champions League final in a decision by the UEFA executive committee set to be announced on 17 June 2020.  EPA/LAURENT GILLIERON *** Local Caption *** 55993944

UEFA acompanhou a evolução epidemiológica em Lisboa, mas nunca teve plano B

LAURENT GILLIERON/EPA

Em Portugal, onde foram detetados casos durante a competição, nunca houve necessidade de colocar toda uma equipa em quarentena. De resto, e tal como previa o parecer da DGS, as equipas terão de fazer testes antes dos encontros e serão monitorizadas por equipas médicas para funcionarem quase num modelo de “bolha” entre hotel, treinos e jogos.

PSG segue recomendação da UEFA e fecha hotel só para a equipa

Conferências, entradas nos recintos (sem público nas bancadas e até com a lotação para broadcasters e demais jornalistas muito limitada) e deslocações dos restantes membros ligados à equipa têm também regras próprias, tal como a utilização dos campos de treino que foram providenciados pela FPF nesta organização: o Atlético de Madrid vai treinar no Benfica Campus, num regresso de João Félix ao espaço onde treinava na última época; o PSG na Academia do Sporting, em Alcochete; o Barcelona de Nelson Semedo no Estádio Nacional (que não foi utilizado na retoma depois da pandemia); o RB Leipzig no Estádio António Coimbra da Mota, no Estoril; o Bayern no Estádio Municipal de Mafra; o Manchester City de Bernardo Silva e João Cancelo na Cidade do Futebol, em Oeiras; o Lyon de Anthony Lopes no Estádio do Restelo, em Belém; e a Atalanta no Estádio Pina Manique, em Lisboa.

A escolha foi feita tendo por base os hotéis onde ficarão concentradas as equipas, onde estão também previstas uma série de restrições em relação às pessoas que ali ficarão alojadas.

De acordo com o protocolo de 31 páginas divulgado pela UEFA, cada equipa vai ter de nomear um Oficial de Ligação Médica — “preferencialmente o médico da equipa” —, que ficará encarregado de organizar os testes exigidos com o SynLab, o laboratório escolhido para fazer todos os testes à Covid-19, tanto nesta como nas restantes competições europeias organizadas pela UEFA, e de comunicar os resultados ao organismo máximo do futebol no continente.

O documento é de tal forma minucioso que detalha até as características que devem ter as salas de testagem: 12 metros quadrados no mínimo, pelo menos uma janela, entrada e saída separadas, duas secretárias, três cadeiras e uma divisão adjacente com espaço suficiente para um grupo de entre 5 a 7 pessoas — a cumprir o distanciamento social recomendado.

Dois dias antes de viajarem para Lisboa, todos foram testados — jogadores, treinadores, técnicos assistentes, fisioterapeutas, médicos, porta-vozes e assessores de imprensa, árbitros, vídeo árbitros e seus assistentes; bem como todo o staff ao serviço da UEFA, desde os observadores dos árbitros aos técnicos de controlo anti-doping, passando pelos responsáveis pelas operações nos estádios.

“Só os que testaram negativo é que podem viajar”, determina o documento, que deixou em terra os dois jogadores do Atlético de Madrid, soube-se já no passado domingo, e que determina que, sempre que possível, as equipas devem tentar viajar em voos charter, em vez de comerciais, e ter acesso às zonas VIP dos aeroportos, “para minimizar o contacto com o público em geral”.

“Só os que testaram negativo é que podem viajar”
Protocolo da UEFA

Para as viagens em si, a UEFA determina mais quatro regras: em caso de voos charter, os responsáveis das equipas devem certificar-se de que os aviões são totalmente higienizados antes do embarque; todas as pessoas devem usar máscara em todas as zonas de acesso público e proceder à desinfeção regular das mãos; devem ainda manter a distância social em relação a todos os que não pertençam à comitiva ou que, pertencendo, não tenham sido testados para o novo coronavírus — é por isso que o documento recomenda ainda que presidentes e outros diretores dos clubes, que não são obrigatoriamente testados e deverão ser dez, no máximo, viajem por outros meios e fiquem instalados em hotéis diferentes.

