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VCG via Getty Images

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Se houver extraterrestres, terão o seu próprio Jesus? O padre-cientista que está a ajudar a NASA com esta e outras perguntas difíceis

Entrevista a Andrew Davison, o professor de teologia em Cambridge que trabalhou num projeto financiado pela NASA para estudar o impacto da descoberta de vida extraterrestre na espiritualidade humana.

Imagine por um momento que a humanidade conseguiu, finalmente, dar resposta a uma das perguntas fundamentais da existência: os cientistas descobriram sinais de vida num planeta distante da Terra. Não estamos sozinhos no Universo infinito; há vida noutros lugares. Não sabemos que tipo de vida, se é inteligente ou não, se é sequer comparável ao que conhecemos na Terra ou se alguma vez conseguiremos comunicar com essas formas de vida. Sabemos apenas que existe. De que modo uma descoberta dessa amplitude abalaria as crenças e religiões da Terra?

Olhemos, por exemplo, para o Cristianismo: a ideia do Deus criador continuaria a fazer sentido? E a ideia da humanidade feita à imagem de Deus? A vida descoberta noutros planetas seria também obra da vontade Deus — e também feita à imagem do criador divino? Faria sentido continuar a colocar a humanidade no centro da criação? E como passaríamos a interpretar a teologia cristã? Jesus Cristo teria sido um acontecimento único (o que significaria que, de todo o Universo, Deus tinha escolhido precisamente a Terra para enviar o seu filho redentor dos pecados da humanidade)? Ou, pelo contrário, a teologia cristã é compatível com a ideia de Deus enviar um filho para diversos planetas, assumindo diversas naturezas e formas de vida? Na prática, outros planetas poderiam ter o seu próprio “Jesus”? E, no meio de tudo isto, onde ficariam os valores centrais que orientam a religião? O “bem” e o “mal” seriam valores literalmente universais, extensíveis e compreensíveis por uma eventual civilização extraterrestre?

Há razões para nos sentirmos assoberbados com estas questões sem resposta. Para os crentes, são perguntas com potencial até para ameaçar os fundamentos da fé.

É, porém, justamente a estas perguntas difíceis que se dedica o padre inglês Andrew Davison, teólogo anglicano, professor de teologia sistemática na Universidade de Cambridge e doutor em bioquímica pela Universidade de Oxford. Em dezembro, Andrew Davison foi destaque na imprensa internacional, onde foi descrito como o padre que está a ajudar a NASA a entender como os mistérios do Universo poderão repercutir-se nos mistérios da espiritualidade humana. O sacerdote passou vários anos no Centro de Investigação Teológica, em Princeton, nos Estados Unidos, envolvido num projeto financiado pela NASA com o objetivo de perceber os impactos societais da eventual descoberta de vida noutros planetas do Universo. Durante a investigação, Davison preparou um tratado de teologia sistemática e procurou testar os fundamentos da fé cristã à luz da possibilidade de descoberta de vida extraterrestre. A investigação deu origem a um livro, Astrobiology and Christian Doctrine, que será publicado no Reino Unido ainda este ano.

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Numa entrevista ao Observador a partir de Cambridge, Davison discutiu as conclusões do seu trabalho e mostrou-se inclinado a acreditar na possibilidade das encarnações múltiplas: se houver vida noutros planetas (e o mais provável é que exista), a doutrina cristã mostra que, em princípio, também nesses planetas deverá ter havido uma materialização de Deus. Uma materialização muito diferente da que conhecemos na Terra, que daria origem a uma vivência religiosa totalmente distinta. Mas com um aspeto em comum: os valores da lei natural, da virtude, da justiça, da verdade e da bondade, por serem essenciais ao sucesso de qualquer civilização, teriam necessariamente de ser (literalmente) universais.

O padre anglicano Andrew Davison, teólogo e bioquímico, dedica-se ao estudo das implicações humanas da descoberta de vida noutros planetas

A teologia cristã diz-nos que Deus é o criador, ou, pelo menos, a vontade criadora, do Céu e da Terra. Se bem percebo, o objetivo da investigação do Andrew é perceber se o Cristianismo estaria pronto a aceitar a possibilidade de Deus ter criado também outros céus, outras terras e outras vidas. É isso?
Tem sido esse o grande projeto de investigação, que começou quando eu estava em Princeton, há cerca de cinco anos, e que culminou agora com o livro que já submeti à editora. Posso falar-lhe um pouco do meu trabalho na teologia e na ciência. Eu comecei como químico, lia sobre química aos 18 anos e fiz um doutoramento em Oxford em bioquímica. Depois, comecei a estudar para ser ordenado padre em Cambridge. Pensei até que tinha desistido da ciência, a não ser a um nível pessoal, quando fui ordenado e trabalhei numa paróquia de Londres.

