Quando eu nego o que o sistema nega e afirmo o que o sistema afirma, nenhum traço de rebeldia me caracteriza. Por isso, hoje, a rebeldia é apanágio dos conservadores. O conservador é um rebelde que resiste, ainda que esteja em desvantagem numérica, económica e tecnológica.

A maior parte dos seus concidadãos são realmente indiferentes, mas essa indiferença transforma-se em apoio aos mais fortes quando estes sabem utilizar tanto os incentivos negativos como os positivos. O indiferente é um lacaio do sistema. O outro lado da indiferença é a submissão. Também a preguiça e a cobardia estão causalmente relacionadas com a indiferença.

Mas, o rebelde supera os medos, a submissão, a preguiça, o niilismo, e propõe-se resistir a poderes muito superiores aos seus. Ele não teme; e quando teme, não fica paralisado. Os conservadores do nosso século estão entrincheirados na cidade, no campo, nas redes sociais, nas universidades, nas igrejas, nos cafés e nas cervejarias. Eles começaram a multiplicar-se com muito pouco e contra demasiado.

Vejo-os a ripostar com contas de Facebook, Instagram e Twitter que são censuradas vezes sem conta, mas que são recriadas outras tantas vezes, sem descanso.

Vejo-os a pôr em prática a sua criatividade através de memes que denunciam e ridicularizam o status quo, a editar vídeos em canais do YouTube desmonetizados que estão sempre à beira do terceiro strike, a compor música politicamente incorrecta nos seus próprios computadores e a lutar para a carregar no Spotify (eu própria gravei alguns podcasts, sobre a imposição da ideologia do género, mas fui censurada).

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Vejo-os a escrever livros que são publicados como edições de autor, usando as suas poupanças para pagar a quem os pagine e faça a capa, imprimindo-os sem qualquer formalidade burocrática e depois lançando-os como “munições de guerra” em conferências, seminários, encontros e livrarias alternativas.

Vejo-os a organizar conferências, como a que decorrerá no Fórum Lisboa, no dia 20 de Maio, das 9:00 às 18:00 (bit.ly/familiaconservadora2023), pedindo donativos para pagar o espaço, porque o orçamento minúsculo não dá para nada, difundindo o evento “boca a boca”, nas redes sociais, lutando contra as ameaças de cancelamento e a hostilidade dos meios de comunicação social hegemónicos.

Vejo-os a organizar grupos dissidentes nas suas universidades, a duplicar as suas leituras desde que decidiram ler a bibliografia exigida pelo professor, mas também a outra.

Vejo-os a debater: com professores, com os novos “tudólogos”, com colegas, com amigos e inimigos.

Vejo-os a dizer “NÃO” onde todos se ajoelharam ao politicamente correcto e ao “novo normal”.

Mas, também os vejo dizer “SIM” a tudo o que essa cultura absolutamente maligna e imoral diz “não”: à vida, à família, à pátria, à propriedade privada, à liberdade.

Vejo-os a usar o seu próprio corpo para defender as suas igrejas enquanto movimentos esquerdistas tentam incendiá-las.

Vejo-os a defender a propriedade pública e privada, a sua e a dos outros.

Vejo-os a tentar construir novos partidos políticos, quase sem nenhuma experiência anterior, sem quaisquer apoios financeiros além das moedas que conseguem tirar do próprio bolso.

Vejo-os, em muitos casos, a obter agradáveis ​​surpresas eleitorais quando conseguem perseverar.

Vejo-os a criar think thanks, formações on-line, gabinetes de estudos e conteúdos digitais alternativos, que recebem cada vez mais visitas.

Vejo-os a fazer campanha contra séries e filmes absolutamente ideológicos, que promovem o wokismo e a cultura da bandeira colorida, produzidos por grandes corporações.

Vejo-os a obter vitórias contra gigantes multi-milionários, como a Disney e o Buzz Light Year.

Vejo-os a repudiar as associações lgbtetc e as drag queens que entram nas escolas, com a bênção do Estado, para destruir as cabeças das crianças com o discurso da “desconstrução do género”.

Vejo-os a marchar pelos mais indefesos de todos: os que ainda não nasceram, mas que já existem e são um de nós.

Tudo isso, e mais alguma coisa, está a causar o pânico entre os progressistas globalistas. A rebeldia tornou-se sinónimo de direita, e não podia ser de outra forma. A rebeldia consiste em dizer “não” ao sistema estabelecido, à nova esquerda. Uma vez que a nova esquerda fez do progressismo o seu dogma oficial, não podia acontecer outra coisa: a rebeldia da nova direita está a despertar.

É claro que o progressismo e a nova esquerda continuam a fazer-se passar por rebeldes; estão desesperados, pois não querem perder o capital simbólico tão caro à sua tradição política, mas têm cada vez mais dificuldade em fazê-lo. O seu idiotismo é um idiotismo [in]útil. Rebelam-se contra o que o sistema estabelecido procura destruir, e nada mais. Rebelam-se quando os seus caprichos não são satisfeitos.

