Os portugueses consideram que se falhou na preparação da terceira vaga da pandemia da Covid-19, tanto o Governo como os cidadãos, e isso está a refletir-se num confinamento que 52% das pessoas considera que está a ser ainda mais difícil do que o de março do ano passado. No dia em que se vota no Parlamento mais uma renovação do estado de emergência, 80% dos portugueses assume, na sondagem da Aximage para a TSF/JN/DN, que quer o país fechado mais duas semanas e 46% considera que as restrições atuais vão estender-se até à Páscoa.

Os números estão em queda — do número de novos contágios, aos internamentos e às mortes — mas os registos de janeiro não foram esquecidos pelos portugueses, o que explica o elevado número de cidadãos que acredita que a continuação do confinamento atual é a melhor solução. 80% estão de acordo com a opção do Governo, sendo que os números são ainda mais altos nos mais pobres (90%) e nos idosos (88%).

Na sondagem em causa, mesmo quando os números já começavam a refletir uma melhoria na semana passada, 41% dos inquiridos continuava a crer que Portugal tem lidado mal com a pandemia e há culpados para apontar. 56% dos portugueses acusa o Governo de não ter tomado medidas mais adequadas para prevenir a terceira fase da pandemia. 39% surgem em defesa do Governo, com socialistas e também comunistas a mostrarem que foi feito tudo o que era possível.

Entre as acusações ao Executivo de António Costa, no topo da lista está a demora na implementação de medidas mais restritivas, com 47% a admitirem esta tese. Entre os maiores críticos estão os residentes do Norte, os cidadãos entre os 50 e os 64 anos e as mulheres. Uma em cada quatro pessoas consideram que as medidas deste confinamento são muito leves, sendo que os cidadãos com mais de 65 anos lideram esta lista.

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A crítica aumenta ainda mais quando se trata dos cidadãos: 68% dos questionados acusa os outros de não terem tido os comportamentos adequados, de não se ter feito tudo o que estava ao alcance, sendo que as maiores críticas são os residentes da Madeira e dos Açores.

Parlamento vota mais uma renovação do estado de emergência

Rio aumenta pressão. Marcelo não abdica de Páscoa confinada

O Parlamento vai debater e votar, esta quinta-feira, a renovação do estado de emergência até 16 de março para permitir medidas de contenção da Covid-19, que tem aprovação assegurada, com o apoio de PS, PSD, CDS-PP e PAN.

No texto introdutório do diploma enviado para o parlamento, o Presidente da República defende que “o futuro desconfinamento deve ser planeado por fases, com base nas recomendações dos peritos e em dados objetivos, como a matriz de risco, com mais testes e mais rastreio, para ser bem-sucedido”.

Marcelo Rebelo de Sousa considera que se impõe manter o estado de emergência para “permitir ao Governo continuar a tomar as medidas mais adequadas para combater esta fase da pandemia” de Covid-19, mas pede ao executivo que “aprove igualmente as indispensáveis medidas de apoio” às famílias e empresas, incluindo moratórias e apoios a fundo perdido.