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Quem atacou quem no primeiro debate a seis?

No primeiro debate a seis, Rui Rio foi quem sofreu mais ataques. Catarina Martins foi quem mais atacou, mas Costa e Cristas protagonizaram as discussões mais acesas. Jerónimo passou incólume.

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No campeonato daquele que mais animosidade suscita nos adversários quem ganhou o debate foi Rui Rio. O líder do PSD concentrou 17 ataques dos líderes partidários que participaram no debate das rádios, ficando mesmo à frente do homem que está atualmente em funções como primeiro-ministro — o cargo, mas também o facto de ir em primeiro faz deste o elemento que normalmente fica no olho do furacão (como o Observador verificou no debate alargado das Europeias). Não foi assim desta vez e quem mais atacou o líder do PSD foi Catarina Martins, aliás a líder do Bloco de Esquerda foi quem mais jogou ao ataque neste debate: disparou 19 vezes e em direção a todos, exceto Jerónimo de Sousa (a verdade é que ninguém atirou ao líder comunista). Mas foram António Costa e Assunção Cristas que protagonizaram os momentos de maior tensão.

Os líderes partidários aproveitaram para vincar adversários neste debate e deixar a salvo antigas (e futuras) parelhas: António Costa fez zero ataques aos parceiros dos últimos quatro anos e também ao PAN, concentrou-se em Rio e Cristas. Mas também houve tentativas de meter a mão em votos alheios, o que explica a insistência de Catarina Martins junto do líder do PAN André Silva, foi quem mais interpelou a seguir ao Rio — que politicamente está nos seus antípodas. Depois há Assunção Cristas, que a seguir a António Costa foi quem mais atacou foi Rui Rio. Os dois dados em conjunto mostram a intenção clara da presidente do CDS em colocar-se no lugar de Rio como líder da oposição. Já Jerónimo de Sousa saiu do debate como entrou: não sofreu nem uma carga.

Costa “não resiste” a apartes de Cristas. E não toca nos parceiros (e no PAN)

Ataques a Rui Rio: 4
Ataques a Assunção Cristas: 5
Ataques a Catarina Martins: 0
Ataques a Jerónimo de Sousa: 0
Ataques a André Silva: 0

Os principais alvos de António Costa foram, sem surpresa, os representantes dos partidos de direita — sobretudo Assunção Cristas. Não houve uma única crítica dirigida pelo socialista aos parceiros parlamentares e ao PAN. PSD e CDS foram, assim, alvos únicos dos ataques do líder socialista que mal interveio pela primeira vez, quando se debatia o tema da Segurança Social, foi para dizer que a primeira coisa que o seu Governo fez foi “recusar o corte de 600 milhões do PSD/CDS e devolver todos os cortes de pensões que tinham sido feitos” pelo mesmo Governo. Aqui foi logo duplo golpe aos candidatos que se sentavam à sua esquerda, mas que no hemiciclo estão à direita do PS.

Depois, o primeiro-ministro e recandidato nestas legislativas continuou com as medidas que garantiu terem contribuído para alargar a sustentabilidade da Segurança Social. E só voltou a um ataque depois de Rui Rio falar da reforma do sistema político e da necessidade de reduzir o número de deputados. “As reformas não se discutem em abastracto mas em concreto. Se a reforma do sistema político é reduzir o número de deputados eu não vou alimentar essa discussão”, disse colocando de parte qualquer acordo com o social-democrata neste ponto concreto. E atirou-lhe mesmo uma acusação de impreparação sobre o tema: “Não podemos tratar de temas institucionais como se estivéssemos em conversa de café”.

O tema concentrou boa parte do debate e serviu a Costa também para provocar Assunção Cristas (e pelo caminho também Rui Rio) quando disse que a redução de número de deputados vem do tempo do cavaquismo e “tinha por intenção eliminar o CDS”. Virou-se para Rui Rio: “Vejo que já não quer o CDS apenas com quatro deputados e creio que até vai dar uns votinhos ao CDS para o CDS ter mais deputados”.

