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Carcavelos. A história do arrastão que abriu telejornais mas nunca existiu

Recentes desacatos em Carcavelos lembraram os conflitos de 2005, quando uma pequena rixa foi noticiada como um "arrastão" organizado. Como jornalistas, polícia e políticos alimentaram "fake news".

Era um 10 de junho como os outros na praia de Carcavelos, mas o areal estava particularmente cheio: o feriado era o primeiro dia de um fim-de-semana prolongado, estava calor e muitos jovens entravam nas férias de verão. Começaram desacatos na praia e a PSP foi alertada perto do meio-dia. Duas horas depois, pedia reforços, que chegariam às 14h20. Meia hora depois já rádios e televisões começavam a avançar a existência de um “arrastão” na praia, descrevendo um ataque organizado de gangs com roubos e agressões ao estilo do que acontecia no Brasil. A notícia espalhou-se e o caso abriu todos os telejornais da noite nesse 10 de junho de 2005. Problema: o arrastão nunca existiu, o que só se saberia semanas depois.

Os ingredientes estavam lá todos para um dos maiores embustes no espaço mediático português, com vários equívocos à mistura. Tinha existido — o que se soube mais tarde — um pequeno desacato entre dois casais e também um roubo (apenas um) isolado na praia naquele dia. Com todo o aparato, houve interesse dos jornalistas e estava aceso o rastilho.

A primeira notícia, da agência Lusa, chegou às redações às 16h10. Incluía declarações atribuídas ao comandante Gonçalves Pereira, da PSP de Cascais, que avançava: “500 adultos e jovens constituídos em gangs entraram hoje às 15.00 na praia de Carcavelos (…) e começaram a assaltar e a agredir os banhistas“. O primeiro erro é da PSP, que mais tarde atribui a culpa aos media. O mesmo take da Lusa destacava ainda que tinha confirmado os acontecimentos, através de um jornalista, acidentalmente no local, que constatou o movimento anormal de ambulâncias e polícias.

"500 adultos e jovens constituídos em gangs entraram hoje às 15.00 na praia de Carcavelos (...) e começaram a assaltar e a agredir os banhistas"
Comandante da PSP de Cascais, Oliveira Pereira, em declarações à Lusa antes das 16h00 de 10 de junho

A referência a “centenas de jovens” terá sido decisiva para que os media se mobilizassem para a praia de Carcavelos, com as testemunhas no local a confirmarem as informações que tinham chegado às redações. Também esta quinta-feira, quando chegaram as primeiras informações sobre os acontecimentos em Carcavelos, referia-se a participação de cem pessoas em agressões, mas no dia seguinte, esta sexta, a PSP indiciou que o caso teria menor dimensão: não houve feridos, não foram apresentadas queixas, não houve detenções. Se em 2005 o suposto arrastão foi difundido por imagens divulgadas pelas televisões, esta quinta e sexta-feira, 13 anos depois, o caso foi ampliado através de vários vídeos divulgados nas redes sociais. Embora as imagens demonstrassem um ambiente tenso, nenhuma mostra cem pessoas a agredirem-se.

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[Reveja no vídeo a sequência dos acontecimentos na Praia de Carcavelos esta quinta-feira]

Voltando a 2005: ao chegarem à praia, as televisões ainda apanharam um grande aparato no local — com polícias de arma em riste, ótimo para planos de corte. Além disso — sem se saber muito bem por quem — foram disponibilizadas aos jornalistas fotografias daquilo que pareciam ser jovens assaltantes a roubarem os banhistas.

Nada mais errado. Na verdade, as dezenas jovens que se veem a correr nas imagens estavam apenas assustados com a chegada  da polícia — como a PSP viria a reconhecer — e (salvo algumas exceções) o que levavam eram os seus próprios pertences e não bens roubados a outros. Ou seja: as caras de jovens que fugiam assustados (o que não é de estranhar já que a polícia fez disparos para o ar) apareceram como rostos de criminosos nos meios de comunicação social. Que não eram.

Havia de facto alguma coisa: além desse roubo registado e do desentendimento entre casais, houve jovens que aproveitaram a confusão para tentar tirar alguns pertences de banhistas, mas foram uma minoria. Mas isso já não travou a notícia em marcha, que abriu os telejornais desse dia: houve um arrastão violento na praia de Carcavelos.