Já era um cientista quando sentiu o chamamento, a vocação.
Exatamente. Aquilo em que eu era verdadeiramente bom na escola era a ciência, estudei ciência durante sete anos na universidade. Mas acabei a ensinar Teologia em Oxford, em Cambridge e em seminários. E depois surgiu este emprego em Cambridge: Teologia e Ciências Naturais. Não há muitos destes no país e é uma história extraordinária. Há trinta anos, uma romancista chamada Susan Howatch, que escreveu vários livros muito populares nos anos 70 e 80, financiou uma cátedra em Teologia e Ciências Naturais em Cambridge, porque tinha muito interesse pessoal pelo assunto e pensava que muito trabalho importante se enquadraria nessa área. Curiosamente, em vez de batizar a cátedra em seu nome, batizou-a com o nome da cidade fictícia em que se passam os seus romances, que lhe deram todo o dinheiro que ela deu à universidade. Por isso, o meu título é o de Professor Associado Starbridge de Teologia e Ciências Naturais, porque Starbridge é o nome da cidade fictícia. Por isso, a menos que haja uma cátedra Nárnia algures, creio que sou a única pessoa no mundo que tem um cargo batizado com o nome de um lugar imaginário.

Curioso…
Para mim, não é uma prioridade envolver-me em questões de segundo grau como “pode sequer haver um diálogo entre a teologia e a ciência?” ou “o Cristianismo é ameaçado pela ciência?” São perguntas sobre as quais se falava muito há algumas décadas, mas quero mostrar que não há um conflito fazendo-o. Porque também não acho que exista a ciência no geral. Há coisas particulares que a ciência nos mostra. A minha ênfase está sempre em dar atenção a aspetos particulares da ciência que são teologicamente interessantes. Vejo a minha vocação, especificamente, como tendo de atender à ciência contemporânea. Quando os teólogos pensam sobre ciência, e muitos fazem-no, há o perigo de estarem algumas décadas atrás. Um ótimo exemplo é a evolução. Ninguém disputa a veracidade da teoria da evolução — pelo menos eu não o faço.

Bom, há alguns entre os cristãos mais tradicionalistas.
Há alguns. Mas o que quero dizer é que, embora a teoria da evolução não tenha sido derrubada, tornou-se tão mais interessante nas últimas décadas. Há novas formas de hereditariedade, pensamos que as coisas não estão simplesmente adaptadas aos seus ambientes, mas adaptam-nos ativamente. Há quatro ou cinco modos muito interessantes como a teoria da evolução se está a desenvolver. Mas não o saberíamos se só olhássemos para esta outra literatura teológica, se discutíssemos com Richard Dawkins, ou outras coisas de meados do século XX. Genericamente, pretendo pegar em aspetos específicos da ciência e pensar sobre as suas implicações na teologia — e, frequentemente, tentar medir o pulso, ser um mediador para os meus colegas teólogos, por ter a vantagem de ter estudado ciência.

Não vê o interesse em discutir sobre o conflito entre a ciência e a religião, a teologia e a fé?
Não enquanto grande questão abstrata. Particularmente, os historiadores das últimas décadas, pessoas como Peter Harrison ou John Hedley Brooke, fizeram um trabalho fantástico para nos mostrar que esta teoria do conflito é um mito.

Ciência vs. Deus. Um cientista e um padre entram num bar…

É possível, portanto, a coexistência a ideia de Deus enquanto criador e a ciência que hoje conhecemos?
Bom, foi isso que aconteceu ao longo da história. Muitos dos grandes cientistas do mundo foram pessoas profundamente devotas. Na verdade, só no século XIX é que começámos a ter cientistas como uma profissão autónoma. Antes, a maioria deles tinha ligações à Igreja e muitos eram padres.

O padre Georges Lemaitre, por exemplo, que propôs a teoria do Big Bang.
Lemaitre, exatamente. [Nicolau] Copérnico [que propôs o heliocentrismo] era cónego. Um dos fundadores da Academia Real de Inglaterra era bispo. Newton escreveu mais sobre questões teológicas do que sobre física — mas ele era um pouco ariano, não era um grande teólogo do ponto de vista do Cristianismo ortodoxo, mas era profundamente interessado. James Clerk Maxwell, um dos maiores cientistas da história mundial… Isto não prova que a teologia está certa, mas a história mostra que a tese do conflito é um mito. Tem havido algum trabalho muito interessante na biologia que nos mostra que a competição não é a única dinâmica. Que há também muita cooperação. Estou a pensar, especificamente, na cooperação entre espécies diferentes. Creio que isso levanta questões muito interessantes. Ou outros aspetos, como o microbioma — o que é que significa, para nós, sermos compostos por mais do que um tipo de células? Há cerca de cinco ou seis anos, comecei a falar sobre astrobiologia. Era, para mim, um assunto muito cativante, pensei que os meus alunos iriam gostar.

