Várias publicações, partilhadas milhares de vezes nas redes sociais, acusam a farmacêutica Pfizer de ter demorado mais de dois anos a reconhecer que a miocardite e a pericardite (dois tipos de inflamação do coração) são possíveis efeitos colaterais da vacina contra a Covid-19 Comirnaty, desenvolvida em conjunta com a Moderna, e administrada a centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.

“Por que o Pfizer está avisando sobre miocardite e pericardite apenas agora, quase 2 anos após ter sido iniciada a pior campanha de vacinação de todos os tempos??”, questiona-se numa das publicações, onde se pode ver um excerto de um comunicado da farmacêutica — emitido a 13 de outubro de 2023 — onde se refere que existe um risco aumentado destas duas complicações na primeira semana após a administração da vacina contra a Covid-19.

O excerto do comunicado da Pfizer que consta das publicações é verdadeiro. A empresa alerta que a vacina de mRNA contra a Covid-19 aumenta o risco de miocardite (inflamação do miocárdio) e pericardite (inflamação do pericárdio, a membrana que envolve o coração), sobretudo na semana seguinte à vacinação. O risco é maior em jovens do sexo masculino entre os 12 e os 17 anos, sendo que a Pfizer lista os possíveis sintomas que podem surgir: dor no peito, falta de ar sensação de coração acelerado/agitado; no caso das crianças, podem ocorrer desmaios, fadiga incomum, vómitos ou dor abdominal.

Mas terá sido a primeira vez que a Pfizer avisou que a vacina Comirnaty poderia fazer aumentar o risco de inflamações cardíacas? A resposta é não. A farmacêutica norte-americana já tinha referido estes potenciais efeitos secundários da vacina contra a Covid-19 em, pelo menos, duas ocasiões: uma em 2021, outra em 2022.

No primeiro caso, em novembro de 2021, a Pfizer aproveitava um comunicado — em que anunciava a autorização do uso de emergência da vacina de reforço nos Estados Unidos — para sublinhar que a miocardite e a pericardite tinham sido detetadas “em algumas pessoas que receberam a vacina, sendo mais comuns em homens abaixo dos 40 anos do que em mulheres ou homens mais velhos”. A empresa realçava que, na maioria dos casos, os sintomas começaram poucos dias depois da toma da segunda dose da vacina mas frisava, no entanto, que a probabilidade de inflamação cardíaca é “muito baixa”.

Em 2022, um outro comunicado (que apresentava resultados preliminares da administração da Cominarty com uma vacina antipneumocócica) continha exatamente a mesma informação sobre a vacina contra a Covid-19 e potenciais efeitos cardíacos.

Conclusão

A informação divulgada pela Pfizer em outubro deste ano, dando conta do risco aumentado de miocardite e pericardite (dois tipos de inflamação do coração) em pessoas que tomaram a vacina contra a Covid-19 Comirnaty, não é inédita. Já tinha sido tornada pública, ainda que não exatamente nos mesmos termos, em novembro de 2021 e em janeiro de 2022.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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