Muito se tem falado da degradação das instituições por parte dos políticos. A instituição que mais tem sido massacrada, com o propósito de a reduzir a um local de doutrinação, é a escola.
O problema dos professores na rua tem muito mais a ver com a degradação da escola e a desvalorização da educação, como propósito político para perpetuar os incompetentes no poder, do que com questões laborais, mesmo que legítimas.
Nesse sentido, é importante revisitar e explicar a relação entre a mentira e a política.
Factualmente, a mentira é uma das principais ferramentas dos políticos, pois permite que eles controlem a opinião pública e manipulem os eleitores. No entanto, a mentira pode levar à erosão da confiança nas instituições e na democracia, como um todo. É através dela e por meio dela que perdemos a confiança no mundo e, com isso, nos tornamos incapazes de agir juntos.
Quando os políticos mentem, eles minam a confiança dos cidadãos nas instituições políticas, o que leva à descrença nas próprias bases da democracia, afastando as pessoas sérias e, por conseguinte, perpetuando aqueles que normalizam a mentira.
A normalização da mentira por parte dos políticos é, para mim, uma forma de violência social, pois ela pode destruir o mundo interior do cidadão, a sua capacidade de confiar no mundo exterior, e, com isso, a sua capacidade de agir. Criar seres apáticos, inativos e cumpridores é o desígnio.
Quando os políticos mentem de forma sistemática, eles estão a causar danos psicológicos e sociais graves a todos os cidadãos, o que pode levar à desintegração da sociedade e a fazer crescer os populismos. A culpa não é dos órgãos de comunicação social, como disse António Costa, a culpa é dos políticos.
A única forma de combater a mentira na política é através da educação e da formação, criando cidadãos cultos e críticos, que saibam e consigam discernir entre aquilo que é uma normalização da mentira e aquilo que é o verdadeiro propósito dela. Talvez se perceba a razão pela qual a escola estatal esteja a ser desconsiderada de há 20 anos para cá.
Somente quando as pessoas começarem a pensar por si mesmas, a formar opiniões independentes, é que a mentira perde o seu poder. E isso, obviamente, não interessa aos políticos de carreira. A ideia de que os cidadãos servem para os servir, votando neles e perpetuando-os nos cargos, e não o contrário, é promiscua.
Nesse sentido, a educação é fundamental para formar cidadãos capazes de distinguir entre a verdade e a mentira na política e de agir de forma responsável em defesa da democracia.