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Alunos do 1.º e do 2.º ciclo voltaram para casa e passam a ter ensino à distância até ao final do ano letivo (8 de julho)

AFP via Getty Images

Alunos do 1.º e do 2.º ciclo voltaram para casa e passam a ter ensino à distância até ao final do ano letivo (8 de julho)

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Alunos do Algarve já não voltam à escola. 23 respostas para perceber porque alunos de 5 concelhos foram para ensino à distância

Decisão foi harmonizada entre saúde e educação. Em Lisboa, seria mais difícil tomar decisão igual. Em Portugal, novos casos na faixa dos 0-9 cresceram 72% em quatro semanas.

    Índice

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O que é que aconteceu no Algarve?

No domingo à noite, os encarregados de educação foram avisados de que esta segunda-feira as escolas do 1.º e do 2.º ciclos de Albufeira, Faro, Loulé, Olhão e São Brás de Alportel não iriam abrir portas devido à gravidade da situação epidemiológica naqueles 5 concelhos algarvios. A medida é válida durante 12 dias — de 28 de junho a 9 de julho — e os estudantes regressam ao ensino à distância até ao final do ano letivo, que termina a 8 de julho.

Não é estranho tomar-se uma decisão destas a um domingo?

A delegada de saúde do Algarve explicou ao Observador que a decisão começou a ser tomada no sábado de manhã, face ao aumento de casos naqueles cinco concelhos, e domingo toda a burocracia estava tratada para se poder proceder ao encerramento das escolas. A partir daí, explica Ana Cristina Guerreiro, estando tudo preparado para a passagem ao ensino à distância não fazia sentido que as crianças fossem mais um dia à escola, arriscando novos contágios na comunidade educativa. “Aproveitávamos também os dois dias que já tinham estado em casa”, diz a delegada de saúde.

Aulas presenciais até ao sexto ano suspensas em cinco concelhos algarvios. Medida deve durar até ao fim do ano letivo

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E os alunos mais velhos? Também foram para casa?

Não foi necessário porque os alunos a partir do 6.º ano já terminaram o ano letivo, apesar de ele ter sido alargado este ano por causa da pandemia. Os alunos do secundário terminaram as aulas a 18 de junho e os do 3.º ciclo a 23 de junho. Só o pré-escolar, o 1.º e o 2.º ciclos do ensino básico se mantinham em atividade letiva até 8 de julho de 2021.

Fecharam as escolas todas?

Não. Todos os alunos de creches e de jardins de infância continuam a poder ir para a escola como habitualmente.

Então, por que motivo o pré-escolar ficou aberto?

Neste caso, explica a delegada de saúde do Algarve, pesou a função social destes equipamentos. “Ficam abertos porque fechá-los tem um impacto muito grande na vida das pessoas e na economia local”, argumentou Ana Cristina Guerreiro. Reconhecendo que fechar qualquer escola tem impactos sobre a família, defende que entre os mais pequenos esse choque seria maior.

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O ano letivo termina a 8 de julho e a decisão será reavaliada dia 9, sexta-feira. Ou seja, não haverá mais aulas presenciais nestes 5 concelhos

AFP via Getty Images

Se as aulas terminam a 8 de de julho, isso quer dizer que não voltam às aulas?

Ainda não é certo. O ano letivo termina a 8 de julho e a decisão será reavaliada dia 9, sexta-feira. Ou seja,  não haverá mais aulas presenciais. No entanto, as escolas mantêm-se abertas no mês de julho, mesmo durante a pausa letiva, com Atividades de Animação e Apoio à Família (AAAF) e de Componente de Apoio à Família. Só daqui a 12 dias se saberá o que vai acontecer.

Bom, se as escolas estão fechadas, pelo menos já não ficam em isolamento, não é?

Errado. Esta segunda-feira, em São Brás de Alportel, a delegada de saúde local mandou quatro turmas para isolamento. “Ensino à distância e isolamento não são a mesma coisa”, diz Ana Cristina Guerreiro, explicando que a sua colega detetou que entre aqueles alunos continuavam a surgir contágios.

Mas há assim tantos casos nas escolas algarvias?

Os números mais recentes, disponibilizados pela delegada de saúde do Algarve, mostram que havia 78 alunos  infetados e 52 turmas em isolamento, o que corresponde a um total de 1.327 alunos. “Chegámos a um ponto em que estávamos a enviar para casa 4 e 5 turmas por dia”, diz Ana Cristina Guerreiro. “Em Loulé, chegámos ao ponto de ter turmas que voltavam de isolamento e ao fim de 2, 3 dias aparecia mais um aluno contagiado e tinham de voltar para casa outra vez.”

