Em Portugal temos um socialismo menos social que o capitalismo americano. Nos últimos 8 anos assistimos à radicalização do PS distante da social-democracia dos seus fundadores e perto do socialismo marxista do BE, confiscador fiscalmente, mas ineficiente socialmente.  De social nesse socialismo já só restam pretextos maciços para impostos, mas promessas ocas para votos.

Este artigo visa desfazer mitos igualmente ocos. Aqui demonstramos, com factos e fontes credíveis, que o capitalismo americano é melhor que o socialismo português até nas reformas e saúde. Noutro artigo, primeira parte deste, já tínhamos comprovado que os rendimentos e impostos lusitanos eram muito piores que os americanos.  Portanto, as famílias portuguesas têm o azar de ter o pior de dois mundos: baixos salários e altos impostos com poucochinho retorno social.  O governo capitalista americano investe os impostos melhor no social que o socialista português, apesar da percentagem fiscal que cobra ser menor.

No entanto, do alto da sua ignorância sobre os EUA, políticos e jornalistas apologistas do luso-socialismo propagandeiam que na América não há segurança social nem pensões ou saúde paga pelo governo.  Tentam encobrir que os portugueses não têm retorno pelo sacrifício fiscal socialista. Nunca viveram nos EUA quase 20 anos como nós e baseiam-se em noticias pontuais sobre casos extremos.  Assim, chegam ao disparate de apregoar que os portugueses é que são uns sortudos ao pé dos americanos. Para tais desinformados, os reformados americanos, incluindo de classe média e baixa, que andam por Portugal a comprar o melhor imobiliário, deverão ser fantasmas!  Não deveriam ter chegado a idosos, pois era suposto terem morrido lá nos EUA à porta de um malévolo hospital capitalista sem serem atendidos por falta de seguro ou dinheiro.  Depois, coitados dos “azarados” americanos, mesmo que chegassem à terceira idade, não sobreviveriam quanto mais viverem no Chiado, Cascais ou Vilamoura porque era suposto não terem reformas.

Fora dessas falsas estórias vermelhas sobre mais uma avó vítima do lobo mau capitalismo, a realidade é que as famílias americanas têm a sorte de terem uma melhor social-democracia do que as portuguesas. Sorte essa que os americanos fazem ao votar frequentemente na direita representada pelo partido republicano ou nos candidatos do centro liberal do partido democrata (menosprezando a ala mais à esquerda nesse partido).  Vamos a factos.

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O Governo dos EUA gasta 1,3 trilião (com T!) de euros nas reformas da sua segurança social. Isso permite que os americanos se possam reformar a partir dos 62 anos. Assim 48,6 milhões de americanos têm uma pensão publica média de 1700 euros () que pode ir até aos 4500 euros por pessoa (KA-01897 (ssa.gov))  Todos recebem mesmo quem nunca trabalhou. Por exemplo, num casal em que um dos membros nunca trabalhou, este recebe metade do que recebe o que trabalhou. Casais reformados nos EUA recebem em conjunto vários ou muitos milhares de euros por mês de pensão de velhice.

Já os reformados portugueses estão bastante  piores que os americanos, tendo uma “pensão média de velhice no regime geral em 2019, que foi de 490,65 euros”.  Um pensionista americano medio ganha, portanto mais 300% que os portugueses só em pensões de velhice. Mas há mais!

Estas pensões publicas americanas bastante maiores que as portuguesas, que todos os idosos americanos recebem, são ainda complementadas por uma reforma privada, que a maioria dos americanos também tem, com valores fora do alcance dos portugueses.  Isto porque como ganham muito mais, mas pagam muito menos impostos que os portugueses durante a vida ativa, conseguem poupar e investir valores elevados em inúmeros planos privados de reforma. Por exemplo no programa mais popular de reforma privada, 401K, os americanos chegam à reforma em média com mais de 200 000 euros nessa conta ().  Dispõem ainda outros programas de reforma como o IRA (What is an IRA? | why you should invest | Fidelity), além de contas de investimento na bolsa.   No total um americano chega em média aos 65 anos com cerca de 400 mil euros nas contas (Average Retirement Savings By Age | Edward Jones). Ainda por cima cerca de 10% dos americanos reformam-se milionários, mesmo que tivessem tido trabalhos humildes, porque as suas poupanças valorizaram-se na bolsa  (Number of 401(k) Retirement Millionaires at Fidelity Rises 20% With Stock Surge – Bloomberg). Isto sem sequer contar com o imobiliário e demais património acumulado durante uma vida de trabalho nos EUA bem recompensada e pouco taxada.