Enquanto jovem estudante de ciências, já acreditava na vida noutros planetas? Era algo em que pensava? Ou nem por isso?
Penso que o que verdadeiramente colocou isto no mapa foi o que aconteceu em 1995. Nesse ano, foram descobertos os primeiros planetas a orbitar outras estrelas — na verdade, o meu colega que é o grande nome por trás do novo Centro Leverhulme para a Vida no Universo em Cambridge, Didier Queloz, ganhou o Prémio Nobel por essa descoberta. Até descobrirmos planetas a orbitar outras estrelas, não era completamente óbvio que haveria vida. Havia duas teorias rivais sobre a origem dos planetas. Uma delas, a teoria das colisões, significaria que os planetas eram incrivelmente raros. A outra, a hipótese nebular, torná-los-ia muito comuns. Antes, achávamos que eles eram muito raros. No século XX, a hipótese nebular começou a ganhar terreno. Mas mesmo as pessoas que achavam que haveria outros planetas foram surpreendidas por eles serem tão omnipresentes. Na verdade, só a partir do século XXI é que começámos a ter os dados. Provavelmente há 1016 planetas como a Terra a orbitar estrelas como o Sol no Universo observável. Foi isto que me fez mudar de ideias. O facto de haver tantos lugares onde poderá existir vida. Claramente, não é impossível que aconteça. E, claro, o outro grande momento é hoje, com o telescópio espacial James Webb, que foi lançado no dia de Natal. Isto vai permitir-nos analisar as atmosferas dos planetas que orbitam outros planetas de uma maneira que antes não imaginávamos. E isso vai ser uma ótima forma de procurar os sinais da existência de vida. É por isso que estamos tão entusiasmados por fazer este trabalho agora.

O cientista a quem o prémio tinha escapado e o laureado que ensinou os astrofísicos portugueses. Quem são os vencedores do Nobel da Física?

Como é que se envolveu no projeto?
No projeto em Princeton, eles simplesmente anunciaram-no para que as pessoas concorressem. Funcionou comigo, porque, apenas alguns anos antes, eu tinha começado a incluir o tema nas minhas aulas e a falar dele em palestras públicas. Por isso, atirei o barro à parede. O meu projeto era escrever uma teologia sistemática. Passar por todos os grande temas: a criação, o pecado, a redenção, Cristo, a vida do mundo que há de vir. E perguntar-me: se abrisse o jornal amanhã e lesse que havia provas da existência de vida noutro ponto do Universo, que diferença faria? Penso que a minha mensagem central é que o Cristianismo é capaz de aguentar qualquer abalo. O que mais me surpreendeu foi o ângulo histórico — descobrir que, na verdade, tem havido gente a escrever sobre isto na tradição cristã desde meados do século XV.

Sobre a possibilidade de haver vida noutros planetas?
Sim. A pensar teologicamente sobre o que aconteceria se houvesse vida noutros mundos. Nicolau de Cusa, talvez o teólogo mais significativo de meados do século XV, e Guillaume de Vaurouillon, um franciscano. O mais fascinante de tudo é que ambos pensaram que poderia existir vida em qualquer outro lugar do Universo, que não havia qualquer problema. Estavam tão despreocupados com isso que se limitaram a escrever meia dúzia de frases e seguiram em frente.

"Para mim, não é uma prioridade envolver-me em questões de segundo grau como 'pode sequer haver um diálogo entre a teologia e a ciência?' ou 'o Cristianismo é ameaçado pela ciência?'"

Não era um problema para eles.
Não era um problema. Quase desejaria que tivesse sido um problema para eles, para que eles tivessem ficado mais cativados com o tema — e, assim, talvez tivessem escrito mais. Esta é a história que, ao longo da História, as pessoas vão escrever. Consideram a ideia, pensam que está tudo bem, escrevem algumas frases e seguem em frente. John Ray, que é frequentemente apelidado de pai da história natural britânica, dizia “sim, as estrelas, os sóis, há planetas à volta deles, há vida lá, alguma vida é mais avançada que nós, outra é menos avançada que nós, Deus criou-a toda e Deus ama-a toda” e também seguia em frente. Acabamos com cinco séculos e meio de escritos sobre este assunto, mas, no geral, são apenas pequenas notas, pequenos apartes. O que queria fazer com o livro é dizer: e se não começarmos por aí? E se começarmos com toda a teologia? Senti que havia muitas áreas interessantes da teologia que suportam a questão, mas ainda não tinham sido exploradas. Os livros que têm sido escritos, na minha opinião, são ainda muito em torno de reciclagem destes comentários ocasionais que têm sido feitos — e eu queria alargar a rede. Eu ensino teologia sistemática, portanto queria pensar sobre questões que ainda não tinham sido muito colocadas, como a vida do mundo que há de vir. Muitas vezes, entra-se nestas discussões com uma ideia muito forte sobre aquilo que há a pensar. Por exemplo, pergunto aos meus alunos: “Se houver vida noutros lugares do Universo, mas não tiver pecado, tem alguma coisa a ver com uma encarnação?” E eles dizem que não, se não há pecado não há necessidade de uma encarnação. E eu respondo: “Esperem lá, mas ao longo da História do Cristianismo tem havido quem pense que a encarnação não tem apenas a ver com o pecado. Pretende também elevar-nos à dignidade de sermos filhos de Deus de uma forma muito mais profunda do que com quaisquer pais primordiais.” Por isso, mesmo que haja vida em algum lugar do Universo e não se tenha desviado, temos de fazer, na mesma, perguntas sobre a encarnação. Posso dar-lhe vários exemplos, mas estou a tentar alargar a rede.

