Pois é só faltam três anos para chegarmos àquele número/símbolo – 48 – que levámos o século XX a soletrar como sinónimo de decrepitude política. Quiçá imaginando que a democracia, à semelhança de nós mesmos, seria jovem para sempre e como tal um tempo eterno de promessas, sonhos e desejos, cujo saldo, a ser feito, só aconteceria daí a muito tempo. Pois o tal “muito tempo” chegou: a democracia vai fazer 45 anos anos e mais uma vez quem nos governa conduziu-nos a um beco que não digo sem saída porque na História há sempre saída pode é ser uma saída que nem nos piores pesadelos pensámos ter de palmilhar.
Em 1974, 48 anos depois do golpe do 28 de Maio de 1926 que levou à instituição do Estado Novo, o país estava politicamente bloqueado, com as suas elites tratando da sua vidinha enquanto esperavam que os militares resolvessem o assunto. O assunto em questão era a natureza ditatorial do regime e o Ultramar.
Em 2019, as elites continuam tratando da vidinha, o país está novamente bloqueado, só não se sabe quem vai agora tratar do assunto. O assunto agora chama-se Estado Social. Ao contrário do que aconteceu com o Ultramar, deste novo cenário de guerra não podemos partir. Não há caixotes nem pontes aéreas que nos levem para fora do inferno.
Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.