O embuste na abertura dos telejornais

Nos noticiários dessa noite foram dados detalhes do roubo que eram, afinal, falsos.

A RTP abria o telejornal com o pivô, José Alberto Carvalho, a revelar:

“A praia mais frequentada do país estava repleta com milhares de banhistas. Ao princípio da tarde grupos de 30 a 50 jovens e, de uma forma aparentemente organizada, desataram a assaltar e a agredir os banhistas em diversos locais da praia”.

Na verdade, nada disto se passou. Não houve grupos de 30 a 50 jovens e não desataram a assaltar nem a agredir os banhistas. Quanto à forma organizada, a RTP ainda teve — ao contrário de outros — o cuidado de colocar o “aparentemente” para se salvaguardar.

Na SIC, Paulo Camacho não abria o telejornal de forma diferente e descrevia o que se passou em Carcavelos da seguinte forma:

“Uma cena de filme, foi assim que uma testemunha descreveu o que se passou esta tarde na praia de Carcavelos em Cascais. Um grupo de cerca de 500 jovens, entre os 12 e os 20 anos, invadiu o areal ao início da tarde, agredindo e roubando os banhistas“.

Na verdade, não eram 500 jovens, não invadiram o areal e não agrediram nem roubaram banhistas.

Também a TVI, através do pivot José Carlos Castro, transmitia informações similares:

“Tarde de terror e pânico em Carcavelos. Centenas de jovens atacaram em grupo e roubaram tudo aos banhistas que estavam na praia. A violência do ataque é visível nestas fotografias. Agindo como um bando organizado, os jovens cercaram banhistas e roubaram tudo o que podiam. Em caso de resistência agrediam e ameaçavam com armas brancas. Seguiram-se momentos de pânico. Os jovens atacavam rapidamente e seguiam para outro ponto da praia.”

"Agindo como um bando organizado, os jovens cercaram banhistas e roubaram tudo o que podiam. Em caso de resistência agrediam e ameaçavam com armas brancas"
Telejornal da TVI

A TVI já mostrava no arranque do telejornal as tais fotografias (ver fotogaleria em cima), dizendo que os jovens não só cercaram as pessoas, como as roubaram e ameaçaram com armas brancas quem resistia. Pura fantasia. Houve pânico, sim, mas muitas das pessoas que aparecem a fugir nas fotografias são vítimas da situação e não criminosos. Numa peça no mesmo noticiário, a TVI avançava que a PSP tinha atirado “disparos para o ar” e que tinha feito uma “perseguição em pleno areal aos assaltantes que tentavam fugir”. Ora, tal perseguição nunca aconteceu.

Perto do final dos telejornais, às 21h00, a PSP cede à pressão pública e emite um comunicado a dizer que  houve um “arrastão” realizado por 400 assaltantes. O alarme social estava lançado. O presidente da câmara municipal de Cascais, António Capucho, ainda nessa noite na RTP, aproveitou para “pedir, no imediato, uma audiência ao ministro da Administração Interna”.

Costa foi ao local e prometeu reforçar a segurança

António Capucho, então presidente da câmara municipal de Cascais, conta agora ao Observador que “na manhã seguinte, o então ministro da Administração Interna, António Costa, prometeu reforçar a segurança e fez questão de ir até Cascais, não mandou um secretário de Estado nem um assessor, teve uma reação exemplar”.

Capucho revela, no entanto, que “na manhã seguinte [11 de junho] já se sabia perfeitamente que não se tratava de um arrastão e os elementos da PSP, que também estavam na reunião, foram muito claros quanto a isso”. O próprio António Costa foi informado que não se tratava de um arrastão.

Os mais atentos já o podiam saber, depois de um recuo da PSP em horário nobre. Na noite anterior, 50 minutos depois do comunicado, o comandante Metropolitano de Lisboa deu uma entrevista à TVI, no salão nobre do Comando, em corrige o conteúdo do documento, explicando que “não se tratou de um arrastão realizado por 400 pessoas mas sim por um grupo de vinte ou trinta indivíduos que beneficiando do facto da existência de pontuais alterações de ordem pública se tinham aproveitado para, supostamente e à luz das notícias então disponíveis, cometeram alguns roubos ou furtos”.

