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Ronaldo foi o último a juntar-se à concentração da Seleção por ter jogado a final da Taça do Rei saudita, fez apenas um jogo de preparação e bisou frente à Rep. Irlanda
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Ronaldo foi o último a juntar-se à concentração da Seleção por ter jogado a final da Taça do Rei saudita, fez apenas um jogo de preparação e bisou frente à Rep. Irlanda

Ronaldo foi o último a juntar-se à concentração da Seleção por ter jogado a final da Taça do Rei saudita, fez apenas um jogo de preparação e bisou frente à Rep. Irlanda

Mais velho, goleador, a pensar no futuro (sem Mendes), apostado em apagar Mundial: que Ronaldo é este que vai chegar ao sexto Europeu

Duas décadas depois, Ronaldo vai testar 18 meses de rebranding na Arábia Saudita numa grande prova por Portugal. Ao sexto Europeu da carreira, há seis grandes características que definem este CR7 2.0.

Chegou mais tarde ao estágio da Seleção por ser também o último a terminar os compromissos com o clube a par de Rúben Neves, falhou os dois primeiros encontros de preparação no estágio final antes do Campeonato da Europa com Finlândia e Croácia, iria somar minutos contra a Rep. Irlanda em Aveiro. Havia essa dúvida: como iria Cristiano Ronaldo apresentar-se depois da primeira temporada completa na Arábia Saudita e já com 39 anos, tendo até em conta que a última imagem que ficara do Al Nassr foi a do choro sem parar após perder nos penáltis a final da Taça do Rei (e tendo um currículo onde ganhou praticamente tudo, entre cinco Champions e cinco Bolas de Ouro)? Se dúvidas existissem, o pé esquerdo dissipou-as. Uma vez, duas vezes. O triunfo no último jogo antes da viagem para a Alemanha teve o suspeito do costume como principal figura.

O regresso do capitão e o miúdo que, quando quer, consegue devolver toda a crença (a crónica do Portugal-Rep. Irlanda)

Aos 50 golos em 4.477 minutos de 51 jogos ao serviço do Al Nassr, o capitão da Seleção juntou sete golos em 582 minutos de sete jogos por Portugal. Ainda assim, e por andar por latitudes diferentes, a forma como vai chegar a este Europeu não deixa de ser diferente. Ronaldo prepara-se para bater outro recorde, tornando-se o primeiro jogador de sempre a participar em seis fases finais do Campeonato da Europa, e está apenas a cinco golos da barreira dos 900 – um objetivo que sabe que irá atingir mas que teria outro “peso” se fosse alcançado na Alemanha. Mas há muito mais em causa, também numa ótica pessoal à luz de tudo o que se passou pouco antes e depois do Mundial de 2022, que terminou em desilusão pessoal e coletiva.

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O The Athletic tem um trabalho esta semana com o título “O que devemos esperar do homem de confiança de Portugal?”. Numa análise exaustiva que tem como ponto de partida o posicionamento menos “simpático” da Liga saudita, nomeadamente o 27.º lugar do ranking Opta de melhor liga atrás da Coreia do Sul e à frente de Israel, a publicação estuda a forma como o avançado (que deixou de ser visto numa base semanal pela maioria dos adeptos na Europa) chegou a tantos golos esta temporada, cruza a realidade com aquilo que o jogador produziu na Seleção e chega a uma conclusão. “Dois anos depois, aqui estamos. Ronaldo reafirmou-se como indispensável para o sucessor de Fernando Santos, Roberto Martínez, enquanto Gonçalo Ramos estagnou depois da transferência milionária do Benfica para o PSG. Não há uma alternativa mais credível em que se possa confiar as oportunidades que esta equipa gera. Não há ninguém melhor qualificado para poder transformar a superioridade na concretização dos objetivos”. É assim que vai chegar, sendo que há mais metas pessoais e coletivas depois de um ano e meio de segunda vida do Ronaldo jogador.