A Rui Rio já só voltou a desafiar mais diretamente durante uma intervenção de Cristas que apontava ao dedo ao PS na interferência no Ministério Público, dizendo que isso era o que mais afastava CDS e PS. “Afastar do PS? Afasta muito do PSD, do PS não afasta nada”, soltou Costa para sacudir responsabilidades na matéria.

Mas a tensão maior foi mesmo com Assunção Cristas e precisamente quando se debateram propostas de combate à corrupção. Costa começou por dizer que o que o CDS propõe sobre o estatuto do arrependido já existe. “A generalidade das coisas que se passa o tempo a dizer que são necessárias já existem”, disse o socialista enquanto Cristas se defendia questionado: “Mas é sempre possível ser melhorado, ou não?”. “Sim, como tudo”, respondeu secamente Costa.

O próprio chegou a assumir “não resistir aos apartes de Assunção Cristas”, quando quis falar para reclamar para si os louros das reformas que existiram na Polícia Judiciária. Nesta altura, a líder do CDS insistia na falta de meios da polícia responsável pela investigação criminal e como isso, nos últimos quatro anos, “pôs em causa o Estado de direito democrático”. E Costa respondeu: “Todos falamos muito na PJ, mas as alterações a leis orgânicas da PJ fiz eu quando era ministro da Justiça e fiz agora uma nova quando era primeiro-ministro”. Pelo meio, Cristas tentou puxar para o Governo de que fez parte a responsabilidade pela obra da nova sede da PJ, mas nem aí António Costa largou o louro: “Está enganada. Não fui eu, mas foi outro Costa, Alberto Costa”, também ex-ministro da Justiça do PS que “iniciou essa obra”.

Mas se Costa não se deixou ficar, Cristas foi pelo mesmo caminho, dizendo que “só no último ano e que lhes [à PJ] deu alguma coisa e ainda assim não foi tudo”. E já com o debate a passar para outro tema deixou cair: “António Costa lá saberá porque não lhes deu meios durante quatro anos”.

Aqui, o socialista subiu o tom: “Desculpe lá, tem alguma coisa concreta a acusar? É que insinuações nesta matéria não posso admitir”. “Não, não”, respondeu Cristas mantendo a crítica de de “inação durante quatro anos” do Governo PS quanto aos meios da polícia de investigação. Já com as vozes sobrepostas — e com Catarina Martins no meio a querer a palavra apesar do “imenso prazer em assistir ao debate entre António Costas e Assunção cristas” —, Costa ainda quis “garantir” uma coisa a Cristas: “O que faltava no início desta legislatura foi o que o seu Governo tinha deixado por fazer”. No entanto, a líder do CDS não deixou cair o ataque e Costa acabou a rematar, já visivelmente irritado: “Nessa matéria, bem sei que é professora, mas não me dá lições”. Já de mão no ar e a rematar enconstando-se na cadeira.

Rui Rio contra “todos”: os políticos, o Ministério Público e os jornais

Ataques a António Costa: 3
Ataques a Assunção Cristas: 2
Ataques a Catarina Martins: 1
Ataques a Jerónimo de Sousa: 0
Ataques a André Silva: 0

Se até aqui, a pré-campanha parecia estar a ser jogada entre António Costa e Catarina Martins — na lógica de um tentar tirar a maioria absoluta ao outro —, agora parece que Rui Rio também quer mostrar que também ele está no jogo para ir ao centro tirar votos ao PS (mas sem tocar no tabu ‘maioria absoluta’). Procurando manter-se mais fiel à defesa das propostas do PSD, e às suas próprias convicções, do que propriamente ao ataque às ideias dos outros, o líder do PSD foi mais eficaz quando procurou puxar dos seus galões para se distanciar de todos os outros “políticos”, ou para atacar a ineficácia do Ministério Público, ou até para sugerir que os jornais devam ser penalizados quando publicarem informações que violem o segredo de justiça. Com ideias mais ou menos vagas, mais ou menos concretas, foi, de resto, nos apartes que Rio mais atirou aflinetadas aos adversários, às vezes até em jeito de piada.