Os jornais, que tinham fechado à meia-noite no dia anterior, não fazem qualquer referência ao recuo da PSP e assumem o “arrastão” como a tese oficial: O Correio da Manhã faz manchete com o caso: “Terror na Praia“; O Diário de Notícias dá o destaque fotográfico na primeira página, com o título “Arrastão à brasileira chega a Carcavelos”; o Público tem na primeira página do caderno local o título “Arrastão pôs em pânico praia de Carcavelos“.

Nas televisões, especialistas continuam a comentar os efeitos e perigos de um arrastão. O antigo inspetor da Polícia Judiciária e então candidato à câmara de Santarém, Francisco Moita Flores, comenta mesmo na RTP:  “Neste caso, tudo leva a concluir que houve combinações entre os vários bandos que se encontraram para uma ação comum. Aliás, quase como um mimetismo daquilo que conhecemos das praias brasileiras, nomeadamente do Rio de Janeiro.”

Numa outra peça da RTP é dado eco a um banhista no day after com argumentos xenófobos: “Nunca tive qualquer problema de segurança. Agora acho que é preciso é restabelecer a autoridade do Estado. E aqueles que não têm condições para estar aqui, têm de ir para o seu próprio país”.

Apesar da entrevista onde Oliveira Pereira terá recuado, o vivo escolhido pela TVI na peça do telejornal de dia 11 de junho é do Comando Metropolitanto da PSP em Lisboa a dizer que os desacatos foram provocados por “pessoas que têm alguma afinidade entre elas, que se reuniram numa circunstância especial que foram todos à praia. E, provavelmente, entre elas, estavam grupos de marginais que resolveram organizar-se e tomar esta atitude.” E deixava uma promessa: “Prometemos reforço, de forma a que situações idênticas não aconteçam.”

Políticos reagem a um arrastão que não aconteceu

No dia seguinte, são várias as reações de políticos a comentar o arrastão que não tinha acontecido. A oposição aproveita para encostar o Governo às cordas num arrastão que, para a generalidade da opinião pública, tinha mesmo acontecido.

O líder da oposição e presidente do PSD, Luís Marques Mendes, alertava que era “preciso dar uma prioridade absoluta ao policiamento das praias, todas elas, sem exceção”. Já o então presidente do CDS, José Ribeiro e Castro, denunciava “uma falta de segurança terrível, em que se viveu um fim de tarde de terror em Carcavelos”. O líder centrista dizia ainda que este era um momento “muito alarmante” e dirigiu “uma chamada de atenção muito vigorosa ao Governo”, para que enfrentasse estas “situações com determinação, com rigor”. E advertia: “Não se pode voltar a repetir. O que se passou hoje em Carcavelos ultrapassa tudo o que se podia imaginar.”

O alarme social continuou

Nos dias seguintes, os jornais continuam a cavalgar a onda do “arrastão”, que estaria a ser exportado para outras geografias no país. No dia 12 de junho o Correio da Manhã faz manchete com “Marginais da Linha descem até ao Algarve”. O Jornal de Notícias, do mesmo dia, diz que “GNR anula ataque a praia do Algarve” e que “grupo de 50 jovens intercetado quando preparava ‘arrastão’.”

O Diário de Notícias relaciona o caso com a criminalidade organizada e dá números que provocam mais alarme social: “Violência dos gangs quintuplicou nos últimos sete anos em Portugal.” Só o Público começa a pôr água na fervura, dando igualmente a sua manchete de domingo ao caso, mas com precaução: “Governo reforça segurança nas praias mas rejeita alarmistas.”

Como revela mais tarde o relatório da Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, surgiram também vários comentadores a opinar sobre o caso em diversas publicações:

Pacheco Pereira terá comentado a “cegueira da polícia”; Vital Moreira chamou a atenção para as “sequelas em termos de fomento do racismo e da xenofobia”; e Luís Salgado de Matos recomendou que se chamasse “preto a um preto” e considerou que a “demagogia do ‘pobrezinho do gueto’ é  falsa.”

Um dia depois, a 13 de junho, e já sem honras de primeira página, alguns jornais registam em breves notícias as palavras do sub-comissário do Comando Metropolitano de Lisboa, Paulo Monteiro, que revela que “foram registadas apenas duas queixas por roubo de objetos pessoais” no dia do alegado “arrastão”.