A maioria da população americana está também em melhor posição que a portuguesa no que toca ao acesso à saúde. A segurança social americana investe 1,4 trilião de euros na saúde. Assim, 72 milhões de idosos, crianças, pobres ou deficientes americanos têm acesso a seguros de saúde que podem ser privados, mas são pagos pela segurança social, por isso são tendencialmente gratuitos ou de baixo custo.   Havendo ainda contributos extra quer do governo federal quer a nível de cada estado. Há dois principais programas públicos na saúde: Primeiro, o “medicaid” para crianças, deficientes, trabalhadores pobres, desempregados comprovados pobres ou idosos pobres (https://www.medicaid.gov/). Estes grupos têm na América mais fácil e rápido acesso a hospitais privados bem geridos do que os portugueses de grupos similares, condenados aos hospitais públicos, na maioria mal geridos e com listas de espera de anos. O segundo programa é o “medicare” que é de acesso universal para todos os idosos americanos acima de 65 anos, independentemente dos rendimentos (https://www.medicare.gov/).

A população americana não pobre, em idade ativa e sem deficiências, logo que pode trabalhar tem de ter seguro de saúde através do seu empregador ou pagar seguro privado. No entanto isso também acontece em Portugal onde 50% da população portuguesa tem de pagar ADSE ou seguros privados, além de impostos muito mais altos, supostamente para ter excelente acesso gratuito na saúde, mas na realidade uma ilusão paga com dupla tributação, já que o SNS português está em deterioração severa.

Como os maiores empregadores da população americana são empresas grandes ou médias, estas geralmente providenciam seguros de saúde aos seus empregados e familiares dependentes, pagando a maior parte dos custos de saúde. Com esses planos a maioria dos trabalhadores e suas famílias tem assim acesso fácil e rápido a hospitais privados, especialistas, testes de diagnostico, cirurgias, medicamentos inovadores, etc. (Coverage in employer medical care plans among workers in different wage groups in 2022 : The Economics Daily: U.S. Bureau of Labor Statistics (bls.gov)).

Tal como o seguro automóvel é obrigatório em Portugal, o seguro de saúde é obrigatório na América. Aqueles que trabalham em pequenas empresas tem de facto mais probabilidade da sua empresa não oferecer seguro e terem de o comprar na totalidade por si próprios (Cigna Healthcare | Health Insurance, Dental Plans & Medicare). No entanto, como não é pedido aos pobres esse esforço (relembremos que os pobres têm “medicaid”) aqueles que tem de pagar seguro em geral ganham muito mais e são menos taxados que em Portugal. Por isso mesmo contando com a despesa do seguro privado, que relembremos, 50% dos portugueses também têm, ficam com um rendimento disponível muito superior aos Portugueses. As universidades também providenciam seguros aos seus estudantes. Alternativamente, os estudantes podem manter o seguro dos pais até pelo menos aos 26 anos.

Como nos EUA o desemprego anda na casa dos 3%, é principalmente quem não quiser trabalhar por muito tempo ou estiver ilegal que poderá ter mais dificuldades no acesso à saúde. Mesmo aí o governo federal e estados americanos fazem um esforço para providenciarem assistência na saúde gratuita aos mais necessitados, inclusive a milhões de emigrantes ilegais. Outro grupo minoritário (pois anualmente na declaração de impostos exige-se comprovativo de seguro) são aqueles que não sendo pobres e podendo pagar seguro obrigatório, decidem violar a lei e não o ter em dia. Esses poderão ter de endividar-se em caso de acidente, mas são raros os casos de tratamento recusado por falta de seguro ou dinheiro.

