Não sei se ainda se recordam, mas a semana passada, antes de toda a gente sair para as férias da Páscoa, prometeu por uns momentos vir a ser memorável. De um lado, eram os combustíveis a acabar, por causa da greve dos camionistas; do outro lado, era o governo a fazer constar que se poderia demitir, caso os outros grupos parlamentares lhe impusessem os custos de satisfazer o sindicalismo dos professores. De repente, o país começou a imaginar-se sem gasóleo e sem governo. Parecia o fim de qualquer coisa – mas após alguma excitação, acabou por ser apenas o fim de semana.

Vale a pena voltar a esses dias que afinal não deram em nada? Vale, por esta razão: o que tivemos antes da Páscoa foi muito provavelmente uma espécie de primeira semana do ano de 2020, uma antevisão do que aí vem, com um governo minoritário socialista, um parlamento do lado da despesa, e um país onde a disputa política por rendimentos escapará a qualquer controle.

A reedição do governo minoritário socialista é o que auguram as sondagens. Como podia ser diferente, perante a manifesta falta de encanto dos portugueses, quer com a geringonça, quer com a oposição? A geringonça vivia do “medo da direita”, que já não há; a oposição vivia do culto de Passos Coelho, que se retirou. Faltam os receios e os entusiasmos necessários para grandes deslocações de votos.

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