Marrocos esteve 20 anos sem ir a um Mundial. Depois de França, em 1998, só conseguiu apurar-se novamente para a Rússia, em 2018, e alcançou o mesmo resultado: não passou da fase de grupos. Ainda assim, a base criada e construída para chegar a essa qualificação inédita em duas décadas serviu para carimbar um novo apuramento quatro anos depois, agora para o Qatar, e permite sonhar com a repetição do melhor resultado de sempre.
Em 1986, num Mundial do México onde a seleção marroquina conseguiu o apuramento num grupo onde Portugal foi eliminado, a geração orientada pelo brasileiro José Faria chegou aos oitavos de final e só caiu com a RFA que acabaria por ir à final — onde perdeu com a Argentina de Maradona e companhia. Em 2022, incluído num grupo complexo mas onde reina a incerteza, Marrocos sonha com uma nova aventura até aos oitavos de final.
A seleção marroquina mudou recentemente de selecionador, com o antigo internacional Walid Regragui a assumir o comando da equipa no passado mês de agosto depois da saída de Vahid Halilhodžić, que estava no cargo desde 2019 e foi despedido na sequência de diferendos com a cúpula da Federação. Regragui, que enquanto jogador passou pelo Toulouse e pelo Racing Santander, tem no Mundial do Qatar o primeiro grande desafio de uma ainda curta carreira de treinador que teve na conquista da Liga dos Campeões africana, com o Wydad AC, o seu ponto mais alto.
BI
- Ranking FIFA atual: 22.º
- Melhor ranking FIFA: 10.º (abril de 1998)
- Alcunha: Os Leões
- Presenças em fases finais: 5
- Última participação: Fase de grupos no Mundial da Rússia, em 2018
- Melhor resultado: Oitavos de final no Mundial do México, em 1986
- Qualificação: Apuramento direto através da terceira ronda da qualificação africana
- O que seria um bom resultado? Passar a fase de grupos e igualar o melhor resultado de sempre
Jogos em 2022
- CAN, 10/1: Gana (neutro), 1-0 (V)
- CAN, 14/1: Comores (neutro), 2-0 (V)
- CAN, 18/1: Gabão (neutro), 2-2 (E)
- CAN, 25/1: Malawi (neutro), 2-1 (V)
- CAN, 30/1: Egito (neutro), 2-1 (D)
- Qualificação para o Mundial, 25/3: RD Congo (fora), 1-1 (E)
- Qualificação para o Mundial, 29/3: RD Congo (casa), 4-1 (V)
- Jogo particular, 2/6: Estados Unidos (fora), 3-0 (D)
- Qualificação para a CAN, 9/6: África do Sul (casa), 2-1 (V)
- Qualificação para a CAN, 13/6: Libéria (fora), 0-2 (V)
- Jogo particular, 23/9: Chile (neutro), 0-2 (V)
- Jogo particular, 27/9: Paraguai (neutro), 0-0 (E)
- Jogo particular, 17/11: Geórgia (neutro),
O onze
- 5x1x2x2: Bono; Hakimi, Aguerd, Dari, Saïss, Yahya Attiat Allah; Amrabat; Ounahi, Amallah; Ziyech, En-Nesyri
O treinador
- Walid Regragui (marroquino, 47 anos, desde 2017)
- Outros clubes: FUS Rabat, Al-Duhail e Wydad AC
O craque
- Achraf Hakimi (24 anos, lateral do PSG)
- Outros clubes: Real Madrid, Borussia Dortmund e Inter Milão
A revelação
- Azzedine Ounahi (22 anos, médio do Angers)
- Outros clubes: Estrasburgo e Avranches
O mais internacional e o maior goleador
- Romain Saïss (65 internacionalizações) e Hakim Ziyech (17 golos)
Os 26 convocados
- Guarda-redes (3): Yassine Bono (Sevilha), Munir Elkajoui (Al-Wehda), Reda Tagnaouti (Wydad Casablanca);
- Defesas (8): Yahya Attiat Allah (Wydad Casablanca), Badr Benoun (Qatar SC), Noussair Mazraoui (Bayern Munique), Jawad El Yamiq (Valladolid), Achraf Hakimi (PSG), Nayev Aguerd (West Ham), Romain Saïss (Besiktas), Achraf Dari (Brest);
- Médios (7): Abdelhamid Sabiri (Sampdoria), Azzedine Ounahi (Angers), Sofyan Amrabat (Fiorentina), Yahya Jabrane (Wydad Casablanca), Selim Amallah (Standard Liège), Bilal Khanous (Genk), Amine Harit (Marselha);
- Avançados (8): Abderazak Hamdallah (Al-Ittihad), Zakaria Aboukhlal (Toulouse), Youssef En-Nesyri (Sevilha), Abde Ezzalzouli (Osasuna), Soufian Boufal (Angers), Walid Cheddira (Bari), Hakim Ziyech (Chelsea), Ilyas Chair (Queens Park Rangers).
O local do estágio
- Wyndham Doha West Bay, em Doha (treinos: Al Duhail SC Stadium)
A antevisão
A ligação a Portugal
Sem que Moufi, lateral direito do Portimonense, tenha sido convocado, a grande ligação marroquina a Portugal — ou, pelo menos, a jogadores e treinadores portugueses — surge através de Romain Saïss, o capitão. O experiente defesa de 32 anos, que passou a representar o Besiktas no verão, jogou no Wolverhampton de 2016 a 2022: ou seja, foi orientado por Nuno Espírito Santo e Bruno Lage e partilhou o balneário com um alargado contingente português que incluiu Rúben Neves, João Moutinho, Podence ou Diogo Jota. Saïss viveu alguns dos melhores anos da carreira no Wolves, tendo feito parte do grupo que garantiu a histórica subida do Championship para a Premier League em 2018, e chegou a ser descrito por Lage como o “Maldini marroquino”.
Oito jornadas, uma vitória, fim de linha: Bruno Lage despedido pelo Wolverhampton