A Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial do BES (AIEPC) vai promover esta quarta-feira uma manifestação, que se inicia na sede do Novo Banco, em Lisboa, e que passará por vários pontos da capital, incluindo o Banco de Portugal.

Esta manifestação deverá começar às 11h00 na sede do Novo Banco, na Avenida da Liberdade, uma artéria principal da cidade, passando depois por outros locais, incluindo a agência da Rua Augusta e a sede do Banco de Portugal, na Baixa.

O advogado que representa a AIEPC interpôs este verão uma providência cautelar contra o Banco de Portugal e o Fundo de Resolução, na qual os clientes exigem que o banco central informe o comprador do Novo Banco do montante de papel comercial devido aos cerca de 2.500 subscritores, que ronda os 530 milhões de euros, ou seja, que inclua esse montante como uma imparidade nas contas da instituição financeira.

A 3 de agosto do ano passado, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado ‘banco mau’ (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os ativos e passivos tóxicos do BES, assim como os acionistas) e o banco de transição, que foi designado Novo Banco.

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No início do mês, o Banco de Portugal anunciou que terminou sem acordo o período de negociação com o potencial comprador do Novo Banco, apontado pela imprensa como sendo a chinesa Anbang. A imprensa noticia entretanto que o supervisor vai agora negociar com o outro concorrente chinês, a Fosun, mantendo-se ainda uma terceira proposta vinculativa válida, a dos norte-americanos da Apollo.

Na altura, o advogado dos chamados lesados do BES disse que os seus clientes estão satisfeitos com a possibilidade de a Fosun liquidar parcialmente o investimento, caso compre o Novo Banco, mas garantiu que continuarão em tribunal até recuperarem todo o dinheiro.

“Foi bem recebida a notícia da disponibilidade do grupo Fosun para liquidação parcial do papel comercial, caso venha a adquirir o Novo Banco”, afirmou numa declaração escrita enviada à Lusa Nuno Vieira, advogado de 420 lesados do papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) comprado aos balcões do Banco Espírito Santo (BES).

Ainda assim, reafirmou que, mesmo que haja uma solução parcial para os clientes lesados, continuarão os processos em tribunal até que recuperem o todo o valor que investiram.

“Os lesados de papel comercial não aceitam perder qualquer parte dos seus créditos. Por esse motivo, havendo liquidação parcial dos seus créditos – quer pela Fosun, quer por qualquer outra entidade – irão exigir a restante compensação por incumprimento do Estado Português”, garantiu.