Os democratas puríssimos que acompanham a candidatura do dr. Nuno Melo chamaram os jornais para neles tornar públicas duas manobras que “merecem repúdio”. No entender do dr. Nuno Magalhães, que se prestou a representá-los, “não há eleição democrática” se as coisas forem como são – ou como seriam, caso fossem eles a mandar no CDS.

Primeira velhacaria: “os opositores” deles, ou seja, a actual direcção, não lhes dá nem os deixa consultar os cadernos eleitorais. Depreendemos que, se o dr. Nuno Melo mandasse, os cadernos eleitorais seriam entregues ao primeiro militante que anunciasse num jornal – ou no facebook, ou subido ao caixote num jardim – a sua vontade de se candidatar. Um erro evidente e grave.

Os cadernos eleitorais estão sujeitos ao sigilo e, ainda para mais, o partido é obrigado a respeitar a legislação existente sobre protecção de dados. Serão entregues, como ele bem sabe, aos mandatários das listas de delegados. O dr. Nuno Melo devia abandonar as redacções dos jornais e tratar de formalizar a sua candidatura. Ele que escreva primeiro, ou ponha os seus 150 sábios a escrever, uma Moção ao Congresso. Até lá, todos os militantes são possíveis candidatos e serão tratados em pé de igualdade.

Segunda velhacaria: a actual direcção “substituiu senadores sem aviso”. Sucede que o Senado anterior, eleito pela direcção de Assunção Cristas, terminou o mandato em Janeiro de 2020. Para todos os efeitos, o CDS não tinha Senado.

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O que esta direcção, de Francisco Rodrigues dos Santos, fez agora foi eleger um Senado novo. Para isso ouviu primeiro as distritais, construiu uma lista e submeteu essa lista à aprovação do Comissão Política Nacional. Assim, o Senado voltou a existir. Só falta lamentarem, como quando a data do Congresso lhes desagradou, que a decisão do Comissão Política Nacional foi uma “manobra de secretaria”. Este conjunto de permanentes queixosos mandou no partido, tudo somado, por mais de vinte anos. Convinha respeitarem os órgãos do CDS, que legitimam a história do CDS, e dão forma à natureza do partido que, por mais de vinte anos, não se distinguiu das suas vidas. Que se saiba, nunca tiveram outra. Aparentemente, até o seu próprio passado político estão dispostos a escavacar.

A respeito do Senado, é bom lembrar o seguinte: os nomes que o dr. Nuno Melo instrumentalizou serviram para fazer uma flor no Congresso de Lamego; mas o partido, enquanto foi governado pelos apoiantes do dr. Nuno Melo, nunca trabalhou com eles. Não reuniram uma única vez.

Nós, ou seja, a direcção de Francisco Rodrigues dos Santos, tratamos de corrigir a fraqueza anterior, cumprindo a nossa parte: reactivar o Senado e dar-lhe a dignidade que merece.

De resto, convém prevenir que esperamos dos nossos opositores estas voltinhas esquisitas, contorcidas, encaracoladas, nas dobras entre o que é mostrado e o que é escondido, na zona cinzenta entre o pequeno escrúpulo e a pequena astúcia. Aprenderam a fazer política assim e não sabem fazer de outra maneira.