Foi o que fez quando Catarina Martins enumerava a quantidade de ex-governantes do PS e PSD que agora “circulam” pelas grandes empresas como a EDP, a Galp, a PT ou pelos bancos como o BES, BCP ou BPN. Rui Rio atirou outros nomes como o de “Manuel Pinho e outros”, para completar a enumeração e dar força à ideia de que, no PS, há promiscuidade entre o poder político e os interesses económicos. Onde não há essa promiscuidade, sublinhou Rio, é nele próprio: nisso podem todos ficar descansados. Esta foi uma das questões que levou o líder do PSD a levantar mais a voz, respondendo assim ao ataque de Catarina Martins: “Se há coisa com que eu não estou feito é com os interesses instalados, se há coisa de que me atacam é de afrontar os poderes instalados, mas comigo podem estar completamente seguros”.

O mesmo aconteceu quando Rio atacou o Ministério Público. A conversa ia acesa entre António Costa e Assunção Cristas, com a líder do CDS a afirmar que uma das condições para garantir o combate à corrupção era “o Ministério Público não ter interferências por parte do poder político”. A boca era para o PS, e Costa não se ficou: “Não deve estar a falar do PS, mas do PSD”. “Isso é que é difícil de acreditar!”, ripostaria Rui Rio. Mas no que à justiça e à (in)eficácia do Ministério Público diz respeito, Rio fez questão de ressalvar que a responsabilidade maior não é sequer dos partidos. Foi aqui que aproveitou, mais uma vez, para dizer o que pensa, sem tibiezas. E o que pensa é que o combate à corrupção faz-se, em parte, garantindo que os julgamentos se fazem nos tribunais e não “nas tabacarias”, e isso passa por dar os instrumentos necessários ao MP, à PJ e à PGR, mas depois “eles têm de fazer o trabalho”. O problema, para Rio, é que não fazem o seu trabalho — e foi isso que se viu nos “grandes casos de corrupção”, como o caso de Sócrates, BES ou Berardo, que tiveram “eficácia zero”. Antevendo que, ao dizer isto, todos os outros partidos iam cair em cima dele, Rio piscou o olho aos eleitores “lá de casa”: “Podem-me atacar, mas tenho a certeza que lá em casa as pessoas percebem o que quero dizer”.

No fundo, Rui Rio mostrou neste debate que não vai largar aquilo que entende que é o seu trunfo: dizer o que pensa, mesmo que isso seja ‘politicamente incorreto’. A estratégia repetiu-se com o tema da reforma do sistema político. Essa é uma das bandeiras pessoais de Rui Rio, e quando Assunção Cristas e António Costa disseram que isso não era prioritário para os problemas do país, e não passava de “conversa de café”, Rio falou mais alto para dizer que combater o descrédito que as pessoas sentem face à política é uma das causas que o move, e foi isso que o fez entrar para a política há muitos anos, quando “os valores estavam todos abandalhados”. “Convivo mal com este afastamento completo entre os eleitores e os eleitos, porque a democracia não convive com este afastamento. Se as propostas que tenho são as melhores ou não, não sei, mas eu iniciei-me na política quando os valores estavam abandalhados e é isso que me move”, disse, em jeito de murro na mesa. Pelo meio até lembrou que o CDS era o partido do táxi, com apenas quatro deputados, quando chegou à Assembleia da República, para dizer que não deve ser por isso que não se deve ter coragem de mexer no número de deputados: “230 é demais”. Rio a ser Rio e a querer que isso se traduza em votos “lá em casa”.

Catarina Martins dispara contra a direita, mas trazia uma seta envenenada para o PAN

Ataques Rui Rio: 8
André Silva – 5
António Costa: 4
Assunção Cristas: 2
Jerónimo de Sousa: 0

Não podia ser o Bloco de Esquerda se o maior número de ataques não estivesse reservado à direita. E Catarina Martins tinha várias balas para disparar, em especial contra Rui Rio. A mais mortífera de todas foi quando acusou o líder do PSD de estar a pôr em causa os fundamentos da democracia, numa crítica à proposta de Rio de criminalizar a publicação de notícias sobre assuntos em segredo de justiça: ““A liberdade de imprensa é muito importante e não se deve perseguir jornalistas para combater falhas do MP”, disse.

