1 António Costa é um político com sorte. Sorte por estar no lugar certo à hora certa. Sorte porque governa no momento em que a direita enfrenta uma crise nunca vista em democracia. Sorte porque em plena crise beneficia de ajudas que lhe caem aos pés de paraquedas, como a famosa bazuca europeia, ou a competência de um oficial de marinha.

Na quinta-feira foi um bonacheirão António Costa que veio anunciar ao país o início da libertação. Durante a explicação, como sempre atabalhoada, o Primeiro-Ministro acaba por reconhecer que, se aqui chegámos, a principal razão está na proteção que a vacina confere apesar da permanência do vírus entre nós. Etapa após etapa, ficámos a perceber que mesmo na vesperazinha das eleições autárquicas os Portugueses terão por fim a sua liberdade de volta. Mesmo a tempo de porem a cruzinha no boletim de voto, como se o facto de estarmos quase todos vacinados por essa altura a ele se devesse.

O aproveitamento político é irritante, mas compreensível. Afinal, para quem fez carreira com base na sorte, não se pode desperdiçar a ocasião de gerir a feliz coincidência dos prazos definidos para o avanço do processo de vacinação com a proximidade da ida às urnas.

Neste caso, a sorte do Primeiro-Ministro é o nosso azar. António Costa usa a sorte que lhe cai no colo, como um príncipe consorte. Põe uma cara feliz na fotografia de família e pouco mais. Falta-lhe um trabalho a sério com que se ocupar. Vai ganhando as eleições, mas o povo pouco lucra com isso. E o país continua a perder oportunidades de progresso.

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2 Já aqui elogiei o vice-almirante pela forma competente como tem conduzido o processo de vacinação em Portugal, colocando-nos no ranking dos melhores do mundo na execução desta importante tarefa.

Hoje trago de novo à baila Gouveia e Melo, porque a forma como o poder político aproveita a boleia do seu sucesso, ignorando a importância do seu trabalho, é um bom exemplo para percebermos porque é que o país não sai da cepa torta.

Se neste momento podemos ver uma luz ao fundo do túnel escuro que a pandemia nos trouxe, devemo-lo ao trabalho meticuloso e muito competente do vice-almirante. Devíamos aprender com o seu exemplo. Se o fizéssemos o país tinha muito a ganhar. Não reconhecer o fator Gouveia e Melo como fator chave para a libertação do país é perder a oportunidade de aprendermos uma lição que nos falta há muitos séculos.

Não, Gouveia e Melo não é extraterrestre. Nem os nossos atletas medalhados nos Jogos Olímpicos. São portugueses como nós que acreditam no mérito do trabalho com objetivos bem definidos. Não perdem tempo a queixar-se dos outros, do país ou da falta de condições. Metem mãos ao trabalho e obtêm resultados ao melhor nível mundial.

Se os portugueses aprendessem com o seu exemplo em vez de perderem tempo a comentar a sorte do Primeiro-Ministro, Portugal podia ser aquele país com que todos sonhamos.

O fator Gouveia e Melo demonstra-nos que podemos fazer tão bem ou melhor do que os outros, partamos nós de onde partirmos. Se por uma vez nos inspirássemos nas pessoas certas, talvez o país pudesse tomar rumo para um lugar diferente com o muito dinheiro que Bruxelas nos vai entregar para endireitarmos caminho.

Portugal não tem que ser eternamente pobre, periférico e, de acordo com o último Censos, velho e a definhar. A receita em qualquer caso implica trabalho e empenho para alcançar objetivos atingíveis, deixando de lado os queixumes e as justificações. Os bons exemplos mostram que o trabalho compensa.

A pergunta a fazer é simples: será que preferimos aprender com Gouveia e Melo ou com o político com sorte?