A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) apelou esta segunda-feira à rejeição ao voto no Partido Socialista e noutros partidos que admitam coligar-se com o PAN para formar governo na sequência das eleições legislativas de 30 de janeiro.

“É um partido perigoso e radical que está nos antípodas do que a maioria da população e a CAP defendem e, por isso, todos os cidadãos eleitores com ligações ao setor agrícola e ao mundo rural devem rejeitar — e rejeitam — o voto no PAN, bem como nos que manifestem disponibilidade para com ele se coligarem”, sustenta a CAP em comunicado.

Considerando que “o PAN representa uma ameaça real ao futuro do país”, a confederação agrícola argumenta que “as suas propostas para a agricultura e para o ambiente baseiam-se maioritariamente em ideologia, preconceito, ignorância, perceção e crendice”.

“A maioria das propostas do PAN não resiste ao confronto com a ciência e o conhecimento científico. As medidas que preconiza para a agricultura e o mundo rural, no qual se incluem, entre outras fileiras e atividades, a floresta e a caça, assentam em expressões como ‘proibir, interditar, eliminar, retirar, impedir’. Esta é uma postura autoritária e impositiva que não é aceitável nem pode ser normalizada”, sustenta.

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Salientando que “estas atividades são importantes para e economia, para a sociedade e o emprego e para o desenvolvimento sustentável e equilibrado do território”, a CAP considera que “aceitar governar com o PAN é admitir que o poder é mais importante do que o futuro do país” e “é ignorar e desrespeitar a esmagadora maioria da população”.

“Apesar de, na esfera privada, dirigentes e responsáveis do PAN desenvolverem, ou terem desenvolvido, atividade agrícola relevante, com recurso a práticas de agricultura moderna e com vocação exportadora, a verdade é que, na esfera pública, o PAN é um partido anti agricultura e que rejeita as especificidades, tradições, cultura e valores do mundo rural”, enfatiza a CAP.

Para a confederação, “integrar o PAN em soluções de governo pode servir projetos de poder, mas não serve o interesse nacional”, sendo que “Portugal precisa de um setor agrícola e de um mundo rural vivo, desenvolvido, moderno, exportador, inovador e sustentável”.

No comunicado esta segunda-feira divulgado, a CAP lembra que, “no decurso dos debates que foram sendo realizados na atual campanha eleitoral, os portugueses foram surpreendidos com a disponibilidade de partidos políticos centrais na democracia [portuguesa], com destaque para o Partido Socialista, pela voz do seu secretário-geral”, para se associarem ao PAN enquanto “parceiro de coligação ou de entendimento pós-eleitoral”.

“A clareza da posição de António Costa, que [no debate a 13 de janeiro, com Rui Rio] admitiu governar com um partido cujas ideias e programa eleitoral preconizam a destruição da agricultura e a aniquilação do mundo rural, provocou uma imensa indignação em todo o setor, incluindo em diversos autarcas do Partido Socialista no interior do país”, afirma.

Neste contexto, e “perante a possibilidade de o PAN vir a integrar um Governo de Portugal caso o Partido Socialista vença as eleições sem maioria”, diz a CAP que “não pode ter outra posição que não seja a do apelo à rejeição do voto no Partido Socialista”.

“Nada move a CAP contra o Partido Socialista. Pelo contrário, a CAP respeita o Partido Socialista e considera que o mesmo é uma instituição basilar da democracia portuguesa. Mas tudo move a CAP contra a possibilidade de o Partido Socialista integrar o PAN em qualquer solução governativa, em qualquer circunstância”, sustenta.

Segundo garante, “da mesma forma procederá a CAP em caso de ser assumido, por qualquer outra força política, que o PAN possa ser parte de qualquer solução de governo para Portugal”.