Foi apenas um dos oito ataques dirigidos ao líder do PSD, um partido que Catarina Martins juntou ao PS (e em certa medida ao CDS também) para repetir as mesmas acusações de “promiscuidade”, de estarem “cooptados pelo poder económico” e de não resistirem tão bem “à pressão dos lobis”. E voltou a lembrar o número de governantes do PS e do PSD que foram diretamente do Governo para empresas do setor que tutelaram.

A estratégia que Catarina Martins trazia preparada só poupou Jerónimo de Sousa. E para além de Rui Rio, tinha outro alvo em mente: André Silva. Cinco ataques diretos, com veneno na ponta. Disparou a primeira seta quando André Silva defendeu um teto máximo de 5200 euros para as pensões públicas. A líder do BE denunciou “ideias perigosas” e colou-o à direita: “O PAN vem com uma ideia que parece simpática mas não é: não há plafonamento no pagamento se não o houver na contribuição. Essa é uma velha ideia da direita, que é muito perigosa”.

Ao longo do debate foi chamando o líder do PAN para o ringue, usou do tema da violência contra as mulheres (uma área onde o PAN se chamuscou recentemente) e acusou-o de defender a delação premiada, “uma proposta que serve para destruir democracias”.

Pelas nossas contas, foram 19 ataques nas cerca de duas horas de debate.

Cristas atacou mais o “primeiro” para não ficar em último

Ataques a António Costa: 4
Ataques a Rui Rio: 3
Ataques a André Silva: 2
Ataques a Catarina Martins: 1
Ataques a Jerónimo de Sousa:0

Assunção Cristas aprendeu com os debates  — os quinzenais e os mais recentes na televisão — que quanto mais afronta António Costa, mais galvaniza o seu eleitorado. Sem surpresa, o primeiro-ministro e candidato do PS foi o principal visado pela líder centrista. O primeiro desses ataques veio quando António Costa estava a dizer que a confiança dos políticos, segundo dados do Eurostat, subiu em Portugal e defendeu que isso acontece porque o governo “prometeu o que cumpriu”. Cristas atacou com um farpa direta: “Prometeu reduzir a carga fiscal em 2016 e não o fez. Não cumpriu e agravou ainda mais”. Aí, ficou sem resposta. O mesmo já não aconteceria mais à frente.

Quando se discutia a falta de meios de investigação na Polícia Judiciária e o Ministério Público a discussão azedou entre Cristas e Costa. A líder centrista começou por dizer que ficou “surpreendida por ver António Costa candidato a defender aquilo que António Costa primeiro-ministro não fez durante estes quatro anos, em que ouvimos críticas da própria Polícia Judiciária, a dizer que estava em causa o próprio Estado de direito democrático tal era exiguidade de meios”.

Costa interrompeu Cristas de imediato: “Mas desculpe lá: quem fez a nova lei orgânica? Foi este governo ou foi o seu?” Cristas ripostou: “Deixe-me terminar”. Mas o candidato do PS já ia embalado: “Quem fez os estatutos profissionais? Foi este governo, não foi o seu”. A presidente do CDS pegou na deixa de Costa para dizer que os novos meios pecam por tardios, acusando o primeiro-ministro de demorar “quatro anos até fazer alguma coisa: só nos últimos meses, escassíssimos meses, antes do verão, é que permitiu contratação de novos inspetores e, portanto, teve quatro anos sem meios para a PJ e para o MP”.

O socialista recuperou então os tempos do passismo e questionou Cristas novamente: “Diga lá que meios é que foram dados pelo seu governo?” A antiga ministra do governo de Passos Coelho garantiu que foram “bem mais do que agora, que agora estavam muito pior”. Costa, já visivelmente irritado, concluiu: “Não é verdade.”