Se o doente não tiver o seguro obrigatório nem dinheiro não é deixado sem tratamento porque em muitos hospitais americanos a administração dos hospitais tenta depois reaver o dinheiro nos vários programas dos estados ou do governo federal para esse feito.  Caso o dinheiro não seja reavido é acomodado na secção de perdas anuais, que existe para isso, dos relatórios contabilísticos dos hospitais.

Nenhum sistema de saúde é perfeito, mas o sistema americano parece-nos funcionar melhor que o SNS de tal forma este último se deteriorou. A maioria dos hospitais americanos são organizações sem fins lucrativos (50%) ou do governo (15%). Apenas 35% dos hospitais são companhias privadas com objetivos de lucro.  Acontece que mesmo os hospitais sem fins lucrativos, para poderem prestar serviços de saúde bons e rápidos para os seus doentes, têm de ser bem geridos e cumprir orçamentos. Portanto, têm de cobrar dinheiro aos seguros para pagar bons salários aos médicos e técnicos de saúde, manter operacionais os equipamentos de diagnostico, cirúrgico, etc. Ou seja, ao contrário do SNS luso, não definham pagando mal aos médicos e enfermeiros, esbanjando dinheiro devido a uma gestão sem objetivos de eficácia para os doentes, feita por gente raramente avaliada por resultados, mas nomeada frequentemente por ligações ao PS. Os hospitais americanos são bem geridos por gestores qualificados, contratados por mérito e constantemente avaliados por resultados. Naturalmente pedem aos utentes seguro de saúde que, repetimos, é obrigatório por lei e que na maioria dos casos os empregadores ou o estado asseguram.  O sistema de saúde americano é desta forma bem financiado, logo mais presente e eficiente para o doente que o cada vez mais decadente SNS português nas mãos do PS.

A imprensa e TV portuguesa adora ampliar as histórias de horror de casos pontuais de problemas no acesso à saúde na américa para tentar justificar altíssimos impostos com poucochinho retorno mas em Portugal parecem-nos muito mais preponderantes os problemas de acesso, por exemplo com casos sucessivos de mortes nas urgências após  horas de espera (“Situação caótica” na urgência de Penafiel pode ter contribuído para morte de idosa – Observador).

Por vezes lemos até na imprensa portuguesa alucinações socialistas como os americanos reformados virem para Portugal por precisarem da saúde gratuita portuguesa. É possível que no princípio alguns até se possam deixem enganar pela propaganda socialista portuguesa, europeia e até de certa imprensa e televisão nos EUA ligada à ala esquerda mais radical do partido democrata, felizmente com pouco peso eleitoral. Nos EUA essa ala inclui Alexandria Ocasio Cortez, uma espécie de Pedro Nuno ou Mortágua americana, e Bernie Sanders, uma espécie de Tavares. Estes dois insistem que na Europa a saúde é o Paraíso na terra, apesar de nunca terem experimentado o SNS português.   Este é  um paraíso em teoria socialista, na pratica infernal assim que os Americanos  descobrem a lentidão do SNS luso vão logo a correr comprar bons seguros privados portugueses que, para tais bons clientes, até já escrevem os folhetos em inglês. Os Reformados americanos podem facilmente adquiri-los porque, como já explicámos, ganham milhares de euros de pensão e tem centenas de milhares de euros nas contas. Como também vimos, mesmo que não comprem, se precisarem, podem regressar aos EUA para beneficiar do programa medicare para idosos.

Apesar das reformas americanas serem grandes, como o custo de vida na bem-sucedida economia americana é alto, mas é baixo na nossa malsucedida economia socialista, os reformados americanos vêm a Portugal para a sorte do melhor de dois mundos:  Reformas altas americanas e preços baixos lusos, ao sol. Não querem saber das nossas pensões nem do SNS.

Os portugueses, apesar de todas estas verdades azaradas a nível social para eles e de pagarem muito mais impostos que os americanos, literalmente para o boneco (um boneco que vem da JS) vivem iludidos que estão melhor com o socialismo lusitano do que com o capitalismo americano.

