Ainda abananados pelo resultado das eleições, os portugueses encontram-se de braços caídos, sem saberem o que fazer. Felizmente, podemos contar com a velocidade de reacção da JS que, instantaneamente, publicou nas suas redes sociais um cartaz a exortar o povo à acção. Por cima de um punho erguido está o slogan “Junta-te à resistência”. Depois, lê-se: “pela Liberdade, pelo Estado Social, pelo Progresso”. Uma lista, ainda que reduzida, de muito do que está em perigo agora que vamos ter um governo do PSD a conduzir-nos à tirania, como sempre aconteceu nas inúmeras vezes em que já governaram desde o 25 de Abril. Faz bem a JS em estar atenta e perceber que o que vivemos agora tem paralelos com a 2.ª Grande Guerra.

Através da penumbra que desceu sobre a sociedade portuguesa, vislumbra-se uma candeia de esperança que alumiará o caminho que teremos de percorrer para sair desta situação tenebrosa. Essa candeia chama-se JS e o caminho é o da resistência, do sacrifício e da abnegação, necessários para encarar sem medo aquelas situações limite nas democracias em que os resultados eleitorais não são do nosso agrado. Glosando as imorredoiras palavras do poeta Alegre: “Mesmo na noite mais triste, em tempos de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que faz um cartaz giro no Photoshop”.

Um mês depois da morte de Alexei Navalny, enquanto o mundo ainda chora a perda de um resistente à tirania, eis que surge o sucessor. Miguel Costa Matos, o Espártaco do Largo do Rato. O Mandela de Carcavelos. O Zapata de São Bento. Costa Matos revelou-se um português da cepa de Martim Moniz, Aristides Sousa Mendes ou Salgueiro Maia. Tal como estes heróis, Costa Matos viu-se no meio de uma situação decisiva. E, tal como estes heróis, Costa Matos decidiu. Como Moniz às portas de Lisboa, Sousa Mendes no consulado em Bordéus ou Salgueiro Maia no Terreiro do Paço, Costa Matos estava no sítio certo, no momento certo: a liderança da organização juvenil do Partido Socialista no rescaldo de umas eleições democráticas. Tinha de actuar. O país pedia-o, a situação exigia-o, Costa Matos sabia-o. Agarrou-se ao computador e o resto é design. Na ocasião determinante, os jovens da JS disseram presente. Através de um corajoso like acompanhado por emoji do polegar em “fixe!”. Em nome da intervenção cívica, os militantes-mirim não hesitaram em perder 3 minutos para resistir.

Porém, embora admire a valentia dos jovens socialistas e lhes agradeça o provável martírio (afinal, a vingança dos governos eleitos do PSD sobre quem se atreve a resistir-lhes costuma ser célere e cruel), não consigo evitar um reparo sobre a linguagem. Sinceramente, comparar a vitória da AD à ocupação nazi da França parece-me um bocadinho ridículo. É preciso falta de imaginação para equivaler Montenegro a Hitler. A sério que Portugal em 2024 se tornou na Alemanha em 1942? É que eu olho para o que vem aí e não vejo o 3.º Reich. Não, eu vejo é o Império Galáctico. Não estamos a resistir a nazis. É pior que isso. Nós estamos a resistir ao pérfido Imperador Palpatine e ao seu capanga Darth Vader. Portanto, um cartaz a anunciar a resistência é espectacular, mas não chega. É preciso que Costa Matos e seus camaradas formem uma aliança rebelde para salvar Portugal. Juntem um mercenário dono de uma nave velhinha, porém velocíssima, um wookiee, uma princesa, um aprendiz de jedi e dois robots impertinentes, e comecem a resistir à séria. Não têm desculpa para não fazer nada. Sem empregos nos gabinetes ministeriais, o que não vai faltar à malta da JS é tempo.

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