O Patriarca de Lisboa, reunido com os seus congéneres no Sínodo dos Bispos, que, este ano, conta com a presença do Papa Francisco, fez o balanço da primeira semana de trabalhos. Lembrando que esta reflexão incide sobre “a família em geral – não apenas no seu núcleo conjugal” e a sua relação com a fé cristã, D. Manuel Clemente considera que a Igreja não deve ser o fim da linha para os casamentos fracassados, nem “um hospital de campanha [ou] a morgue em que se multiplicam as autópsias de matrimónios defuntos”. A missão da instituição passa, por isso, pela proteção e pelo “apoio permanente” às famílias nestas condições.

Ainda assim, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considera existir, hoje, um “contraste” entre o que a “sociocultura globalizada difunde e sugere sobre a conjugalidade e a família” e a visão da Igreja:

“[A] Rarefação dos vínculos tradicionais e individualização das decisões e das existências, [a] desinstitucionalização e efemeridade dos compromissos, [a] desvalorização do que não seja imediato e logo compensatório: estas e outras notas tornam-se mentalidade e sensibilidade generalizadas, sem grandes diferenças à escala mundial”, avisou o bispo português.

Quanto à posição dos bispos sobre a questão dos divorciados recasados, D. Manuel Clemente desvaloriza a questão, que considera estar a ser demasiado polarizada pela comunicação social. Não se tratando do ponto principal deste Sínodo, o bispo português fez questão de destacar a evolução da Igreja em relação ao tema e não fecha as portas à reintegração: “Há sempre caminho [para a conversão] a percorrer, caminho aberto…”.

Este é mais um sinal de aproximação da Igreja Católica em relação aos casais divorciados, depois do Cardeal Kasper ter defendido publicamente que as pessoas nestas situações, ainda que dependendo dos casos, poderiam voltar a receber comunhão.

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