Um talho de Vila Nova de Gaia colou na montra três fotografias idênticas de uma moça na praia. Em cada uma acrescentou o nome de uma mercadoria disponível e o valor do respectivo quilograma: “Vitela branca p/assar” (a 9,50 €); “Coxa de frango” (1,40 €); e “Lombo p/assar, costeletas e tiras entrecosto” (3,98 €). Quando passasse pelo estabelecimento, uma pessoa normal teria uma de várias reacções. Podia não reparar em nada. Podia avaliar momentaneamente os atributos da moça. Podia sorrir da parvoíce em questão. E podia adquirir uma selecção das carnes anunciadas, motivado pelos preços módicos. Em qualquer dos casos, num mundo de pessoas normais, a vida continuaria sem sobressaltos e o talho continuaria com as fotografias.
Sucede que o mundo que temos está repleto de anormais. Alguns, ou algumas, integram um Movimento Democrático de Mulheres (MDM), agremiação que se apressou a fazer queixinhas a uma Comissão para a Igualdade de Género, sob o “argumento” (?) de que “o corpo da mulher” não pode servir, “subliminar ou explicitamente, para vender todo o tipo de produtos, num mercado que tem interesse em vender e que sabe que assim assegura melhor esse objectivo”. Não comento o português de sarjeta ou o ódio ao terrível “mercado”, exclusivamente interessado em “vender” (ai, Jesus!). Apenas me ocorre que falar do “corpo da mulher” é vago. De qual mulher? Da mulher do anúncio, que pode utilizar o seu corpo como entender? Ou das mulheres do MDM, cujas figuras só conseguem ajudar a despachar, “subliminar ou explicitamente”, um único produto, leia-se o ressabiamento em que o nosso tempo é fértil?
Não pensem que estou a presumir o físico das sócias do MDM a partir de estereótipos. Em nome do rigor científico, visitei o site daquilo. E os estereótipos batem certíssimo. O pior é que os estereótipos exteriores não são o pior. Além de também baterem certo, os interiores batem recordes.
Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.