Mas imagino que também seja confrontado com algumas questões clássicas. Não sei se há muita gente a pensar sobre as implicações teológicas da descoberta de vida extraterrestre, mas quando penso nisso vêm-me à cabeça perguntas como qual será o papel dessa vida no plano de Deus, se acreditarmos em Deus como o criador da humanidade, e se essa descoberta não pode colocar em risco a ideia antropocêntrica do Cristianismo ao colocar a humanidade no centro da doutrina.
Sem dúvida, essas são grandes questões. Tenho alguns capítulos no livro sobre esta ideia da singularidade humana. Uma das minhas respostas é bastante bíblica: na verdade, as escrituras cristãs já dizem que isto não gira tudo à nossa volta. Por exemplo, estão cheias de anjos. Bom, independentemente de acreditarmos ou não em anjos — eu acredito —, o facto de eles estarem na visão cristã do mundo mostra que isto não gira à nossa volta. Há outras coisas. Não os vejo como aliens, não os vejo como sendo materiais ou biológicos. Sigo São Tomás de Aquino, que pensa neles como sendo imateriais. Mas só o facto de eles estarem na imaginação cristã mostra que temos espaço para outras coisas. Ou então poderia citar o Livro de Job. Quando Deus finalmente responde a Job, leva-o numa espécie de safari com todas aquelas criaturas maravilhosas — algumas reais, outras talvez mitológicas — e pergunta “estavas lá quando eu fiz isto?”, “pensa nisto e naquilo”. Ajuda a descentralizar o sentido humano de nós próprios. Nós não somos o centro de tudo — ou, pelo menos, há outras coisas lá fora que são diferentes, Deus conhece-as e, presumivelmente, preocupa-se com elas também. Acho que o Livro de Job é fascinante a este respeito. Mas o meu outro argumento em relação à singularidade humana é, talvez, mais filosófico. Penso que é uma falácia acreditar que sou alguma coisa a menos só porque alguma outra coisa é excelente. Podemos dizer isto também do planeta Terra. Se descobrirmos que os golfinhos são muito criativos ou que os chimpazés têm uma vida moral ou religiosa muito rica, eu diria: “Fantástico!” Não sou menorizado pelo facto de outras coisas serem elevadas. Se a minha excelência enquanto ser humano assenta, por exemplo, na sabedoria, no amor, na memória, na criatividade, entre outro tipo de coisas, nada disto me é tirado só porque outros seres também o podem fazer. Tenho uma abordagem mais positiva de tudo isto. Não me sinto, de todo, ameaçado pela ideia de haver outras coisas excelentes. Mas noto, pelas conversas com pessoas, pelos alunos, pela opinião pública sobre isto, que é quase como uma bifurcação da psicologia, quase como uma disposição psicológica básica de que ou pensamos que pode haver outras coisas por aí e isso não me ameaça, ou pensamos que, se não estamos no topo da árvore, somos menos. Eu estou no primeiro grupo. É difícil discutir através dessa fronteira.

E a teologia cristã também o guia através dessas questões, não?
Penso que sim. Mas suspeito que haverá outras pessoas que são cristãs e que pensariam de modo diferente. Eu pertenço a uma tradição teológica celebrativa, da alegria, que vou buscar a São Tomás de Aquino. Ele tinha a ideia muito forte de que o mundo é caracterizado pela multiplicidade e pela diversidade. A minha orientadora de doutoramento, Catherine Pickstock, uma vez disse: “A multiplicidade é a homenagem que a finitude faz à infinitude.” Como o mundo está cheio de coisas finitas, tem de estar cheio, é justo que seja diverso, porque essa é a melhor forma de testemunhar o criador. Por isso penso que, para os tomistas, há uma predisposição natural para pensar que a diversidade é algo bom.

