A Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica de Medicamentos Veterinários (APIFVET) diz que a escassez de vacinas para animais de companhia deverá ficar normalizada no início de janeiro e aconselha ao não açambarcamento, para evitar futuros desequilíbrios.

Em declarações à Lusa, o presidente da APIFVET, Jorge Moreira, explicou que a escassez de vacinas e medicamentos para gatos e cães que se tem verificado está a ser resolvida e que a indústria fez um reforço da produção. Apelou à “tranquilidade e ao não açambarcamento”.

Tudo está a ser feito na produção, houve um reforço, as empresas estão a produzir a 100%, mas estamos a falar de produtos biológicos, em que as culturas demoram tempo a crescer. Depois, é preciso fazer análises para confirmar se os produtos estão conformes e tudo isto demora”, disse o responsável.

Jorge Moreira lembra que “só há quatro ‘players’ com importância na produção de vacinas, especialmente para animais de companhia”, frisando que “quando há algum problema nalgum deles, tudo abana”.

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Explicou que com a pandemia e a necessidade de produzir vacinas anti covid-19, os materiais foram concentrados e desviados apenas para esse circuito de produção, especialmente frascos, tampas de borracha e cápsulas, e que isto coincidiu com “um ‘boom’ de animais adotados“.

“E isto não aconteceu só em Portugal, foi em toda a Europa”, disse o responsável, acrescentando: “Se tudo correr bem e não houver surpresas, estou convencido de que daqui a mais um ou dois meses a situação estará normalizada”.

“Não pode é haver o síndroma do papel higiénico [referindo-se ao açambarcamento de papel higiénico pelas pessoas no inicio da pandemia]. Até porque as vacinas têm validade de um ano a ano e meio e isso não faz sentido”, sublinhou.

Jorge Moreira apela à calma dos donos dos animais, lembrando que, nos gatos mais velhos, se a vacina for atrasada quatro a seis semanas não há problema, pois a imunidade mantém-se”.

“Nas vacinações iniciais já não se pode falhar”, afirmou, apelando aos donos dos animais para que falem com os veterinários e a estes profissionais que ajudem a definir prioridades na vacinação dos animais.

“Toda a indústria à escala mundial está a ter atrasos, tanto na produção, como no transporte”, afirmou o responsável, explicando que o problema é maior está nas vacinas e que, nos medicamentos para animais, o que acontece é que há princípios ativos que têm algumas falhas “porque as fábricas não os produzem”.

Nalguns casos, como os medicamentos são maioritariamente produzidos na Índia e na China, países onde ainda há problemas com a pandemia que obrigam a isolamentos, impedindo trabalhadores de estarem nas fábricas, a produção acaba por atrasar.

Em comunicado, a APIFVET insiste que, na sequência dos planos desenvolvidos pela indústria farmacêutica veterinária para robustecer o fornecimento de vacinas e outros medicamentos veterinários, “é esperado que as situações de escassez temporária que ocorreram recentemente venham a estar ultrapassadas no curto prazo, ou se revistam de uma natureza pontual”.

“Apesar de poder causar alguma apreensão nos donos dos animais, esta é uma situação que não coloca em causa a saúde pública ou animal futuras”, acrescenta a associação, reafirmando o seu compromisso com todo o setor, “num momento em que começa a assistir a uma normalização das cadeias de produção”.

A APIFVET representa cerca de 90% da indústria farmacêutica de medicamentos veterinários.