Louise e David Turpin, os pais que acorrentaram os 13 filhos na própria casa, declararam-se inocentes pelos 88 crimes de que estão indiciados, numa sessão que se realizou esta sexta-feira no tribunal de Riverside, na Califórnia. O casal volta a tribunal no dia 5 de outubro.

David Turpin apresentou uma contestação aos oito crimes de perjúrio pelos quais está indiciado mas o juiz Bernard J. Schwartz determinou que as acusações de perjúrio permanecem. O pai foi indiciado de oito crimes de perjúrio por ter alegado que dava aulas aos seus filhos em casa — o que se veio verificar ser falso. À saída do tribunal, o advogado de David Turpin, clarificou que a contestação foi feita no sentido de separar os indícios de perjúrio dos restantes, alegando que juntá-las seria prejudicial para o júri.

O juiz agendou uma nova sessão no tribunal para dia 5 de outubro, data em que decidirá se há provas suficientes para avançar para o julgamento — que deverá começar nos dois meses que se seguem a essa data.

O casal Turpin está indiciado, em conjunto, por 88 crimes — um número que podia ser maior se o juiz não tivesse deixado cair duas acusações de abuso de menores por considerar que a filha de dois anos, a mais nova, não apresentava sinais de agressão ou subnutrição. Cada um está, assim, indiciado por 12 crimes de tortura, sete de abuso contra um adulto dependente, oito de abuso de menores e 12 de sequestro. David está ainda indiciado por um crime de “ato obsceno contra uma das crianças” e oito de perjúrio. Louise está indiciada por mais um de agressão.

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O caso foi descoberto no início do ano quando a filha de 17 anos, Jordan Turpin, salvou os outros 12 irmãos. Na madrugada do dia 14 de janeiro, a jovem conseguiu fugir e alcançar um telemóvel que encontrou em casa, através do qual ligou para a polícia.

Quando a polícia chegou à casa, este foi o cenário que encontrou: “Várias crianças acorrentadas às suas camas com correntes e cadeados, na escuridão e num ambiente com cheiros nauseabundos“, lia-se no comunicado emitido no dia seguinte. Todos os filhos, à exceção da menina mais nova, de 2 anos, estavam subnutridos. A vítima de 29 anos pesava 37 quilos. Uma das crianças de 12 anos tinha o peso de uma de 7.

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Os pais foram detidos e continuam em prisão preventiva. Os filhos, assim que foram libertados, foram alimentados e internados em dois hospitais diferentes. Só a 19 de março deixaram os hospitais onde estavam internados e foram colocados em três casas de acolhimento diferentes em Riverside — a mesma localidade onde viviam com os pais. Nenhuma casa tinha capacidade para albergar todos os irmãos juntos, mas estabeleceram contacto via Skype.