Quando penso na possibilidade de descobrir vida noutros planetas e tento enquadrar essa ideia na teologia cristã, também penso na revelação. Será que Jesus seria um acontecimento único no planeta Terra? Ou será que Deus enviaria outros filhos a outros planetas? É válido pensar assim?
Esse é, provavelmente, o assunto mais energicamente debatido no pensamento teológico contemporâneo sobre a vida noutros pontos do Universo. A possibilidade das múltiplas encarnações não ganhou verdadeiramente gás antes do século XXI. Consigo pensar num único exemplo que é a exceção que comprova a regra: um deputado inglês, penso que escreveu no século XVII, e que era ariano, por isso não era um cristão convencional, não acreditava que o filho de Deus fosse uma criatura. Não trabalhava no mesmo quadro teológico. Entre aqueles a que poderíamos chamar cristãos nicenos ou calcedónios — os que aceitam as perspetivas partilhadas da cristologia independentemente das tradições —, as pessoas pensavam na possibilidade das múltiplas reencarnações, mas, até ao século XX, tendiam a rejeitá-la. Um ótimo exemplo da alvorada desta possibilidade é um poema de Alice Meynell, do início do século XX, chamado “Christ in the Universe“. É um poema belíssimo, muito sofisticado, sobre a vida do mundo que há de vir e uma série de espécies diferentes a trocar impressões sobre a sua própria história, de como Deus lidou com elas e sobre as encarnações.

“(…)

But in the eternities,
Doubtless we shall compare together, hear
A million alien Gospels, in what guise
He trod the Pleiades, the Lyre, the Bear.

O, be prepared, my soul!
To read the inconceivable, to scan
The myriad forms of God those stars unroll
When, in our turn, we show to them a Man.”

— Alice Meynell, 1847-1922

Todas as discussões em torno da possibilidade de múltiplas encarnações, até ao século XX, envolviam uma dicotomia entre ser a favor ou contra ela. E havia muito mais pessoas contra, só raríssimas pessoas eram a favor. Era uma discussão teologicamente muito mal enquadrada, porque se pensava num Jesus Cristo que andava a saltar de planeta em planeta. Mas eu diria que, a partir de uma perspetiva calcedónia, aquilo que queremos dizer quando falamos em encarnações múltiplas é que, tal como o Filho, a segunda pessoa da Trindade, assumiu uma natureza humana na Terra — e então temos uma pessoa com duas naturezas, humana e divina —, noutro qualquer ponto de Universo, o Filho, a segunda pessoa da Trindade, se uniria a uma natureza diferente. Seria completamente diferente, numa perspetiva de criação, mas cada um deles seria o Filho de Deus. Eu aceito por completo que uma única encarnação possa redimir o mundo inteiro. Não creio que haja a necessidade de existir mais do que uma encarnação. Porém — e nos últimos anos tenho pensado muito nisto —, o meu instinto tende para as encarnações múltiplas. Ao motivo pelo qual penso assim chamo a minha “analogia Star Wars”. O Star Wars começa com algo como “há muito, muito tempo, numa galáxia muito, muito distante”. E se só existisse uma encarnação e fosse noutro lugar qualquer? Em vez de abrir o Evangelho segundo São Lucas e ler que ao nono mês o anjo Gabriel foi enviado a uma virgem chamada Maria, a história que todos conhecemos, Lucas teria de dizer “há muito, muito tempo, numa galáxia muito, muito distante, determinada coisa que não conseguimos perceber aconteceu a uma criatura que não conseguimos imaginar”. E depois contaria uma história que é muito difícil de entender. Aceito completamente que essa outra história possa redimir o mundo. Mas, para mim, a história da encarnação gira em torno da intimidade de Deus connosco. São Tomás de Aquino diz que um dos motivos pelos quais Deus se tornou um ser humano foi para ser nosso amigo, e também para que pudesse haver uma revelação perfeita, uma vez que a entendemos em palavras humanas, em gestos humanos e num rosto humano. Por isso, se uma parte da relação de Deus com outras criaturas passa por alcançar esse fim, então parece-me muito adequado que Deus lide com as diferentes espécies através da sua própria encarnação — mesmo que uma fosse suficiente para a redenção.

"Tal como o Filho, a segunda pessoa da Trindade, assumiu uma natureza humana na Terra — e então temos uma pessoa com duas naturezas, humana e divina —, noutro qualquer ponto de Universo, o Filho, a segunda pessoa da Trindade, se uniria a uma natureza diferente. Seria completamente diferente, numa perspetiva de criação, mas cada um deles seria o Filho de Deus."

