A China admitiu a possibilidade de retaliar em resposta ao abatimento de um balão chinês que sobrevoava os Estados Unidos desde a passada quinta-feira. Num comunicado publicado esta madrugada na página oficial do governo de Pequim, as autoridades chinesas insistiram que o país “salvaguardará resolutamente os direitos e interesses legítimos das partes relevantes, reservando-se ao direito de tomar outras reações necessárias”.

As forças armadas dos Estados Unidos abateram este sábado o balão chinês detetado a sobrevoar o país e está agora a recuperar os restos do objeto. Segundo a CNN, não se sabe qual foi o método escolhido para deitar abaixo o balão, mas a ordem foi dada pelo presidente dos EUA, Joe Biden. “Eles abateram (o balão) com sucesso e quero elogiar os nossos pilotos que o fizeram”, afirmou o presidente dos EUA.

Num comunicado publicado durante a madrugada, a China acusou os Estados Unidos de “terem exagerado e violado as práticas internacionais” com a decisão de abater um balão chinês, a sobrevoar território norte-americano há vários dias. “A China expressa forte insatisfação e protesta contra o uso da força pelos Estados Unidos“, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em comunicado, acrescentando que “se reserva o direito” de retaliar. O Governo chinês acrescentou ter “pedido claramente aos EUA que tratassem a situação de forma adequada, calma, profissional e comedida”.

As autoridades esperaram que os ventos levassem o balão até ao oceano para avançar com a operação. O balão foi abatido quando voava a 60 mil pés já sobre o Atlântico Norte. As suspeitas levaram as autoridades a suspender os voos em três aeroportos da Carolina do Sul e do Norte este sábado numa ação de “defesa nacional”. O presidente dos EUA, Joe Biden, já tinha dito que o país estava a “tratar do assunto”.

O incidente com o balão — meteorológico na versão dos chineses, espião segundo os norte-americanos — levou ao cancelamento da viagem de Anthony Blinken, secretário de Estado, a Pequim. De acordo com o correspondente da BBC News na China, o encontro era tão importante para os chineses que o próprio Presidente Xi Jinping iria encontrar-se diretamente com o diplomata norte-americano.

Agora “está-se muito longe de onde o governo chinês queria que as coisas estivessem neste momento”, reportou Stephen McDonell. Tão longe que, para alguns analistas, o incidente com o balão — seja ou não de espionagem — só pode mesmo ser um erro: “Que informação recolhida pelo balão poderia ser tão boa que valesse a pena destruir o processo [de aproximação diplomática]? A resposta curta é nenhuma“.

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