As negociações entre a troika e a Grécia sobre o terceiro pedido de resgate da Grécia vão começar esta segunda-feira em Atenas, disse este sábado um porta-voz do Governo grego. Atenas enviou na noite de sexta-feira o pedido ao FMI para receber um novo empréstimo.
Mesmo não tendo terminado nem o primeiro, nem o segundo resgates, A Grécia já formalizou o pedido de um terceiro resgate ao FMI e à União Europeia. As negociações começam na segunda-feira, depois de o Parlamento grego ter aprovado esta semana o segundo pacote de medidas impostas pelos credores para que as negociações pudessem começar.
“As negociações estão a correr como planeado”, disse à agência noticiosa alemã um porta-voz do Governo grego. A intenção de Alexis Tsipras será apresentar ao Parlamento grego uma proposta para o terceiro resgate até ao dia 18 de agosto, dois dias antes de ter de pagar ao BCE mais uma parcela da dívida comprada pelo banco central no mercado secundário.
Para as negociações avançarem faltará ainda mais uma leva de medidas prévias impostas pelos credores, onde estão duas áreas sensíveis para os deputados do Syriza no Governo: a eliminação gradual das reformas antecipadas e as isenções e benefícios fiscais à agricultura, em especial no que diz respeito ao gasóleo agricola.
As medidas nestas duas áreas foram retiradas e nem chegaram a integrar a proposta entregue pelo Governo grego na segunda-feira à noite ao Parlamento, e aprovada na madrugada de quinta-feira. Os deputados gregos tiveram pouco mais de dois dias para ler, discutir e aprovar quase mil páginas de medidas.
Syriza em convulsão interna
Depois da reviravolta nas negociações sobre o resgate à Grécia, que levaram Alexis Tsipras a aceitar as condições dos credores mesmo com um forte não no referendo à proposta da troika, a oposição ao caminho escolhido pelo Governo por parte dos próprios deputados do Syriza tem dado grandes dores de cabeça ao primeiro-ministro.
Tsipras decidiu cortar com a Plataforma de Esquerda, uma fação mais radical dentro do agrupamento de movimentos que é o Syriza, e afastou o líder desta fação do Governo, o então ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis. Lafazanis é ainda creditado por alguns órgãos de comunicação social como o responsável pela elaboração de um plano para tirar a Grécia do euro e voltar a usar o dracma.
No Parlamento grego o número de deputados do Syriza a oporem-se é considerável e entre eles está ainda o ex-ministro do Trabalho e o muito polémico ex-ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, que votou a favor do último pacote de medidas por uma questão de consistência, segundo o próprio, já que terá apoiado medidas semelhantes em fevereiro.
O corte com a Plataforma de Esquerda poderá no entanto ser ainda mais radical. Numa entrevista a um jornal grego, o ministro de Estado Nikos Pappas deu a entender que o Governo pode avançar para eleições antecipadas assim que o acordo para um terceiro resgate estiver fechado, e que os membros da Plataforma de Esquerda poderão ficar fora da lista.
O ministro entende que o Governo precisa de uma maioria clara e que nesta altura a Grécia não se pode dar ao luxo de ter um Governo minoritário.
Entretanto, Alexis Tsipras já disse também que a sua prioridade é conseguir um terceiro resgate para a economia grega e que só depois disso irá lidar com as consequências políticas que dai irão resultar.