André Ventura já tinha deixado claro que, caso Augusto Santos Silva e Luís Marques Mendes se apresentem às eleições Presidenciais de 2026 com o apoio dos dois maiores partidos, o Chega avançará com um candidato próprio. Esta quarta-feira, em entrevista à CNN Portugal, o presidente do partido clarificou o nome que tem em mente: ele próprio.

Chega promete candidato presidencial próprio se opções forem Marques Mendes e Santos Silva

“O Chega não só terá candidato próprio, como eu tenho propensão para assumir pessoalmente o desafio de me candidatar à Presidência da República“, assumiu Ventura, que considerou que PS e PSD estão a tentar “asfixiar esta corrida” ao posicionar os seus candidatos tão cedo — ainda para mais quando, no seu entender, as personalidades em causa são “nocivas, não só para a democracia como para o Chega”.

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O líder partidário não descartou a hipótese de apoiar eventualmente outro candidato — e até deixou elogios a Pedro Santana Lopes, que recentemente flutuou a hipótese de avançar — mas considerou que, realisticamente, só dois nomes à direita têm hipótese de disputar uma eventual segunda volta: o seu e o de Pedro Passos Coelho.

Ventura admitiu que “seria difícil”, dada a boa relação que mantém com  Passos Coelho, avançar contra o antigo presidente do PSD entre 2010 e 2018, e que podia até não o fazer se considerasse que este teria mais hipóteses de vencer uma segunda volta. Ao mesmo tempo, defendeu que o país precisa de “uma lufada de ar fresco” — algo que, dado o seu historial de governo, Passos Coelho poderia não representar.

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Acima de tudo, o importante para o presidente do Chega é que o sucessor de Marcelo Rebelo de Sousa seja alguém que “respeite o voto dos portugueses, independentemente do seu sentido”, e que não inviabilize eventuais soluções de governo que incluam o Chega — algo que, diz, estaria em causa com uma eventual presidência de Marques Mendes ou Santos Silva.

Sobre o atual Presidente da Assembleia da República, de resto, Ventura tornou a não poupar nas palavras: “Se for Santos Silva, não só será o pior Presidente da República que algum dia teremos como, para nós [Chega], será guerra aberta, porque já mostrou ao que é que vem”. Já sobre o avanço prematuro de Marques Mendes, considerou que tal é uma jogada calculada por parte de Luís Montenegro que, diz, está a tentar “marcar território” e “impedir o avanço de Passos Coelho”.

Qualquer alternativa à direita, defendeu, terá de resto de passar sempre pelo Chega. “Qualquer candidato que queira ganhar não poderá prescindir à direita do terceiro maior partido”, disse Ventura, falando sobre o seu próprio espaço político. “Queremos ir às Presidenciais para fazer número ou para ganhar? Eu — não sou eu, é a direita — quero ir para ganhar”.

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As Presidenciais só acontecem em 2026; mais próximas, já em setembro, estão as eleições regionais da Madeira, onde o Chega tem tido dificuldade em apresentar a sua lista a votos, com vários processos judiciais a correr. “Não está fácil”, admitiu o líder do partido, ao mesmo tempo que se mostrou confiante numa decisão favorável do Tribunal Constitucional (TC). “Há uma decisão clara de que podemos ir a votos. Agora, houve um recurso para o TC, que espero que não impeça o Chega de se candidatar”.

Caso a decisão da mais alta instância judicial não lhe seja favorável, Ventura assumiu que a irá contestar. “Vou respeitá-la enquanto órgão judicial que é do meu país, mas não vou aceitá-la. (…) Vamos contestar, de todas as formas que pudermos, democráticas e políticas, uma decisão que achamos profundamente injusta” e que, diz, colocaria em causa a legitimidade democrática do ato eleitoral na Madeira.