Um exemplo recente, inesperado mas muito elucidativo, aconteceu quando fomos a Portugal neste Natal e recebemos como prenda o livro “Ganhar Dinheiro” do consultor financeiro português, Pedro Andersson. Primeiro não queríamos acreditar, depois não sabíamos se havíamos de chorar ou rir quando detetamos nesse livro mais uma prova da ignorância lusa sobre os EUA. Logo na página 25, o autor afirma “muitos de nós (portugueses) nem sabem a sorte que temos,” comparativamente com os EUA, apresentando duas razões para isso: A primeira, claro, o eterno SNS que “bem ou mal” é sempre louvável. Isto apesar de termos explicado acima que muitos americanos também têm saúde paga pelo sistema público e metade dos portugueses também tem de complementar saúde pública com privada. A segunda razão do autor é que “lá (nos Estados Unidos) não existe o equivalente à nossa segurança social.”  Essa afirmação deixou-nos completamente boquiabertos.  É que nos EUA a segurança social descrita não só existe como comprovámos neste artigo, mas ainda por cima existe desde 1935. Portanto, há muito mais tempo que em Portugal que só criou a primeira lei de bases em 1984. Uma parte importante da história financeira da América é precisamente o “New Deal” do presidente Roosevelt que criou a segurança social em resposta à grande depressão financeira dos anos 1930s. O nome é parecido, logo fácil de traduzir e perceber que existe “social security” nos EUA e depois descobrir que paga melhores pensões de velhice que as portuguesas.

Tal desconhecimento sobre os EUA não é caso único e está longe de ser um exemplo isolado não só na imprensa portuguesa, mas até em imprensa internacional ligada à esquerda.  Portanto, não queremos fazer juízo de valor sobre Andersson, que não conhecemos pessoalmente nem sabemos a sua ideologia. Este autor no resto do livro até dá bons conselhos financeiros aos portugueses, reconhecendo indiretamente, afinal, que eles têm de poupar e investir senão o dinheiro da pensão de velhice não vai chegar para se reformarem.   No entanto, não deixa de ser assustadora tamanha desinformação que, mesmo que seja inadvertida, ajuda a perpetuar o medo dos portugueses em dar o salto do socialismo e ideias esquerdistas empobrecedoras para a prosperidade do capitalismo e dos modelos económicos liberais associados à direita.

Infelizmente, por motivos que me são alheios, não vou conseguir votar nas legislativas de 2024 para ajudar os portugueses a dar esse salto para a prosperidade. Gostava de votar contra as promessas ocas e a desinformação da esquerda radical empobrecedora chefiada por Pedro Nuno Santos, sucessor de Costa e Sócrates, conspirador com eles e com outros “jovens turcos” de idoneidade dúbia como João Galamba. Todos contra um homem sério e integro que representava um PS ético de esquerda moderada perto do centro liberal, Antonio José Seguro.

Não vou poder votar contra este PS radical de esquerda e seus aliados PCP, BE e Livre porque apesar de estar registado no consulado português de Boston desde o verão de 2022, nem quase dois anos foram suficientes para esses serviços públicos me registarem para votar ou explicarem-me o que fazer além do registo no consulado, apesar de várias idas lá. Já no consulado português da zona de Londres, em Inglaterra, onde vivia anteriormente, passava-se a mesma incompetência típica do estado socialista. Tantas dificuldades ou impossibilidade de votar para tantas centenas de milhares de portugueses no estrangeiro comprometem até já a democracia e a legitimidade de quem não a defende. Repetimos com este o PS, Portugal está cada vez mais longe da social-democracia.

Concluímos, portanto, apelando a todos os leitores, que humildemente esperamos ter deixados mais informados, que no Domingo 10 de Março façam aí em Portugal o que eu não consigo fazer aqui dos EUA devido à incompetência do socialismo português: votem no liberalismo ou na direita como os americanos fazem. Só isso poderá aproximar Portugal dos altos salários, baixos impostos, eficiência e melhor social-democracia do capitalismo americano.