Marques Mendes disse, este sábado, no comentário semanal na SIC, que o Programa de Estabilidade apresentado pelo Governo na quinta-feira é “uma desilusão em matéria fiscal” e que mostra que o Governo quase desistiu de cortar na despesa. “É sempre o mexilhão, através dos impostos, a pagar a fatura”, disse. Mais: o programa tem um desequilíbrio entre empresas e pessoas que, Marques Mendes espera ser “um lapso”.

O ex-líder do PSD referia-se ao facto de, no programa, a sobretaxa de IRS só desaparecer daqui a quatro anos, bem como a reposição dos salários dos funcionários públicos, quando se prevê que a contribuição existe sobre a Galp, EDP e REN termine em três anos.

“Logo no primeiro ano, há uma redução de 50%. É justo que as grandes empresas tenham um tratamento melhor do que os funcionários públicos ou trabalhadores por conta de outrem?”, disse.

Sobre este desequilíbrio, Marques Mendes diz que basta ter um bocadinho de preocupações sociais para perceber que não pode haver “esta injustiça entre empresas que têm grandes lucros e pessoas que ganham pouco mais do que o salário mínimo nacional”.

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No que diz respeito à matéria fiscal, o ex-líder do PSD afirmou que o país teve quase “um assalto fiscal à mão armada” e que no documento apresentado na quinta-feira, tudo se mantinha igual. “Se [o Governo] cortasse mais na máquina do Estado, podia baixar a sobretaxa em menos tempo. Era melhor para as pessoas e melhor para o Orçamento do Estado”, referiu.

Sobre a Taxa Social Única (TSU), Marques Mendes disse que pode ser uma “medida positiva”, porque ajuda a baixar os custos das empresas e a criar emprego, mas que foi “falada no tempo errado”. Para que seja positiva, é preciso que a União Europeia autorize a TSU e não sejam os trabalhadores a pagá-la.

Marques Mendes disse ainda que o Programa de Estabilidade era uma espécie de programa eleitoral da coligação e que não o achava um “documento eleitoralista”, de “caça ao voto”.

Sobre as eleições que se avizinham, o ex-líder do PSD disse que acredita que vai haver anúncio de coligação pré-eleitoral nas próximas semanas e que em matéria de sondagens António Costa estava igual a António José Seguro. Marques Mendes referia-se à sondagem SIC/Expresso, na qual o PSD recuperou 1,5 pontos percentuais nas intenções de voto.

“Se juntarmos os dois partidos [PSD e CDS/PP], na prática, estão empatados. Está tudo em aberto e há seis meses era impensável”, disse, acrescentando que “as coisas estão difíceis para António Costa”.