Ainda sobre o combate à corrupção, Assunção Cristas acabaria por desencadear uma sucessão de ataques ao sugerir uma influência socialista no sistema de justiça: “Há um ponto muito importante que nos afasta do Partido Socialista. Nós achamos que um ponto muito importante é garantir que o Ministério Público não tem interferências por parte do poder político.” Costa aproveitou a deixa para atacar Rio, que no debate anterior tinha acusado de ter uma obsessão pelo MP: “Do PS não. Afasta muito do PSD, do PS não afasta nada”. O líder do PSD protestou entre sorrisos: “Isso é que é difícil de acreditar [que o PS não interfere no MP]“. Foi um ataque em cadeia: Cristas atacou Costa, que atacou Rio, que voltou a atacar Costa. Até ao fim do debate, Cristas acusaria ainda o PS de ter perdido quatro anos em matéria de regulamentação do lóbi.

Com a exceção de Costa, Cristas centrou-se em atacar quem disputa mais eleitorado: Rui Rio. Isto apesar de serem ataques mais ténues. O primeiro desses ataques foi quando Rui Rio abordou a proposta do PSD de avançar com o trabalho parcial nos anos que antecedem a reforma. A líder centrista lembrou que “o CDS já apresentou essa proposta no Parlamento e foi chumbada”. A líder do CDS visou depois o seu “aliado natural”, ao dizer que discutir o sistema político — uma das bandeiras do programa do PSD — é estar com “o foco errado“. Para Cristas “há mais vida para além do sistema eleitoral” e é por isso que a reforma do sistema político nem sequer está no programa eleitoral centrista. Numa indireta a PS e PSD, Cristas diz que “percebe que bancadas com mais de 80 deputados, se sintam afastados do eleitorado, mas que não é isso que acontece no CDS, que tem 18 que são todos conhecidos nos seus círculos”.

Embalada pelo último debate com André Silva, Assunção Cristas também atacou o PAN. Desde logo, Assunção Cristas diz que “os tribunais especializados que o PAN propõe” são próprios de “regimes ditatoriais e não de democracia“. Além disso, na questão do estatuto do arrependido — despenalização para que denunciar — Cristas diz que o PAN quer, ao contrário do CDS, despenalizar quem “cometeu crimes”.

Para Catarina Martins também sobraria um ataque, que foi mais um contra-ataque. A líder bloquista falava da promiscuidade entre o poder político e económico e a saída de ministros para cargos de gestão em grandes empresas. E falou de Celeste Cardona. Cristas tinha a reposta na ponta da língua: “Quero lembrar a Catarina Martins, que CDS ficou isolado numa posição em relação ao financiamento dos partidos, que depois até teve o veto do Presidente da República, e sentimo-nos reconfortados nessa matéria, mas o Bloco de Esquerda não estava lá nesse momento“. A líder centrista lembrava o caso em os principais partidos, à exceção do CDS, se uniram para mudar a lei do financiamento dos partidos. Cristas disparou contra todos, menos contra Jerónimo de Sousa.

Jerónimo de Sousa falou pouco e aparentemente não incomodou nenhum dos opositores

Ataques a Rui Rio: 2
Ataques a António Costa: 2
Ataques a Assunção Cristas: 0
Ataques a Catarina Martins: 0
Ataques a André Silva: 0

Foram quase duas horas, mas para Jerónimo de Sousa podiam ter sido o dobro ou o triplo, já que falou pouco tempo e escapou ileso aos ataques, mas não se pode dizer que isso aconteceu propriamente porque todos concordam com as propostas e políticas da CDU, antes porque Jerónimo de Sousa esteve bastante apagado no debate a seis.

O secretário-geral do PCP ainda atacou quatro vezes, mas nem na resposta António Costa ou Rui Rio — os alvos — contra-atacaram. Nas últimas semanas, a CDU tem repetido o argumento que o voto no partido “é mais que válido” para impedir a maioria absoluta do PS, mas a verdade é que ninguém esteve muito empenhado em atacar Jerónimo de Sousa, será que já afastaram totalmente a CDU das contas pela maioria absoluta?

