A ideia do Governo de anunciar o novo comissário ou comissária europeia na Universidade de Verão do PSD é uma prova de “falta de sentido de Estado”. A crítica é de Pedro Nuno Santos, que veio esta terça-feira criticar o plano dos sociais democratas — que contam com uma “intervenção surpresa” no programa da sua rentrée que, como o Observador noticiou, será do próximo representante português na Europa.

Em declarações aos jornalistas a partir da Feira Agrival, em Penafiel, o secretário-geral do PS revelou que o partido não foi contactado sobre esta escolha, dizendo esperar que “o país possa oferecer um comissário com a mesma capacidade e nível de qualificação que tivemos nos últimos cinco anos”, com Elisa Ferreira. Mas também disse esperar que o Governo tenha “sentido de Estado”, em vez de aproveitar “eventos partidários” para anúncios deste género.

“É um cargo suprapartidário e supranacional. Exigiria um maior sentido de Estado”, atirou Pedro Nuno Santos, tornando depois a crítica mais abrangente. “Há aqui uma atitude perante a governação que não revela sentido de Estado. Há um Governo que se sente confortável convosco, com a comunicação social, para fazer um conjunto de coisas que não são supostas num Governo. A forma como têm tratado a indicação do comissário europeu é um desses exemplos”, disparou.

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O resto das declarações aos jornalistas foi, aliás, polvilhado de críticas ao Executivo. Desde logo, para explicar que não há “negociações a decorrer” — “que fique claro” — sobre o Orçamento do Estado, o que leva o PS a concluir que o Executivo “parece muito mais preocupado em usar a boa situação orçamental que herdou do Governo PS para fazer campanha do que em procurar negociar de forma ativa, séria e responsável para assegurar a aprovação” do Orçamento.

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Para Pedro Nuno Santos, “as preocupações do Governo não são as corretas” e não têm a ver com tomar medidas estruturais e de deesenvolvimento do país. “Está muito ocupado com medidas conjunturais com o único objetivo, é cada vez mais claro para todos, de ter benefícios eleitorais de curto prazo”, criticou o líder socialista, perguntando se se deve “premiar” um Governo que está a usar a situação do país para tomar “medidas eleitoralistas” e que “indiciam significar que quer eleições o mais rápido possível”.

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Respondendo à própria pergunta, o secretário-geral do PS concluiu: “Não é um Governo que mereça ser premiado”. E voltou a insistir na ideia de que a direita é maioritária no Parlamento e é mais “próxima” do PSD do que o PS, pelo que deverá entender-se para assegurar a aprovação do documento. Mas também deixou um recado para dentro, numa altura em que há várias correntes de opinião sobre o que se deve fazer quanto ao Orçamento dentro do PS: “Há orgãos eleitos e há uma cadeia de comando e um mandato”, lembrou.

Pedro Nuno Santos criticou ainda a revisão das tabelas de retenção na fonte do IRS este ano, avisando que para o ano pode haver quem tenha de “pagar” IRS em vez de receber “os tradicionais reembolsos” — para o PS, mais uma prova de que o Executivo está “preocupado com o curto prazo”. E terminou este ataque ao PSD em todas as frentes criticando o perfil para o candidato presidencial que Luís Montenegro traçou na sua moção de recandidatura à liderança do PSD: “A única coisa que li é que tem de ser militante do PSD. Isso é muito pouco”.