Com a fraca natalidade e o êxodo europeu dos jovens em idade de trabalho, esta faixa etária tornou-se rara e, como tudo o que rareia, o seu valor cresceu muito. São jovens bem formados, educados, com valores e portadores de uma cidadania europeia e isso facilita muito a integração nos países de acolhimento. São jovens conhecedores em informática, inglês e num outro conjunto de competências específicas – área de graduação nos estudos – e preparados para serem cidadãos da Europa de pleno direito.

Confrontados com a falta de prospetiva estratégica dos últimos anos, que permitisse aos jovens constituir família, ter casa, trabalho e realização em Portugal, estes rumaram ao mundo desenvolvido que os acolhe (pois esses países têm problemas idênticos de insustentabilidade demográfica, que tentam compensar mediante políticas ativas de atração de imigrantes) e os remunera reconhecendo as suas competências.

Como este fluxo não é compensado por fluxo de sinal inverso e apenas atenuado com a vinda de alguns imigrantes para Portugal, mas não tão qualificados como os que rumam à Europa, ficamos deficitários em qualificações e ficamos também em perigo de sustentabilidade geracional e social, sobretudo se atendermos ao facto de em Portugal os nascimentos serem menos 43 mil pessoas do que as mortes em cada ano, tornando o saldo natural deficitário por décadas.

Como não soubemos planear bem, vamos agora remendar, com a nossa habitual reação, a situação de fragilidade demográfica em que nos encontramos. Vamos por exemplo flexibilizar as competências de quem pode ser docente no ensino secundário. Criámos um programa para fomentar o regresso dos que partiram (de resultados quase nulos e ainda assim recentemente prorrogado sem uma revisitação digna desse nome) e damos benefícios fiscais que promovam a vontade de ficar, pagando menos impostos sobre o rendimento.

Mas ficar onde? Num país em que a igualdade de oportunidades lhes está vedada? Onde o trabalho não permite ter rendimentos suficientes para as grandes decisões de vida? Onde o mérito não é premiado?

Não será, pois, tarefa fácil esta de reter talento e jovialidade em Portugal. Antevemos muita dificuldade na tarefa de diminuir o elevado índice de dependência de idosos que apresenta dos valores mais críticos não só da Europa mas de todo o mundo.

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