Claro que tudo aquilo que está a dizer tem de ser enquadrado numa perspetiva de fé cristã. Não resisto a pensar que, se num único planeta a humanidade inteira não consegue estar de acordo com uma religião, com uma forma de divindade, com uma forma de ver Deus, com uma história para contar a relação entre Deus e a humanidade, qual seria a probabilidade de a mesma história, a mesma religião, ser partilhada por outros planetas?
A religião é um assunto muito ligado às fronteiras. Relaciona-se com o nascimento e a morte, o casamento, o pão, o vinho e a água, e por aí fora. Esperaria, por isso, que uma religião de uma espécie diferente tivesse um corpo, uma forma de vida muito diferente da nossa. Esperaria que tivesse um aspeto muito diferente. Para refletir as coisas de Deus à sua maneira, essa religião teria de refletir a biologia, a vida física e a cultura de uma espécie diferente. Por isso, não estaria, seguramente à espera dos mesmos rituais. Mas eu sou um teólogo cristão. Acredito que coisas como a justiça, o amor, a esperança são universais.

Como o perdão dos pecados? Ou as noções de bem e mal? Também isso estará presente em todo o Universo?
Podemos dar uns passos atrás e chegar a alguns princípios abrangentes na ética cristã, como a lei natural e a virtude. Penso que é razoável esperar que essas coisas sejam universais. Mas como se desenrolam? Isso já será mais específico. Mas isso já acontece na Terra. Por exemplo, a temperança é uma virtude. Imaginemos, por exemplo, no que respeita à comida. Mas a temperança traduz-se de modos muito diferentes no caso de uma pessoa saudável ou de uma pessoa doente, de uma pessoa grávida, de uma pessoa a fazer uma longa viagem, de uma criança. O princípio universal da temperança traduz-se de maneiras diferentes de acordo com as circunstâncias de cada um. Por isso, prefiro dar um passo atrás e chegar a esses princípios gerais da lei natural e da virtude e dizer que acho que eles podem ser universais. Mas o que eles significam ao detalhe depende dos detalhes da vida das criaturas envolvidas.

Como é que acabou a trabalhar com a NASA?
A NASA tem o compromisso de investir uma percentagem do seu orçamento anual no entendimento público. Penso que é 1%, o que, ainda assim, é um valor muito grande. Há seis ou sete anos, um dos muitos projetos que eles financiaram foi este projeto do Centro de Investigação Teológica, em Princeton, que é, provavelmente o mais importante centro de investigação nesta área nos Estados Unidos. O projeto chamava-se “Implicações Societais da Astrobiologia” e era sobre o que é que a descoberta de vida noutros pontos do Universo significaria para as pessoas. A NASA não financiou ninguém diretamente, financiou um programa de investigação numa instituição — e a instituição selecionou 24 pessoas, ao longo de dois anos, para trabalhar nisto. A NASA está verdadeiramente empenhada na promoção do entendimento público e nas implicações humanas daquilo que fazem, mas não contrataram diretamente uma série de padres — não éramos todos cristãos, sequer.

Eram teólogos?
Um deles era ateu, diria que é mais um eticista. Mas, no geral, éramos teólogos, sim.

E qual foi a investigação concreta que fez lá?
Foi lá que comecei a escrever este livro. O meu objetivo era fazer uma investigação abrangente de todos os principais temas da teológica sistemática cristã, perguntando que diferença faria se descobríssemos vida noutro planeta. Há de chegar às livrarias este ano.

Quais foram as principais conclusões a que chegou?
Bom, falei-lhe aqui da parte da história, da questão do Livro de Job e dos anjos. Tudo aquilo que lhe disse vem no livro.

Universidade de Cambridge

Mas, no fim desta investigação, acredita que a teologia cristã é suficientemente robusta para enfrentar uma descoberta destas? Como dizia, se amanhã abríssemos o jornal e lêssemos que foi descoberta vida noutro planeta, o Cristianismo continuaria a fazer sentido?
Há algumas coisas que devem ser ditas sobre isto. Uma é que o Cristianismo é uma tradição diversificada. Não penso que todas as formas de Cristianismo vão responder da mesma maneira ou que todas sejam igualmente ameaçadas. Há um estudo muito interessante feito por Ted Peters e Julie Froehlig, na Califórnia, que fizeram uma investigação quantitativa. Perguntaram a uma amostra de pessoas oriundas de diferentes tradições religiosas: “Ficaria preocupado se fosse descoberta vida noutro ponto do Universo?” Os resultados são muito evidentes. Os cristãos, na sua maioria, não estão preocupados. O grupo que se destaca — e talvez isto não o surpreenda — é o dos evangélicos conservadores, que tendem a dizer que a sua fé seria ameaçada pela descoberta. Entre todos os grupos cristãos, este é talvez aquele que tem o menor interesse na ciência. Mas os anglicanos, os católicos, os metodistas, os presbiterianos, a grande maioria diz que não se sentiria ameaçada. Mas outra coisa muito interessante deste estudo é que também perguntaram a ateus o que eles achavam que seria a resposta dos cristãos. E os ateus sobre-estimaram imenso o quão ameaçadas as pessoas se sentiriam. É uma ótima informação adicional. Perguntem a um ateu e ele dir-vos-á que será uma grande ameaça para os crentes. Perguntem aos crentes e eles dir-vos-ão que está tudo bem.

