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Ana Gomes dá um tropeção, André Ventura dá um passo em frente e, assim, fica empatada à décima a disputa pelo segundo lugar nas presidenciais — ambos têm 11,4%. Marcelo recupera (também quase à décima) a vantagem que tinha perdido na última sondagem. Marisa Matias e João Ferreira surgem com os piores resultados do conjunto de estudos de opinião. E Tiago Mayan Gonçalves continua a somar apoios. Vitorino Silva volta a encolher.

É a maior queda desta edição da sondagem Pitagórica para o Observador/TVI. Ana Gomes tinha dado sinais de conseguir segurar a segunda posição para as eleições de 24 de janeiro mas acaba a protagonizar uma perda de 1,6 pontos percentuais, surgindo com uma intenção de voto de 11,4%. Em contraponto está André Ventura. Depois de uma perda de uma décima na semana passada, que o tinha deixado a 2,4 pontos da socialista, o candidato apoiado pelo Chega ganha agora quase um ponto (0,8 décimas) e surge em segundo lugar, ombro a ombro com a ex-eurodeputada. É a primeira vez que Ventura consegue apanhar Ana Gomes, depois de já ter estado a uma pequeníssima distância, com duas décimas de desvantagem.

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Olhando para estes dois candidatos, podemos verificar para onde se transferiram os votos de um e de onde surgem os votos de outro. Uma análise que permite perceber as mudanças que explicam este empate absoluto.

No caso de Ana Gomes, é clara, logo numa primeira leitura, a fuga de votos socialistas. A candidata independente trazia, da última sondagem, 15% de votos de eleitores que votaram PS em 2019 e que pretendem entregar-lhe o seu voto. Esse universo está agora reduzido a 9%. Os 19% de eleitores do Bloco desta semana estão sensivelmente em linha com o resultado anterior (20%) e, no PSD, os 4% atuais são exatamente os mesmos de há uma semana. A segunda mudança verifica-se junto do eleitorado comunista, mas até em sentido contrário. Onde Ana Gomes não recolhia qualquer apoio, agora consegue ir buscar 13% de possíveis eleitores (mais uma vez, trata-se do sentido de voto de eleitores que dizem ter votado CDU nas últimas legislativas). Percebe-se, assim, que a perda de votos no seu canto político mais natural — o do PS — é um dos principais fatores que explicam a descida global da socialista.

Do ponto de vista partidário, André Ventura não regista alterações significativas na conquista de novos eleitores. Isso traduz-se numa subida de 0,8 décimas, metade da descida protagonizada por Ana Gomes. Em concreto, o candidato apoiado pelo Chega perde uma décima junto dos eleitores socialistas (para os 3%); perde outra décima no PSD (fica nos 12%); reforça em uma décima (para os 32%) o apoio dos centristas; vai buscar 4% dos votos ao eleitorado comunista (de onde não trazia nenhum, mas que já lhe tinha garantido 8% de votos em edições anteriores); e perde outra décima no Bloco de Esquerda (ficando nos 4%).

Há, no entanto, uma área em que as mudanças são mais significativas para ambos os candidatos. Falamos dos votos que chegam de outros partidos, de votos em branco ou de votos nulos nas últimas legislativas. Ora, aqui, Ana Gomes perde cinco pontos (dos 19% para os 14%) e André Ventura reforça a posição, com 20% de intenções de voto vindas desta franja eleitoral (e que na semana passada não iam além dos 11%).

Marcelo reforça apoio de eleitorado socialista

Já em primeiro lugar, está Marcelo. O recandidato à Presidência da República recupera face ao resultado anterior (a segunda maior subida da semana) e surge com uma intenção de voto de 67,9%. Não é a melhor prestação nesta sequência de sondagens (essa fasquia fixou-se nos 68,9%, em meados de dezembro), mas é uma recuperação de 1,4 pontos e um potencial resultado que fica a mais de 16 pontos percentuais daquele que alcançou em 2016.

