Milhares de soldados prontos a entrar em ação sempre que necessário, através de ar, mar e forças especiais em terra. A nova força de reação rápida foi anunciada pelo secretário-geral da NATO, esta segunda-feira, em Bruxelas, e reflete a preocupação da Organização do Tratado do Atlântico Norte em reagir com rapidez em caso de ameaça súbita.

Em conferência de imprensa realizada na capital belga, Anders Fogh Rasmussen fez referência ao “comportamento agressivo” da Rússia na Ucrânia, mas também ao aumento do extremismo e da instabilidade “a sul”, devido ao avanço dos jihadistas do Estado Islâmico. “Estas crises podem irromper sem aviso próprio. Movem-se a grande velocidade. E todas afetam a nossa segurança de maneiras diferentes”, disse o secretário-geral da NATO.

De seguida veio a novidade.  “Vamos melhorar significativamente a capacidade de resposta da nossa Força de Reacção da NATO. Vamos desenvolver o que eu chamaria de uma ponta de lança [spearhead] de forma a enviar uma resposta com elevada prontidão, fiável e num prazo muito curto”. Em 48 horas, diz o Financial Times.

De acordo com o jornal britânico, a força pode ser constituída por 4.000 homens, cedidos pelos países aliados, onde Portugal se inclui. Os planos vão exigir “instalações de receção no território da NATO”, para que “esta força possa viajar leve mas atacar em força onde necessário”, disse Rasmussen”.  “Isso significa uma presença mais visível da NATO no leste durante o tempo que for preciso“, acrescentou.

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Antecipando que a notícia possa ser mal recebida por Moscovo, o Financial Times conta que o plano foi cuidadosamente preparado pelos advogados da NATO, de modo a garantir que se cumpre o acordo assinado em 1997 entre a organização atlântica e a Rússia. O acordo proíbe que haja novos “estacionamentos permanentes de forças de combate substanciais”.

Mais pormenores sobre esta nova força rápida deverão ser conhecidos na próxima Cimeira da NATO, que vai acontecer no País de Gales, esta sexta-feira, e que serve para assinalar o fim da missão de combate no Afeganistão, mas o tema dominante será a crise na Ucrânia. “As ações da Rússia contra a Ucrânia desafiaram os princípios fundamentais de uma Europa unida, livre e em paz”, pode ler-se na página da organização, criada durante a Guerra Fria.

Putin falou pela primeira vez, este domingo, na criação de um Estado independente no leste da Ucrânia. Durante uma entrevista a um canal russo, disse ser urgente entrar “em negociações” com os separatistas, para estabelecer a “estabilidade do leste da Ucrânia”. Segundo o ABC, o projeto de criar um Estado independente no leste da Ucrânia já tinha sido falado, à semelhança do que aconteceu na Geórgia em 2008, país com o qual a Rússia esteve em guerra cinco dias, por causa da região separatista da Ossétia do Sul.

De acordo com o Financial Times, Anders Fogh Rasmussen também deverá anunciar no País de Gales novos planos para estreitar relações militares com a Geórgia, o que também não agrada a Moscovo. A Geórgia quer aderir à NATO, o que permitiria à organização instalar uma base militar às portas da Rússia.