Apesar de se recomendar que cada equipa reserve em exclusividade um hotel — o Observador sabe que o Hotel Myriad, no Parque das Nações, por exemplo, vai estar totalmente por conta do staff do Paris Saint Germain —, não é obrigatório que assim seja.

O Atlético de Madrid, por exemplo, vai ficar instalado no Hotel Epic Sana, junto às Amoreiras, que continua a aceitar reservas de turistas; o mesmo acontece com o Hotel Corinthia, em Sete Rios, que vai acolher os italianos da Atalanta, de Bérgamo, uma das cidades mais castigadas naquele país pela pandemia. Para garantir a segurança de todos os hóspedes, explicou ao Observador a responsável pelas relações públicas do Corinthia, de cinco estrelas, há câmaras termográficas no lobby, para medir “de forma discreta” a temperatura de quem por lá passa, há purificadores do ar em todas as áreas públicas, os elevadores são higienizados através de luz ultravioleta e ozono, e os quartos são limpos por meio de um sistema de nebulização.

Apesar de todos os cuidados, um dia antes de cada jogo, e já em Lisboa, cada um dos membros das equipas desportivas e de arbitragem que entre esta quarta-feira e o próximo sábado vão subir aos relvados da Luz e de Alvalade, para os quartos de final da competição, terão de ser novamente testados para a Covid-19.

De acordo com o protocolo, os testes podem ser feitos nos hotéis das equipas, nos estádios onde vão treinar ou em qualquer outro lugar sugerido pelos respetivos oficiais de ligação médica — as colheitas devem ser feitas no espaço máximo de duas horas e os resultados devem ser entregues até seis horas antes do início das partidas.

Os autocarros que vão transportar as equipas entre os centros de estágio, os hotéis e os estádios também deverão ser desinfetados antes da entrada de jogadores e equipa técnica — sendo que se recomenda também que os motoristas sejam submetidos a testes ao SARS-CoV-2.

As imediações do estádio da Luz e de Alvalade vão ser todas controladas

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Balneários e salas desinfetados a horas do arranque, os convidados e os cuidados previstos

A Final Eight da Liga dos Campeões, que terá todos os encontros a começar às 20h (a mesma hora da Liga Europa, que se encontra a fazer a sua fase final em dias separados da principal competição europeia de clubes), começa esta quarta-feira na Luz com o Atalanta-PSG, seguindo na quinta com o RB Leipzig-Atl. Madrid em Alvalade, na sexta com o Barcelona-Bayern na Luz e no sábado com o Manchester City-Lyon em Alvalade. As meias-finais, também a uma mão, disputam-se entre 18 e 19 de agosto, com o vencedor do RB Leipzig-Atl. Madrid a defrontar o vencedor do Atalanta-PSG na Luz e o vencedor do Barcelona-Bayern a jogar com o vencedor do Manchester City-Lyon em Alvalade. A final da Champions está marcada para dia 23, no Estádio da Luz.

Uma vez nos estádios, estão terminantemente proibidos banhos de gelo, saunas, jacuzzis ou piscinas — “devem ser fechados ou esvaziados”, pode ler-se no documento da UEFA. As camas para massagens devem ser desinfetadas antes e depois de serem usadas e os equipamentos de fitness, para a prática de exercício também. Tanto os balneários, como os acessos aos mesmos — incluindo corredores, corrimãos e puxadores — devem ser higienizados até um dia antes de cada um dos jogos e depois selados.

Ao Observador, fonte da equipa de segurança de um dos dois estádios de Lisboa que vão acolher os jogos desta fase final da Liga dos Campeões revelou que os três balneários, bem como as salas reservadas aos delegados da UEFA, ao controlo anti-doping e às equipas médicas, foram desinfetadas esta terça-feira, “por uma empresa de limpeza acompanhada por por equipa de higiene e segurança do trabalho da Federação Portuguesa de Futebol e da UEFA”.

Desde que, na passada sexta-feira, 7 de agosto, chegaram a Portugal, revela a mesma fonte, os membros do staff da UEFA têm estado a trabalhar em proximidade com a FPF e com as equipas de segurança dos estádios da Luz e de Alvalade para garantir que o protocolo é cumprido à risca.