Têm estado a aumentar os casos entre as crianças?

No Algarve, explica a delegada de saúde, os casos entre crianças têm aumentado, mas o que fez soar os alarmes foi a taxa de incidência naqueles concelhos como um todo. “Sabemos, tecnicamente, que quando a taxa de incidência é muito elevada na comunidade passa a haver surtos nas escolas. Neste momento, tínhamos quatro surtos ativos, um deles já com mais de 20 casos”, esclarece Ana Cristina Guerreiro.

A medida de encerrar as escolas tem como objetivo travar a propagação do vírus na região, explica a delegada de saúde, e não porque as escolas fossem vistas como origem de surtos, mas porque com os estudantes em casa a mobilidade das famílias diminui.

Então, não foi por causa de surtos nas escolas que decidiram passar para o ensino à distância?

Não. “A 15 de junho passámos de uma média de 26 ou 28 casos por dia para 90. Durante seis dias andámos sempre na casa dos dois dígitos e, desde então, temos estado sempre muito acima dos 100 casos diários.” Assim, detalha a delegada de saúde do Algarve, era fundamental conter a pandemia. Os dados mais recentes, de 27 de junho, dão conta de uma taxa de incidência a 14 dias de 312 casos por 100 mil habitantes na região do Algarve.

Nos concelhos afetados:

  • Albufeira — 604 casos/100 mil habitantes
  • Faro — 343 casos/100 mil habitantes
  • Loulé — 473 casos/100 mil habitantes
  • Olhão — 408 casos/100 mil habitantes
  • São Brás de Alportel — 374 casos/100 mil habitantes
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Com todos os constrangimentos que passar para o ensino à distância traz, nesta altura isso não é novidade nem para professores nem para alunos

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Os alunos que estudam em Silves vão ter de ficar em casa?

Não. A decisão tomada pela ARS do Algarve só afeta aqueles cinco concelhos. No resto do Algarve, o ano letivo decorre dentro da normalidade.

Ouvi dizer que em Lagos a situação também não está boa…

É verdade. Entre os demais concelhos, Lagos é o que mais preocupa. “É o único que se aproxima dos outros”, diz a delegada de saúde, garantindo que se a situação piorar todas as soluções para travar a pandemia serão ponderadas.

E as crianças que dependem das escolas para fazer refeições decentes?

Essa situação está assegurada. Tal como aconteceu na altura em que todos os estabelecimentos de ensino fecharam a nível nacional, também agora foram determinadas quais seriam as escolas de acolhimento nos cinco concelhos afetados. Ali, para além de poderem fazer e ir buscar refeições, podem ficar as crianças filhas de trabalhadores essenciais.

Quem é que tomou a decisão de fechar tudo?

A sugestão de encerrar as escolas partiu das autoridades de saúde locais e a delegada de saúde do Algarve concordou. “Começámos a trabalhar no sábado, a juntar os dados que fundamentassem o pedido de fecho das escolas. Falei com o meu homólogo da Educação, com a autoridade de saúde nacional e os secretários de Estado da Saúde e da Educação conversaram”, diz Ana Cristina Guerreiro. Esta harmonização entre todos é fundamental e tinha de existir, esclarece.

Covid-19. Suspensão de aulas no Algarve é “falta de respeito” pelos pais, consideram deputados do PSD

Estou a olhar para o mapa e estou a ver que esses 5 concelhos pertencem todos ao mesmo Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS). É coincidência?

Cada ARS está dividida em vários ACeS. No Algarve para além do Agrupamento de Centros de Saúde Central, onde estão integrados estes cinco concelhos, há mais dois: o do Sotavento e o do Barlavento. Não é por acaso que é aplicada a mesma medida aos concelhos vizinhos, argumenta a delegada de Saúde. “Quando tomamos estas decisões temos de olhar com muita atenção para as comunidades. Entre estes cinco concelhos há uma grande mobilidade”, defende, e, por isso, era importante estender a medida a todos, muito embora só Albufeira esteja pintada de vermelho no mapa dos concelhos da DGS, significando risco muito elevado de infeção.

Se em Lisboa e Vale do Tejo, ou na região Norte, se chegar aos mesmos números, quer dizer que as escolas fecham?

Não. Cada decisão é tomada localmente e tem em conta vários indicadores, que vão para além da taxa de incidência. A decisão da ARS do Algarve não deve ser espelhada noutros locais do país e, ao que o Observador apurou, nem em Lisboa e Vale do Tejo nem no Norte o fecho de escolas está a ser ponderado.