Mas quando perguntamos a teólogos, padres, bispos, pessoas que se dedicam a estudar a teologia cristã — e não aos fiéis —, qual diria que é a resposta?
Este estudo incluía maioritariamente os fiéis leigos. Mas eu diria que a teologia cristã, na história, floresceu quando se colocou a si própria questões difíceis. Isso não é absolutamente verdade em todas as tradições. Se pensarmos em Máximo, o Confessor, o grande teólogo bizantino, ele escreveu um livro magnífico chamado Ambigua, onde ele reviu os escritos de Gregório de Nazianzo. Mas ele não comentou os escritos que considerou mais simples — comentou os que considerou mais difíceis. Mas o exemplo mais perfeito de florescimento teológico ao colocar as perguntas difíceis é o método escolástico. São Tomás de Aquino começa por colocar todas as objeções em que consegue pensar àquilo que ele pretende defender. Um dos aspetos que o torna tão extraordinário é que, quando ele vai apresentar as respostas, nunca deita fora as objeções. Procura sempre descobrir na visão oposta tudo o que conseguir e que o ajudar a aprender. Penso que a Idade Média, em particular a Alta Idade Média, nos deu esta fantástica perspetiva da teologia cristã a fazer progressos e a florescer quando se deparava com questões difíceis. Eu pertenço a uma tradição católica do anglicanismo, sou um tomista, por isso penso que os teólogos se sentirão ainda menos ameaçados do que os leigos — mas não sei, não quero fazer grandes generalizações. Aquilo que digo é que, quando as pessoas pensam que o Cristianismo é uma espécie de coisa claustrofóbica, tímida, defensiva, penso que isso é uma representação errada da tradição cristã a que eu pertenço.

Dizia que os evangélicos conservadores são aqueles que se sentem mais ameaçados pela possível descoberta de vida noutro planeta. Qual diria que é a principal fonte desta ameaça? Diria que é o facto de a descoberta nos obrigar a deixar de colocar a humanidade no centro de tudo?
É uma resposta meio banal, mas basta ler a mensagem cristã para perceber que Deus é o centro de tudo. Os evangélicos devem ser capazes de afirmar isso. Penso que há mais do que um aspeto a ter em consideração aqui. Algumas tradições cristãs têm um a história muito longa e ininterrupta de cooperação com a ciência: o anglicanismo, o catolicismo romano, e por aí fora. Mas os evangélicos conservadores são muito recentes e, sobretudo, no século XX, sentiram-se muito ameaçados particularmente pela evolução, pela cosmologia. Não começam num bom ponto de partida no que toca à relação com a ciência. Também há a questão de não estar na Bíblia. Há algumas discussões significativas sobre a vida noutros planetas entre os evangélicos que se resumem a: “A Bíblia diz-nos o que é verdade, não há nenhuma referência a essas outras coisas, por isso elas não podem existir.” Encontramos um pouco disto também nos ortodoxos orientais mais conservadores. Mas a minha resposta a isso é: o ornitorrinco, que existe na Austrália, não está na Bíblia…

E aí voltamos à questão das encarnações múltiplas. Se fosse acontecer noutro planeta, aconteceria com uma história diferente, de modos diferentes, que não estão descritos na Bíblia humana.
Um dos fundadores da Royal Society, John Wilkins, era bispo de Chester. Ele escreveu tratados sobre a vida na Lua, estava convicto de que havia vida na Lua. Esta é provavelmente a mais longa discussão sobre vida fora da Terra no século XVII. Agora, sabemos que não há vida na Lua, mas ele achava que havia e os escritos dele ainda são importantes enquanto debate. Ele era muito interessado pela ciência e tem uma passagem magnífica em que diz algo como: “Se Deus tivesse colocado muita ciência na Bíblia, isso ter-nos-ia distraído. Ficaríamos tão interessados nisso que seríamos distraídos da mensagem importante, sobre a redenção e sobre como viver uma vida boa, conhecer Deus.” Ele diz que Deus não pôs a ciência na Bíblia porque nos distraía, mas também disse outra coisa, que acho muito bonita para um homem que fundou a Royal Society. Diz que Deus não diz nada disso, diz-nos apenas “vão e descubram por vocês próprios, peguem na bata, peguem no microscópio e vão descobrir”. Que este trabalho de descobrir por nós próprios nos seja deixado dá-nos um grande sentimento de dignidade humana.