A PSP espera que na final possam vir mais adeptos do Madid, caso o Atlético vença

AFP via Getty Images

“Têm tudo muito bem dividido: há um responsável para os media, outro para o relvado, outro para as instalações e ainda um coordenador para toda a equipa. Isto para cada estádio; são duas equipas distintas, no limite poderá haver uma meia dúzia de pessoas que está nos dois estádios, mas não mais do que isso. No total, serão cerca de 40 pessoas, da UEFA e da FPF, que foram entretanto aglutinadas, em cada estádio, mais 26 pessoas da parte da segurança — isto sem contar com a operativa diária, que é quem controla e faz mexer o estádio todos os dias. Em dias de jogo, só em ARD [assistentes de recinto desportivo], serão 70 as pessoas a trabalhar”, contabiliza.

Apesar de não terem sido vendidos bilhetes e de os jogos serem disputados sem público nas bancadas — durante o passado fim de semana as cadeiras onde antes da pandemia se sentavam adeptos, tanto na Luz como em Alvalade, já foram cobertas com lonas alusivas ao evento —, esperam-se, além das comitivas dos clubes, das equipas de arbitragem e dos jornalistas, alguns convidados nos estádios.

Agenda da Final Eight da Liga dos Campeões

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  • 12 de agosto, Estádio da Luz: Atalanta-PSG
  • 13 de agosto, Estádio de Alvalade: RB Leipzig-Atl. Madrid
  • 14 de agosto, Estádio da Luz: Barcelona-Bayern na Luz
  • 15 de agosto, Estádio de Alvalade: Manchester City-Lyon em Alvalade.
  • 18 de agosto, meia-final no Estádio da Luz: vencedor do RB Leipzig- Atl. Madrid a defrontar o vencedor do Atalanta-PSG
  • 19 de agosto, meia final no Estádio de Alvalade: vencedor do Barcelona-Bayern a jogar com o vencedor do Manchester City-Lyon
  • 23 de agosto: a final da Champions no Estádio da Luz
  • Todos os encontros começam às 20h (a mesma hora da Liga Europa, que se encontra a fazer a sua fase final em dias separados da principal competição europeia de clubes)

“Os patrocinadores da UEFA vão ter direito a trazer alguns convidados. Na primeira reunião que tivemos, há três ou quatro semanas, na altura em que foi anunciado que a fase final ia ser em Lisboa, falaram-nos em 300 pessoas no total, mas o número está a reduzir, há muitas pessoas que não estão a querer vir, por causa da Covid”, revela a mesma fonte, que até à data garante não ter recebido qualquer informação sobre a potencial vinda a Lisboa do Rei Felipe VI, caso uma equipa espanhola vá à final. “Os convidados vão ver os jogos nos camarotes, serão duas pessoas em cada um. De resto, o estádio vai estar completamente fechado, os adeptos não terão acesso”, assegura. Também a PSP garantiu em conferência não ter conhecimento da vinda desta “alta entidade”. Depois do pai, o rei emérito Juan Carlos, há mais um “tabu” na família real sobre uma possível vinda a (ou para) Portugal.

No Estádio da Luz, que vai receber a final da prova, às 20h de 23 de agosto, um domingo, só vão estar abertas duas portas, a número 18 e a que fica junto ao complexo de piscinas, e em vez de torniquetes haverá assistentes de recinto desportivo munidos de palmtops, capazes de ler as credenciais distribuídas pela UEFA a participantes, convidados e colaboradores — apanha-bolas incluídos, cada jogo vai ter entre 4 e 6, determina o documento da UEFA, que terão de usar máscara durante todo o jogo e desinfetar as mãos antes do início e a meio da partida (tal como as bolas).

“Como é óbvio é mais difícil gerir 65 mil pessoas, mas em termos de trabalho vai ser mais cirúrgico, mais rigoroso, temos de estar muito atentos. Normalmente as pessoas têm bilhete, limitam-se a passar nos torniquetes e a entrar. Neste caso vamos ter leitores PDA para ler as credenciais, que até podem ser válidas mas não para aquele dia em concreto. Se der verde, a pessoa pode entrar, se der vermelho fica à porta. E isto aplica-se a todas as pessoas que vêm trabalhar, não é só a convidados ou equipas”, explica a mesma fonte.

