É um “ponto de viragem”, diz o economista-chefe do BCE, Peter Praet. Pela primeira vez em quase três anos, a concessão de crédito pelos bancos da zona euro teve uma evolução positiva. O que significa que, pela primeira vez desde maio de 2012, os bancos concederam em dezembro mais crédito às empresas e famílias do que no mês anterior. Uma subida ligeira, de 0,1%, mas que está a ser apontada pelos economistas como um marco muito positivo na retoma europeia e um sinal de que as medidas de estímulo do BCE estão já a produzir efeitos na economia real.

A concessão de crédito a famílias e empresas aumentou 0,1% em dezembro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em novembro, a evolução homóloga tinha sido negativa em 0,2%. A melhoria deveu-se, sobretudo, a uma contração menor nos empréstimos às empresas não financeiras (descida de 1% contra a quebra de 1,4% em novembro) e a uma aceleração do crescimento do crédito às famílias, que acelerou para 0,8% em dezembro, também na comparação homóloga.

“Estamos a verificar alguns sinais encorajadores, que sugerem um ponto de viragem” nos mercados monetários e de crédito, afirmou Peter Praet num discurso proferido no Luxemburgo esta quinta-feira. Citado pela agência Bloomberg, o responsável considera que “estamos a ver o ímpeto negativo a ficar para trás das nossas costas“. Peter Praet acrescentou que estes indicadores ajudarão a suportar a sua expectativa de que a inflação, atualmente em níveis negativos, “terá o ponto de inflexão no terceiro trimestre”, graças aos “instrumentos poderosos” utilizados pelo BCE.

O BCE anunciou a 22 de janeiro um programa generalizado de expansão monetária que inclui obrigações dos Tesouros públicos da união monetária. Já desde os últimos meses de 2014 que se tornava cada vez mais claro que o banco central iria enveredar por esta medida, o que produziu, desde logo, efeitos nos mercados financeiros e na atividade bancária de concessão de crédito na zona euro.

Acreditem ou não, o ciclo de crédito na zona euro está a virar“, comenta Frederik Ducrozet, economista do Crédit Agricole em nota enviada aos clientes. Já no dia 20 de janeiro foram divulgados dados, também pelo BCE, que indicavam que, pelo terceiro trimestre consecutivo, tinha havido um aumento da procura e, também, uma maior apetência dos bancos por conceder crédito.

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