Lamentam-se e choramingam diante das autoridades (que tanto odeiam e às quais têm vindo a retirar força) quando os seus opositores dizem algo que não lhes agrada, acusam de “discurso de ódio” todos os que não se ajoelham diante dos seus slogans pré-fabricados, exigem “espaços seguros” nas universidades para não ouvirem nada que os faça pensar, exigem o apoio das organizações internacionais e os donativos incalculáveis das ONG dos meta-capitalistas para cumprirem as suas agendas. Tudo isto está a tornar-se cada vez mais óbvio e a provocar a revolta daqueles que têm vindo a ser alvo de ataques constantes.

Por seu lado, a nova direita, tão odiada pela nova esquerda e pelo centro-esquerda, que todos, um dia, pensámos ser a direita, ergue a voz contra a casta política e a burocracia parasitária que vive à custa dos povos, contra as organizações internacionais que fazem das nossas soberanias uma ficção e das nossas democracias uma piada, contra os “filantropos” do meta-capitalismo global que injectam as suas fortunas na engenharia social e cultural, que ameaça destruir a sociedade de matriz judaico-cristã, contra os papas da big tech que usam o seu poder para destruir a liberdade de expressão nas “redes sociais”, contra os meios de comunicação social hegemónicos desesperados por manter o monopólio das fake news, contra o establishment académico que promove, recompensa e concede qualquer disparate com a única condição de que se enquadre nas exigências da religião woke que também domina o status quo.

Quando observamos a forma que o poder assumiu, quando ouvimos os líderes dos partidos que sempre estiveram no poder, não podemos deixar de constatar que há uma nova direita, que se tornou rebelde, e que a esquerda, o centro-esquerda e a direita fofinha se tornaram o sistema.

O ethos rebelde da Nova Direita, tomando como modelo os conservadores, deve assentar na virtude da coragem. Nada de vitimização; é esse o vício que caracteriza a rebelião idiota da nova esquerda. Como escreveu François Bousquet:

Perante o tratamento mediático que nos é reservado, a nós, identitários, a nós, portugueses, a nós, europeus, grupo social inferior, parente pobre das políticas de diversidade e paridade, nenhuma quota para nós, nenhuma consideração.

Nós, conservadores, nós, de direita, subalternizados por tudo e todos, somos o saco de pancada favorito dos poderes políticos, mediáticos, culturais e académicos.

Nada é mais fácil do que rirem-se de nós, insultarem-nos, fazer de nós bodes expiatórios, acusarem-nos de sermos “negacionistas”, “fascistas”, “d’extrema-direita”, apontarem para a cor da nossa pele (branca), para o sexo masculino (homem), para a nossa orientação sexual (heterossexual), procurando desintegrar-nos, ainda que muitos de nós, conservadores, tenham outra cor de pele, outro sexo (mulher) ou outra orientação sexual.

Nada é mais fácil do que fazer-nos a vida negra nas universidades, baixando as nossas classificações, retirando-nos os nossos méritos e até ameaçando-nos com a retirada dos nossos títulos académicos, que eles próprios nos concederam.

Nada é mais fácil do que expulsar uma criança de 12 anos da escola por usar uma t-shirt com a frase: “Só há dois géneros”. Ou seja, por dizer o óbvio, o normal, o natural, por expressar a sua fé, aquilo em que acredita.

Nada é mais fácil do que cancelar os nossos eventos, denegrir a nossa fé, atacar o cristianismo, cuspir e ridicularizar tudo o que consideramos sagrado. Difícil, seria fazer o mesmo activismo no meio islâmico.

Nada é mais fácil do que acusar-nos de «discurso de ódio» quando nos defendemos dos odiadores que monopolizam o «discurso do amor».

Nada é mais fácil do que excluir-nos. É o paradoxo da sociedade inclusiva: só funciona sob o preço da nossa exclusão.

Mas não choraminguemos por nada disto. Deixemos que os progressistas choraminguem, entreguemos-lhes alegremente o monopólio das birras e o estatuto de eternas vítimas, coitadinhos.

E se alguma lágrima vertermos, que seja de coragem, não de cobardia. A nossa energia não provém de vitimização e lamúrias, mas sim da coragem de sabermos que estamos a resistir. Então, que cada ataque se converta numa medalha, que cada insulto nos leve a constatar que estamos a incomodar e que devemos continuar a fazê-lo.

A nossa coragem é o que eles mais temem. Temem que o facto de nos pisarem constantemente e a humilhação a que nos querem submeter se traduzam, não em vergonha, culpa, auto-comiseração e desculpas, mas sim em CORAGEM.

Eles, aqueles que fazem política com o nosso dinheiro, com o seu umbigo, com o seu sexo, com a sua menstruação e com dietas vegans, não conhecem a verdadeira coragem de fazer política pela nossa liberdade, pela nossa família, pela nossa Pátria e pelo nosso Deus.

Esta coragem, se for finalmente posta em prática, vencerá!

Efectivamente, eles têm vindo a pisotear as nossas liberdades, a ridicularizar a nossa fé, a demonizar a nossa família, a encher a cabeça dos nossos filhos de lixo ideológico, a incendiar igrejas, a defecar nos altares, a hormonizar e mutilar sexualmente as nossas crianças, mas não contaram com a nossa coragem.

Que, hoje, seja o dia do início do maior movimento conservador, da nova direita, da presente e das futuras gerações.