Ronaldo vai fazer a sexta fase final de um Campeonato da Europa, conseguindo com isso mais um recorde na carreira

Gualter Fatia

A vontade de limpar uma imagem que saiu mal do último Mundial (por culpa própria)

Algumas semanas antes de partir para o Mundial do Qatar, Ronaldo sabia da importância que a competição iria ter para o seu futuro e para a própria perceção da análise à sua figura perante o “plano” que acabara de montar com o jornalista Piers Morgan. Não estando em causa aquilo que foi referido, sendo que algumas das acusações feitas ao Manchester United acabaram confirmadas pelo tempo, o timing da entrevista não podia ser pior perante aquilo que eram os tempos da Seleção (a segunda passou no dia e à hora em que Portugal fazia o último teste com a Nigéria em Alvalade). Se o peso nas costas do capitão que fazia possivelmente o seu último Campeonato do Mundo já era grande, tornou-se maior e aumentou com o passar dos dias, tendo em conta que havia quase uma realidade paralela entre aquilo que era o dia de trabalho dos comandados de Fernando Santos e o que se falava sobre o futuro de Ronaldo entre a saída do United e o próximo destino.

Portugal  v Ghana -World Cup Korea Republic v Portugal: Group H - FIFA World Cup Qatar 2022

Ronaldo marcou ao Gana no primeiro jogo do Mundial, reagiu mal à substituição com a Coreia do Sul, começou no banco frente à Suíça e saiu a chorar com eliminação nos quartos diante de Marrocos

Eric Verhoeven/Soccrates/Getty Images

Quando a competição começou, e apesar do golo de penálti no triunfo com o Gana, as coisas não saíram da melhor forma para o avançado, que ficou em branco na vitória com o Uruguai e teve aquela reação negativa após ser substituído na derrota com a Coreia do Sul que lhe abriu a condição até aí inexistente de suplente utilizado numa fase a eliminar de uma grande prova. Ronaldo queria muito, pouco ou nada saía e o peso da atitude com os asiáticos reforçava a onda de críticas que tinham começado a surgir antes do início da fase final. Embora continue a considerar que existem aspetos desconhecidos que prejudicaram a imagem que ficou, o capitão da Seleção sente que tem uma resposta a dar no Europeu em que vai bater mais um recorde (presenças em fases finais, seis) e a nova era iniciada por Roberto Martínez também ajudou nesse sentido.

“A minha dedicação não mudou. Jamais viraria as costas ao meu país.” Ronaldo quebra o silêncio e nega ter ameaçado sair do Qatar

Pode um jogador a atuar no Médio Oriente voltar a ganhar o Europeu? CR7 diz “Siiiiiii”

Os milhões de adeptos que tem espalhados pelo mundo continuam a seguir a carreira de Ronaldo de forma atenta (aliás, qualquer informação que se queira obter sobre o jogador é só procurar nas inúmeras páginas de apoio ao avançado português) mas a passagem para a Arábia Saudita fez com que muitos outros perdessem um pouco o contacto com o nível que apresenta nesta fase da carreira. Quando vai à Seleção, aí, é como se nada tivesse mudado; quando regressa ao clube, não tem o mesmo peso que tinha antes do Mundial de 2022 no Qatar. O português pode discutir a Liga dos Campeões da Ásia como a Champions da Europa mas sabe que não é a mesma coisa e é nesse sentido que o Europeu de seleções surge como janela de oportunidade.

Ronaldo foi utilizado na última jornada da Liga, já com tudo decidido, para tentar bater o recorde de golos numa só edição – e conseguiu com um bis frente ao Al-Ittihad

Ao contrário do que aconteceu com a primeira Geração de Ouro do futebol português, Ronaldo já esteve em várias decisões e só não ganhou o Campeonato do Mundo. Provavelmente, e a não ser que aos 41 anos ainda vá à competição que terá lugar nos EUA, no México e no Canadá, não irá ganhar. Assim, depois da final do Europeu que ganhou em 2016 saindo lesionado ainda na primeira parte com a França e do triunfo na decisão da primeira Liga das Nações frente aos Países Baixos, esta será a última hipótese para ganhar a derradeira grande competição de seleções por Portugal na primeira época inteira feita na Arábia Saudita.