Jerónimo até distribuiu os ataques em partes iguais: dois a António Costa e dois a Rui Rio, e só atacou três vezes. Um dos ataques de Jerónimo foi dirigido a Costa e Rio, quando afirmou que ficava “inquieto com os objetivos dos que pretendem mexer no quadro jurídico-constitucional” referindo-se à discussão sobre a redução do número de deputados na Assembleia da República.

O outro ataque, e primeiro, teve como alvo Rui Rio, quando o secretário-gerla do PCP acusou o PSD de querer criar uma “Segurança Social para pobrezinhos”, equilibrando depois com o ataque duplo sobre as alterações ao quadro jurídico-constitucional e deixando para António Costa a última crítica, embora com um laivo de elogio antes, sobre a criação de uma comissão de vencimentos — que o PS pretende que aconteça ao longo de três legislaturas — “registo o grande fôlego da proposta, mas lá para o dia de São Nunca à tarde teremos resultados” atirou Jerónimo.

Sem grandes surpresas, Jerónimo de Sousa não trouxe muita inovação, falou pouco, e manteve-se fiel ao argumentário típico do partido, erguendo aquela que é uma das bandeiras, a valorização dos salários que os portugueses tanto ambicionam. Por duas vezes Jerónimo aproveitou os temas que estavam a ser debatidos para os reduzir a essa prioridade: aumentar os salários em Portugal. Ao longo do debate Jerónimo ainda conseguiu o consenso dos restantes líderes em dois momentos: primeiro, quando numa tentativa de trazer alguma coisa nova, revelou que o partido tem por objetivo para a próxima legislatura reduzir o número de assinaturas necessárias para levar ao Parlamento uma iniciativa legislativa dos cidadãos, e depois quando recordou os tempos antes do 25 de abril e assumiu “resistência em aceitar o recurso” à delação premiada.

Se excluirmos a ronda de questões rápidas feitas no final do debate, Jerónimo de Sousa falou em cinco momentos e, quando no final do debate a jornalista disse que o secretário-geral do PCP tinha ficado “prejudicado no tempo”, Jerónimo limitou-se a responder “é o costume” arrancando uma gargalhada dos restantes.

André Silva, PAN. Num debate sem ambiente, o PAN agarrou-se ao programa

Ataques a Rui Rio: 1
Ataques a António Costa: 1
Ataques a Assunção Cristas: 1
Ataques a Catarina Martins: 0
Ataques a Jerónimo de Sousa: 0

Foi a primeira vez que André Silva mergulhou num debate a seis e em caso de necessidade tinha o programa pronto para o socorrer. Foi bastante atacado por Catarina Martins, de quem recebeu cinco interpelações, mas nem por uma vez respondeu, preferindo ler propostas do programa quando questionado sobre os temas em debate. Mesmo depois da insistência dos jornalistas para que respondesse às questões já que o objetivo não era ler programas durante o debate.

Atacou por duas vezes, um dos ataques, 2 em 1, foi dirigido a Assunção Cristas e António Costa e o outro a Rui Rio. Na realidade, até o ataque a Rui Rio saiu um pouco ao lado, já que Rio contra-atacou a contrariar aquilo que André Silva estava a dizer. André Silva afirmou que não concordava que o PSD quisesse valorizar a abstenção com cadeiras vazias no Parlamento, e Rio respondeu que a proposta não era essa.

O outro ataque, que seguiu direto a Assunção Cristas e António Costa, foi bem mais certeiro. O PAN defende redução de 22 para 9 círculos eleitorais e nem para PS, nem para CDS, essa é uma prioridade o que levou o dirigente do PAN a afirmar que os “500 mil votos que não contaram para eleger deputados em 2015” eram uma prioridade para o partido ainda que não fossem “para outros”.

André Silva teve oportunidade para responder aos ataques, mas optou por não o fazer, usando o tempo disponível para enumerar algumas das propostas do partido para as áreas em debate. Já os ataques que sofreu de Assunção Cristas foram claros e uma tentativa de colar o PAN “a regimes ditatoriais e não de democracia”, na proposta do partido para a criação de tribunais especializados, e André Silva não aproveitou um único momento para responder claramente à líder do CDS, deixando passar uma oportunidade para se posicionar.

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