1. Durante longas semanas vi o fantasma do Verão galopar à minha frente sem nunca o apanhar. Estranha corrida. Se no Oeste o Verão sempre caprichou, este ano a cor do céu e a zanga do vento transfiguraram-no no ausente desejado (e não só nas minhas moradas).
Para alguém que espera pela “única estação” como por ”outra vida” e se vê desconsoladamente sem ela, não sei se foi mais injusto que triste. Onde estavam os dias sem fim, a luz, as noites quentes e os pés descalços? O solo acre de calor, a vida ao relento, ar quente da esteva cobrindo as dunas, o cheiro a maresia? O mar e as ondas e a volúpia disto tudo?
O desconsolo foi sempre maior que o consolo.
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