O secretário-geral do PCP anteviu esta segunda-feira uma “solução mal-amanhada” para o país decorrente da concertação entre PS e PSD sobre a construção do novo aeroporto de Lisboa, insistindo que a opção Montijo só serve os interesses da VINCI.

“Com essa relação de forças, com o carimbo do PSD e a execução por parte do PS, podemos correr o risco de ter uma solução mal-amanhada para uma estrutura que se inclui nas perspetivas de desenvolvimento do nosso país”, disse Jerónimo de Sousa, à margem de uma reunião com representantes da Federação Portuguesa do Táxi, em Lisboa.

O dirigente comunista insistiu que a opção Montijo apenas “é a melhor solução para a VINCI”, a multinacional francesa que comprou ao Estado português a ANA Aeroportos em 2012.

“Estão [o PS] à espera do PSD. Quem privatizou a ANA na altura? Foi o PSD. O entendimento que se procura fazer entre PS e PSD tem um beneficiário. A ANA/VINCI tendo em conta o desfecho previsível e acho que a espera não vai ser muito longa por parte do PSD para assumirem aquilo que sempre pensaram”, sustentou, aludindo à escolha do Montijo como local do aeroporto que vai substituir o Humberto Delgado.

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Os comunistas defendem a opção do Campo de Tiro de Alcochete como a única viável e sustentam esta posição nas audições realizadas recentemente no parlamento ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil [LNEC], uma plataforma cívica, a Ordem dos Engenheiros e a Ordem dos Economistas.

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Questionado pelos jornalistas sobre a polémica que na última semana envolveu o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, Jerónimo de Sousa repetiu a posição de há dois dias: prefere não comentar o caso para não desviar as atenções daquilo que importa, a escolha de um local para construir o novo aeroporto.

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Nas últimas semanas, António Costa disse que ia aguardar pelo novo presidente do PSD, Luís Montenegro, antes de decidir sobre a localização do novo aeroporto que vai servir Lisboa.

Na primeira reação enquanto novo líder da oposição, Montenegro reconheceu a necessidade de resolver este problema com mais de 50 anos, mas advertiu que o partido “não é nem vai ser a muleta do Governo“.

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