A entrada das variantes britânica, em dezembro de 2020 e, meses depois, indiana (delta) em Portugal foram erros graves, porque ninguém teve a coragem política de colocar os britânicos em quarentena obrigatória. Estamos agora a sofrer na pele a quarta vaga com a variante delta, com repercussões inevitáveis de aumento do número de casos diários, internamentos em enfermarias e cuidados intensivos, mortes, principalmente em hospitais de Lisboa e Vale do Tejo, estendendo-se até ao Algarve e Norte do país. De novo estamos a assistir a maior sobrecarga de trabalho nos profissionais de saúde, ainda não recuperados dos desgastes anteriores.

Para perturbar ainda mais esta situação, temos cidadãos que não querem fazer testes e que não comunicam os resultados positivos. Estas afirmações foram proferidas por médicos recentemente.
Por outro lado, para complicar toda esta já confusão à portuguesa, temos pedidos de providência cautelar para não se cumprirem quarentenas aprovadas por juízes. Certamente que encontraram erros de forma na lei em vigor. É preciso solucionar legalmente esta situação para impedir o não cumprimento de quarentena.

A vida não é só pandemia, mas não podemos deixar que a pandemia continue a ceifar vidas sem necessidade, porque temos de ter coragem de antecipar as decisões para não corrermos atrás do prejuízo, como quase sempre durante estes últimos 18 meses.

Atendendo a que a faixa etária predominante de novos casos é a camada mais jovem, a aposta deve ser feita junto das escolas e universidades, dando maior relevo ao plano educacional e fazendo campanhas de sensibilização para a importância do cumprimento integral das regras sanitárias,  usando a máscara e cumprindo à risca o distanciamento social, bem como falando do papel fulcral da  vacinação na prevenção da doença. São estas mensagens que devem ser transmitidas à população jovem, não de forma fugaz, mas persistente. A forma de passar a mensagem é diferente quando a idade está em causa. É a população jovem que geralmente não gosta de cumprir e seguir regras, que se sente revoltada com a maior parte das coisas e que se dissocia dos temas que não lhes interessa de forma alguma. O pensamento e o comportamento livres são a forma de vida neste grupo etário e é preciso trabalhar muito melhor no conteúdo da mensagem.

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Não demorem a decidir vacinar os jovens dos 12 aos 18 anos. Sendo uma faixa etária importante nesta quarta vaga em relação ao aparecimento de novos casos, a vacinação é crucial e deve ser, se possível, antecipada.

Basta sairmos à rua para entrarmos no mundo real, em que as pessoas não usam máscara e estão todas juntas – para não dizer coladas umas às outras. É isto que temos de evitar. E, ao contrário do que possam pensar, não são os jovens os únicos responsáveis pelo incumprimento das regras sanitárias que vemos nas ruas. Todas as faixas etárias estão a facilitar muito mais hoje em dia e desde que o plano de vacinação entrou em vigor. O cumprimento de regras é crucial nesta fase e as autoridades vão ter de ser mais exigentes, fazendo-as cumprir aos habituais prevaricadores, independentemente da idade em causa.

Avisar os prevaricadores já não chega. As autoridades devem fazer cumprir a lei e a ordem pública quando os cidadãos não usam máscara e se aglomeram de uma forma abusiva, sem qualquer tipo de respeito pelo distanciamento social. O caos está instalado e temos urgentemente de encontrar uma forma de arrumar de vez com a Covid-19. Já vimos que apenas a vacinação não é suficiente. Os melhores exemplos em relação a esta última afirmação são o ressurgimento de mais casos em países como Israel e Reino Unido, onde a percentagem de vacinação da população é das mais elevadas do mundo. Deixaram de usar máscara e com a variante delta a predominar em quase todos os países, a ação e eficácia das diversas vacinas não é a mesma. Por este motivo, o risco de infeção é maior, mesmo para os que têm a vacinação completa.

Temos de tornar os pontos fortes do vírus cada vez mais fracos e os pontos fracos do vírus cada vez mais débeis, autodestruindo-se de seguida por falta do ser humano para se replicar. Para que isto aconteça, basta nós, cidadãos, cumprirmos as regras sanitárias e aderirmos em massa ao plano de vacinação nacional contra a Covid-19. Está na hora de todos os Portugueses mostrarem a sua força e união, vencendo não as pequenas batalhas, mas a guerra final contra o nosso inimigo invisível.