Recorde de jogos, de golos e de fases finais: Ronaldo chega aos 125 golos pela Seleção, vai ao sexto Europeu e não quer ficar por aí

O contrato milionário e a posição de embaixador não apagam o essencial: ganhar títulos

Puxemos o filme à frente para perceber como era desde início. No último encontro da temporada, a final da Taça do Rei frente ao Al Hilal de Jorge Jesus, o Al Nassr conseguiu levar a decisão para prolongamento após ter estado largos minutos com menos um, entrou nos 30 minutos do tempo extra em vantagem numérica de dez contra nove, não conseguiu evitar o desempate por grandes penalidades entre muitas pernas que já não respondiam ao que a cabeça queria e acabou por perder quando dependia apenas de si para fechar o triunfo na quinta e última tentativa. O rival de Riade fez a festa, Ronaldo ficou a chorar no meio-campo e assim se manteve quando se sentou desalentado no banco de suplentes. O avançado ganhou todas as provas de clubes com que alguns apenas sonham mas reagia como se não tivesse sequer um troféu no currículo com essa derrota que não evitou que Rúben Neves e companhia juntasse a Taça ao Campeonato e à Supertaça.

Cristiano Ronaldo is Officially Unveiled as Al Nassr Player

Ronaldo foi apresentado pelo Al Nassr na Arábia Saudita em janeiro de 2023, um mês depois do Mundial do Qatar

Getty Images

Quando se transferiu para a Arábia Saudita, num movimento que nem o próprio jornalista e amigo próximo Piers Morgan admita uns dias antes da oficialização, o capitão da Seleção foi analisado numa ótica de atleta em versão máquina de fazer dinheiro que entrava numa espécie de pré-reforma dourada e também numa outra perspetiva diferente de embaixador que desse o mote para o crescimento do futebol no Médio Oriente onde é mais tratado como um Deus do que na Europa (algo que se viu bem no Qatar). Havia outra vertente que foi quase marginalizada mas continua a imperar – a vontade de ganhar troféus. E ficar apenas com a Taça dos Campeões Árabes, prova recebida no início da temporada, é curto para as ambições que tinha. O contrato com o Al Nassr é milionário, a vontade atrair mais jogadores de topo é notória mas nem por isso Ronaldo deixa de lutar por aquilo que lhe foi construindo a carreira: ganhar títulos (também) coletivos.

O festival do fora de jogo sem golos e sem troféu: Al Hilal vence Al Nassr nos penáltis, conquista Taça e deixa Ronaldo em lágrimas

A valorização da Liga saudita para dar outro “valor” a uma temporada com 50 golos

Ronaldo continua a apontar a Liga da Arábia Saudita como futura top 3 mundial que já se encontra hoje num plano superior à Ligue 1, por exemplo. Não será bem assim mas a maior diferença entre ambas não está nas quatro equipas que lutam pelo título e são controladas pelo Fundo Soberano do país mas em todas as outras – é aí que entronca a distinção relativamente aos franceses, com vantagem para os europeus. Com um ponto importante: o avançado faz essa análise também numa perspetiva de tentar “validar” os números que atinge desde que foi para o Médio Oriente, após o Campeonato do Mundo do Qatar. Neste aspeto, com nuances à mistura, tem razão no que diz e marcar 50 golos em 51 partidas oficiais não deve ser “minimizado”.

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Ronaldo foi o melhor marcador mundial no ano civil de 2023 e marcou 50 golos em 51 jogos na presente temporada pelo Al Nassr

Khalid Alhaj/MB Media

Os principais beneficiados da presença de Ronaldo no Al Nassr são todos os companheiros de ataque ou os médios com chegada à frente. Porquê? A maioria dos adversários do conjunto de Riade têm os dois centrais quase de forma inconsciente “empoleirados” no português em qualquer cruzamento, não podendo fazer nada quando a opção recai num jogo mais direto, aposta na profundidade ou beneficia da movimentação do ‘7’ na área. Os encontros com o Al Hilal ou Al Ahli (o Al-Ittihad poderia juntar-se a este grupo mas esteve sempre demasiado fragilizado por lesões) colocaram problemas de maior dificuldade ao avançado do que os restantes mas marcar 35 golos em 31 jogos do Campeonato não deve ser um assunto secundário – e é isso que por vezes sente, com a necessidade de vir defender a competitividade da Liga também para “defender-se”.