À entrada nos estádios, como aliás já tem acontecido nos últimos dias, acrescenta, todas as pessoas terão ainda de submeter-se à medição da temperatura corporal. Para garantir que não há confusões e que os adeptos se mantêm mesmo à distância (e não apenas de 2 metros), as zonas comerciais da Luz e de Alvalade, bem como os respetivos museus, vão estar encerrados em dias de jogo.

Novos casos em Lisboa poderão disparar?

Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde e especialista em Saúde Pública, que colaborou com a DGS e a FPF como perito externo, para elaborar o documento que possibilitou o regresso à competição do campeonato profissional de futebol em Portugal, garante que não está preocupado com a possibilidade de um aumento do número de contágios na zona de Lisboa. “O país não está fechado, não está em regime de exceção, as restrições que existem à livre circulação, nomeadamente no espaço Schengen, são as que são conhecidas, e não acredito pessoalmente que venha um grande número de adeptos, mas temos de pensar sempre que vivemos num estado de direito e que as matérias da ordem pública têm de ser tratadas como matérias de ordem pública”, ressalva o ex-ministro ao Observador.

“Se um adepto tem uma relação afetiva e vem acompanhar a sua equipa e fica no hotel a ver o jogo pela televisão ou vem circular pela cidade e se subordina às regras de proteção da saúde pública que estão em vigor no País — que não serão muito diferentes das que estão em vigor nos seus países de origem — não vejo que isso represente nenhum problema de maior.”

De acordo com a legislação em vigor, os passageiros que cheguem a Portugal continental por via aérea provenientes dos países do espaço Schengen, a que pertencem as equipas em prova, não estão obrigados a apresentar teste negativo para o novo coronavírus — têm apenas de passar através dos sistemas de medição de temperatura corporal que avaliam um dos sintomas mais comuns da Covid-19.

“Os limites são os da ordem pública e os do respeito pela lei e, seja um adepto de futebol, seja outro cidadão qualquer, está subordinado a eles. Temos tido pontualmente em Portugal alguns episódios de incumprimento, de indisciplina, mas uma andorinha não faz a primavera e temos de analisar esta situação, que é complexa, com rigor mas também com bom senso”, defende Adalberto Campos Fernandes. “Tivemos dez jogos da Liga Portuguesa de Futebol, tivemos a Taça de Portugal, Portugal foi escolhido pela UEFA como país de destino justamente porque tem uma boa reputação em termos de organização deste tipo de eventos e também porque estava a dar sinais de ser um país que vai controlando com alguma segurança as questões relacionadas com a pandemia.”

“Os limites são os da ordem pública e os do respeito pela lei e, seja um adepto de futebol, seja outro cidadão qualquer, está subordinado a eles"
Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde

As regras de desconfinamento que começaram a ser aplicadas a 30 de abril serão revistas este 14 de agosto, muito antes da final da Champions do dia 23.  Segundo a lei que agora vigora, e depois do aumento de casos na Grande Lisboa, a Área Metropolitana continua em estado de contingência, enquanto o restante país está em estado de alerta.

Significa isto que por razões de saúde pública, e a nível nacional, até às 23h59 daquele dia, os estabelecimentos de restauração e similares podem agora receber clientes até á meia-noite, sendo a 1h00 a hora prevista para o encerramento. Bares ou estabelecimentos de bebidas sem espectáculos ou com pista de dança podem funcionar como cafés ou pastelarias, se cumpridas as regras da DGS.

Não pode ser vendido álcool a partir das 20h00 (excepto em refeições em restaurantes) nem ser consumido álcool na rua ou em espaços públicos durante todo o dia e noite.

Na Grande Lisboa os ajuntamentos permitidos não podem passar as dez pessoas e no restante país as 20.

As regras poderão ser mantidas ou aliviadas a partir de 14 de agosto. Mas as autoridades terão em conta na sua decisão não só os dados epidemiológicos, mas também a Champions e o número de pessoas que esta competição trará ao país, sobretudo à capital.

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