E o que mudou para Marcelo nesta sondagem? Mais votos vindos do PS (71% dos eleitores socialistas admitem agora votar para a reeleição, ou seja, mais dois pontos que na sondagem anterior); mais votos do PSD (com 73% de intenções, contra os anteriores 69%); mais votos do Bloco de Esquerda (25% e subida de três pontos percentuais); mas também menos votos do CDS (são 45%, para uma perda de 10 pontos); e exatamente os mesmos pontos da CDU (17%). Aparecem também agora alinhados com Marcelo 40% de votos de outros partidos, brancos e nulos (eram 37%).

Numa análise por classes sociais, só a classe média retira votos a Marcelo: dos 55% passa para os 51%. De resto, todas as classes sociais (alta, média baixa e baixa) dão reforço da posição do atual Presidente da República. Na classe mais baixa, aliás, Marcelo conquista mais nove pontos percentuais, passando dos 60% para os 69%.

Marisa e João Ferreira afundam

Num terceiro patamar de resultados, Marisa Matias e João Ferreira surgem ambos com os piores resultados desde o início da sondagem. A candidata do Bloco de Esquerda já lembrou, esta semana, que há cinco anos as sondagens também a apresentavam numa posição muito desfavorável face aos 10% que acabou por conquistar na noite eleitoral. Nesta edição da sondagem Observador/TVI/Pitagórica, Marisa consegue apenas 4,3% das intenções de voto. João Ferreira surge a seguir, com 2,6%.

Marisa perde, desde logo, votos entre os seus. Os eleitores do Bloco de Esquerda representam agora apenas 32% da sua base eleitoral (eram 37%) e, além desses, só os eleitores que votaram PS em 2019 admitem entregar-lhe o seu voto (são 2%, os mesmos que na semana anterior). Perde, por isso, os votos do PSD (2%) e da CDU (6%).

O candidato do PCP também está reduzido ao apoio de três partidos. O seu (e são 48%, menos 19 pontos que na semana anterior); o Bloco de Esquerda (com 2%, sem alterações); e o PS, com apenas 0,4% das intenções junto do eleitorado socialista.

Há ainda outros dois nomes na corrida, mas cada um deles com um percurso distinto. Tiago Mayan Gonçalves, apoiado pela Iniciativa Liberal, protagoniza a sua terceira subida consecutiva nesta sondagem. Soma 2,1% das intenções, com uma subida de quatro décimas face ao resultado anterior — e ainda mais acima dos 1,29% que o seu partido conquistou nas legislativas do ano passado.

Por fim, Vitorino Silva. Chegou à corrida discreto, com 0,2% das intenções. Subiu para os 0,8% e manteve-se assim na edição seguinte. Mas, agora, volta a cair para valores próximos dos de partida: são 0,4% de intenções de voto. Distante, também aqui, dos 3,28% que conseguiu há cinco anos.

Ficha técnica

Durante 6 semanas (10 Dezembro 2020 a 21 de Janeiro 2020 ) vão ser publicadas pela TVI e pelo Observador uma sondagem em cada semana com uma amostra mínima de 626 entrevistas. Em cada semana a amostra corresponderá a 2 sub-amostras de 313 entrevistas. Uma das sub-amostras será recolhida na semana da publicação e a outra na semana anterior à da publicação. Cada sub-amostra será representativa do universo eleitoral português (não probabilístico) tendo por base os critérios de género, idade e região.

Semana 4 Publicação: O trabalho de campo decorreu entre os dias 22,23,26,27 e 29,30 de Dezembro de 2020 e 2,3 de Janeiro 2021. Foi recolhida uma amostra total de 629 entrevistas que para um grau de confiança de 95,5% corresponde a uma margem de erro máxima de ±4,0%. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos 3 principais operadores identificados pelo relatório da ANACOM, sempre que necessário são selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI – Computer Assisted Telephone Interviewing).

O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores Portugueses, sobre temas relacionados com as eleições , nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto nos vários partidos.

A taxa de resposta foi de 53,76% . A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva.

A taxa de abstenção na sondagem é de 55,5% a que correspondem os entrevistados que aquando do momento inicial se recusaram a responder à entrevista por não pretenderem votar nesta eleição.

A ficha técnica completa bem como todos os resultados foram disponibilizados junto da Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizara oportunamente para consulta online.