“A decisão que tomámos era muito mais difícil de tomar em Lisboa”, defende a delegada de saúde do Algarve, lembrando que cada região tem as suas especificidades. A densidade populacional, a distância a que as escolas ficam das zonas de habitação dos alunos ou até a comunidade migrante. Lisboa, por exemplo, lembra fonte da saúde, é uma porta de entrada, com muito maior mobilidade do que outras regiões de saúde.

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A medida afeta os alunos do 1.º e do 2.º ciclo. Os mais velhos já deram por encerrado o ano letivo

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Se na cidade de Lisboa tomassem uma decisão igual, todas as escolas da zona de um ACeS teriam de fechar?

A ARS de Lisboa e Vale do Tejo tem 15 agrupamentos de Centros de Saúde. Na zona da capital há o ACeS Lisboa Central, o Lisboa Norte, e o Lisboa Ocidental e Oeiras. As decisões de encerrar uma escola têm sido evitadas a todo o custo e a regra, da maioria dos delegados de saúde, tem sido manter turmas em isolamento, mais do que encerrar todo um estabelecimento. Para além disso, se a decisão fosse de incluir todas as escolas de um ACeS teriam de ser levados em conta vários indicadores, como no caso do Algarve, onde há muita intermobilidade entre a comunidade dos cinco concelhos afetados.

É uma decisão arbitrária?

É uma decisão tomada localmente, com base em cada situação específica. “O que pode ser bom para nós e funcionar, pode não servir outra zona do país”, diz a delegada de Saúde do Algarve.

Ouça aqui o autarca de Albufeira, José Carlos Rolo, que, em declarações à Rádio Observador, admite a necessidade da medida, mas considera injusto.

Aulas presenciais suspensas em Albufeira. Autarquia considera medida “muito injusta”

Mas os valores noutros concelhos estão lá perto ou não?

Sim. Os dados globais mais recentes da DGS são de 25 de junho, altura em que Albufeira tinha uma taxa de incidência acumulada de 494 casos por 100 mil habitantes e estava, tal como Constância, em Risco Muito Elevado. Este concelho tinha uma taxa de incidência ainda maior, de 496 casos.

Outros concelhos em risco elevado:

  • Sardoal — 454
  • Lisboa — 438
  • Grândola — 410
  • Avis — 353
  • Sesimbra — 351
  • Moita — 324
  • Odemira — 316
  • Oeiras — 291

As escolas estão prontas para isto?

Com todos os constrangimentos que passar para o ensino à distância traz, nesta altura isso não é novidade nem para professores nem para alunos. Todas as escolas do país têm de ter um plano de ensino à distância e, apesar de estarmos longe de todos os alunos terem um computador em casa, como prometeu o primeiro-ministro, há hoje muitos mais alunos com equipamento do que em março de 2020, quando rebentou a pandemia.

No Reino Unido não aconteceu uma coisa parecida, com os surtos nas escolas a aumentar?

Os números britânicos têm estado a aumentar, atribuindo-se esse crescimento à variante Delta. Na última semana, os casos no país dobraram e nas escolas a subida foi de 70%. Assim, em cima da mesa está o início da vacinação dos alunos dos 12 aos 17 anos — algo que só será decidido no final de julho. Segundo o Sunday Times, nove mil alunos tiveram testes Covid positivo na passada semana e 214 mil estavam em isolamento.

Em Portugal há alguma hipótese de ter as crianças vacinadas antes do próximo ano letivo?

É improvável, até porque essa questão não começou sequer a ser debatida. Para já, a faixa etária mais jovem com data de vacinação prevista é a dos maiores de 18 anos. A estimativa aponta para 4 de julho, segundo o coordenador da task force para o plano de vacinação, sendo previsível que a maioria esteja vacinada até final de agosto, início de setembro. “Daqui a 15 dias temos todas as faixas etárias em processo vacinação”, garantiu o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, na quarta-feira passada, no Parlamento.

E, por cá, os números nas escolas e entre os mais novos também dispararam?

O Observador fez essa pergunta tanto ao Ministério da Saúde como ao da Educação e não obteve resposta. Analisando os dados mais recentes, o que se pode ver é que nos últimos cinco dias de junho — exceção para esta segunda-feira — passou-se sempre os 100 casos diários na faixa etária dos 0 aos 9 anos.

A média de casos nesta faixa etária tem estado a aumentar de semana para semana: na que terminou a 27 de junho, domingo, a média foi de 107,7 casos por dia. Na semana anterior tinha sido de 73,8 casos e, na anterior a essa, de 48,2 casos. Há quatro semanas, a média entre 31 de maio e 6 de junho foi de 30,1 casos — um crescimento de 72% em 4 semanas.

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