Confirmou um recorde, bateu outro recorde: Ronaldo bisa na última jornada e torna-se o melhor marcador numa edição da Liga saudita

Os recordes que procuram Ronaldo – e como Ronaldo também (ainda) procura recordes

Uma vez, duas vezes, muitas vezes. A frase “não procuro recordes, eles é que me procuram a mim” já foi dita em várias ocasiões por Ronaldo mas também faz por isso. Um bom exemplo foi o encontro da última jornada do Campeonato, frente ao campeão de 2023, o Al-Ittihad: com o segundo lugar definido e a uma semana da final da Taça do Rei, Luís Castro optou por poupar alguns elementos como Brozovic, Otávio, Laporte ou Alex Telles mas não prescindiu do português e de Sadio Mané no ataque. CR7 viu um primeiro golo anulado, mais um golo anulado, marcou o 1-0 nos descontos da primeira parte e bisou aos 69′ num grande desvio de cabeça após canto. Festejou como se tivesse acabado de decidir uma qualquer competição mas por outras razões que estavam mais “escondidas”, saindo depois para descansar de sorriso nos lábios e contente da vida.

Além dos golos pelo Al Nassr, Ronaldo garantiu lugar de destaque entre as opções do novo selecionador, Roberto Martínez

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Com esse momento que fez então o 2-0 (o encontro terminaria com um triunfo do Al Nassr por 4-2), Ronaldo chegou aos 35 golos no Campeonato apenas em 31 jogos e bateu o recorde de Abderrazak Hamdallah como o melhor marcador da Liga saudita numa só edição. Isto no encontro em que, e isso era um dado adquirido, se tornou o primeiro jogador de sempre a tornar-se o melhor marcador de quatro ligas diferentes, neste caso em Inglaterra, Espanha, Itália e Arábia Saudita. A “fome” continua latente em quem vive há muitos anos entre a fartura de golos, algo que já se tinha visto também nos seis remates certeiros conseguidos nos últimos cinco encontros de 2023 que lhe valeram a distinção de jogador com mais golos no ano civil. Harry Kane, Erling Haaland e Kylian Mbappé estavam na luta à qual pouco ou nada ligavam, o português levou a melhor. “54, eu direi quando acabar”, escreveu após a derradeira partida antes de um mês e meio de paragem.

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A separação profissional de Mendes, uma entourage reforçada e os projetos pós-carreira

A relação profissional entre Ronaldo e Jorge Mendes foi-se deteriorando a partir do primeiro ano de regresso do avançado ao Manchester United, com especial enfoque para o segundo semestre de 2022. Razão? A falta de alternativas para continuar a jogar na Europa ao mais alto nível. Voltar a Old Trafford para deixar Itália três anos depois foi quase um “alívio” para o capitão da Seleção mas as coisas não correram bem desde início com o novo treinador Erik ten Hag e a saída ganhou força. Problema? Não apareciam opções. O empresário foi fazendo todos os contactos possíveis e imaginários para poder colocar Ronaldo em Inglaterra, Espanha, Itália ou Alemanha mas nenhuma negociação seguiu em frente. As coisas foram ficando mais tensas entre ambos, a ponto de Mendes apenas ter conhecimento da entrevista a Piers Morgan que caiu como uma bomba quando a mesma estava gravada e preparada. A separação tornou-se uma via quase inevitável.

Cristiano Ronaldo is Officially Unveiled as Al Nassr Player

Adaptação de Ronaldo num contexto familiar também foi um argumento para considerar a Arábia Saudita numa aposta ganha

Getty Images

Já foi Ricardo Regufe que assumiu a condução das negociações com os responsáveis do Al Nassr, tendo apoio de advogados na questão dos contratos. Ronaldo acreditava que era possível ainda entrar num projeto mais competitivo na Europa que lhe permitisse no limite voltar a lutar pela Liga dos Campeões. A partir de uma determinada fase, essa hipótese caiu de vez – nas ofertas (ou falta delas) e na cabeça do jogador. Assim, a opção Arábia Saudita, que já tinha chegado antes a Jorge Mendes com recusa do avançado, avançou mesmo. Um ano e meio depois, o capitão da Seleção queria ter ganho mais títulos mas está satisfeito com essa aposta, tendo em conta não só a parte desportiva e económico mas também familiar. Foi aí que foi reforçando na “sombra” a equipa com que trabalha a vários níveis (financeiro, imagem, investimentos, marcas próprias, redes sociais, etc.), tendo na calha alguns projetos com especial envergadura para o momento em que decida algo que, não estando previsto antes de 2025, se encontra mais próximo: o final da carreira.

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