"A Bíblia não é um manual de ciência e seria um erro de género literário achar que é."

O trabalho de explorar a criação.
Explorar a criação, sim. A Bíblia não é um manual de ciência e seria um erro de género literário achar que é.

Temos estado a discutir isto sempre partindo do pressuposto que encontraremos vida inteligente noutros pontos do planeta. Mas muito provavelmente também poderemos encontrar bactérias, vida microscópica, outras formas de vida não inteligente. Isto mereceria uma abordagem diferente?
Quando eu estive em Princeton e vinham alguns cientistas falar connosco, todos ele diziam para não ficarmos demasiado entusiasmados com a vida inteligente, porque, presumivelmente, se há vida algures por aí, a maioria ainda não atingiu a senciência. E o motivo pelo qual poderemos estar certos disso é o nosso próprio planeta. Há quanto tempo existe vida senciente no planeta? Não é assim há tanto tempo. Durante a maior parte da história do nosso planeta não existiu vida inteligente. Penso que a teologia vai sempre dar o salto para o pensamento sobre a vida inteligente porque as categorias que mais nos interessam — o bem e o mal, o pecado e a redenção, o conhecimento e o amor — são as categorias da vida inteligente. Sempre assumimos que iríamos descobrir vida noutro planeta porque detetaríamos os sinais de uma vida avançada, como sinais de rádio, ou eles viriam visitar-nos. O que me parece extremamente improvável. Essa é uma das razões pelas quais tendemos a focar-nos na vida inteligente: pensamos que essa seria a única forma de vida que seríamos capazes de detetar. O que está agora a mudar, e especialmente com o telescópio James Webb, é que vamos ser capazes de detetar sinais de vida no modo como a composição de uma atmosfera é desequilibrada. Se olharmos para a Terra a partir de muito, muito longe, pensaríamos: “Que estranho!” Há metano na atmosfera e há oxigénio. Como é que isso acontece?

Espelhos com ouro, um detetor de radiação hiperssensível e um escudo tão grande como um campo de ténis. Dentro do Telescópio James Webb

Perguntaríamos o que o está a originar.
O que o está a originar, justamente. Isto muda profundamente as coisas, porque agora vamos poder, simplesmente, procurar vida — em vez de vida avançada. Eu continuaria a dizer, e é aqui que o novo centro para as origens da vida na Universidade de Cambridge entra em cena, que assim que encontrarmos um outro exemplo de vida no Universo, poderemos estar certos de que isto será enorme. Se há triliões de sítios onde a vida pode existir, nós olharmos para os primeiro mil e descobrirmos alguma coisa, então as probabilidades são enormes. Podem ser bactérias, seres unicelulares, o que for. Talvez nem sejam células. Mas se detetarmos isso, o que isso nos mostra é que o Universo está preparado para fazer a vida emergir. Esta capacidade para originar vida passará a ser parte daquilo que o Universo é. Talvez aconteça num em cada mil planetas, num em cada milhão, até num em cada 10 triliões de planetas — o que significaria uns dez casos só nesta galáxia, e há cerca de 100 mil milhões de galáxias. Para mim, mesmo que aquilo que seja detetado no meu tempo de vida seja apenas vida não inteligente, isso significaria na mesma que o Universo é fértil para a existência de vida. Claro que não podemos saltar já para essa conclusão, mas estamos numa posição melhor para olhar para isto do que alguma vez estivemos.

E também teríamos de assumir que, se descobríssemos vida unicelular num planeta, também aí poderia acontecer um processo de evolução semelhante ao que aconteceu na Terra, rumo à vida inteligente — o que nos levaria a perguntas sobre os valores dessa vida. Poderiam valores como o bem e o mal ser literalmente universais?
Enquanto teólogo, diria que a fundamentação última para o bem e o mal é a de que o bem é aquilo que participa em Deus e o mal é aquilo que se afasta de Deus. Como acredito que a verdade, a bondade, a justiça, a gentileza, e por aí fora, assentam em Deus, porque Deus é assim, então — e digo isto completamente enquanto cristão —, onde quer que exista vida, essa vida pode ser testemunho de Deus, que é gentil, justo, bom e verdadeiro. Peguemos, por exemplo, no caso da verdade. Vemos isto na nossa vida política: quando as pessoas não dizem a verdade, as coisas desmoronam-se. Acredito verdadeiramente que há algo de objetivamente bom na verdade, e objetivamente mau nas mentiras. Jesus diz que uma casa que está dividida contra si própria não se aguenta em pé. Parece-me que a cooperação tende a conduzir ao sucesso da vida e a hostilidade leva ao seu oposto. Não consigo imaginar qualquer civilização que seja montada em mentiras seja capaz de ter sucesso — enquanto uma civilização que valorize a verdade consegue avançar.

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