Versão foi sendo alterada. Extrema-direita cavalgou onda

Seis dias depois dos acontecimentos, a RTP avança que houve “500 jovens envolvidos no ‘arrastão’, mas só 40 ou 50 roubaram“. O Público, no mesmo dia, destaca que “incidentes de Carcavelos só deram origem a uma queixa”. No dia seguinte — a 17 de junho, na edição online do Expresso — são publicadas as primeiras declarações de responsáveis da Direção Nacional da PSP, a reiterar que o número dos jovens que teriam agredido e roubado os banhistas “não excederam os 50” e que “muitos jovens que apareceram em imagens televisivas e fotográficas a correr na praia de Carcavelos, naquele dia, não eram assaltantes, mas tão só jovens que fugiam com os seus próprios haveres”.

No mesmo dia, o diário A Capital faz manchete a desmentir por completo um evento daquele género, com uma notícia sobre “a verdadeira história do arrastão que nunca existiu”. No dia 18, o jornal Público reitera que “polícia suspeita de crime organizado mas não tem provas”.

A 17 de junho a manchete do diário A Capital é: "A verdadeira história do arrastão que nunca existiu"

Nessa mesma altura os movimentos de extrema-direita, com o Partido Nacional Renovador à cabeça, organizam uma manifestação para o Martim Moniz. Os manifestantes pegavam uma faixa que dizia: “Imigrantes = Crime“. Durante o protesto, os nacionalistas cantaram várias vezes o hino e gritaram Portugal enquanto colocavam os braços em posição de saudação fascista.

Um dos líderes da extrema-direita, Mário Machado, falava em declarações à SIC a dizer:

“Temos de dizer aos portugueses que existem brancos, que há muito orgulho em ser brancos. E. estamos aqui para defender os interesses dos portugueses. Nós somos portugueses há 850 anos, não somos há 30. O nosso BI não é comprado no Martim Moniz nem aqui no Rossio, a nenhum preto nem a nenhum marroquino. E eles não podem pensar que vêm para aqui fazer o que querem.”

"O nosso BI não é comprado no Martim Moniz nem aqui no Rossio, a nenhum preto nem a nenhum marroquino. E eles não podem pensar que vêm para aqui fazer o que querem."
Mário Machado, um dos líderes da extrema-direita portuguesa, em declarações à SIC

A jornalista confrontou Mário Machado, dizendo que estava a fazer declarações racistas e xenófobas. Machado respondeu de imediato: “Não é racista. Eu ter orgulho em ser branco não é ser racista”.

Deputado municipal do PSD indignado com invenção, Capucho e Costa

O deputado municipal do PSD António Tavares aproveitou uma sessão da Assembleia Municipal de Lisboa, a 20 de junho, para dizer que estava indignado com a forma como foram tratados os desacatos de 10 de junho na praia de Carcavelos. Contou que o próprio filho estava na praia e que atos como agressões e roubos na praia, relatados na imprensa, nunca aconteceram.

António Tavares, em frame do documentário “Era uma vez um arrastão”

Em plena Assembleia Municipal, António Tavares explicou que o que mais o “indignou foi o comportamento dos políticos nesta matéria”. E atirou a Capucho, do seu partido, e a Costa, então ministro do governo de José Sócrates:

“Indignou-me a forma como o presidente da câmara municipal de Cascais  [António Capucho] e o senhor ministro da Administração Interna [António Costa] lidaram com este acontecimento. Em que um pedia mais polícias e outro pedia um reforço policial em todas as praias. A atitude e comportamento destes dois políticos revelaram uma vez mais uma falta de sensibilidade social e a facilidade com que políticos com responsabilidades podem cair na demagogia e no aproveitamento político”.

Jornalistas fazem ‘mea culpa’

Em meados do mês de junho começa o debate público sobre os erros jornalísticos. Em editorial no jornal Público, o diretor José Manuel Fernandes refletia, a 23 de junho, sobre a forma como os jornalistas fizeram a cobertura jornalística do caso:

“Infelizmente, o que se passou nos últimos dias mostra que nem todo o jornalismo que se faz em Portugal procura o equilíbrio e é feito de forma responsável. Primeiro verificámos como o “arrastão” de Carcavelos assumiu dimensões para além das reais – isto é: se houve “arrastão”, se ele ter ocorrido é sintoma de um mal social capaz de gerar eventos realmente graves, a forma como foi relatado deu-lhe proporções de “Rio de Janeiro em Lisboa” que estão longe de corresponder à realidade.”

A opinião pública começa a perceber que tudo se tratou de um embuste e as notícias começam a surgir em sentido contrário. Quase um mês depois dos acontecimentos, a 9 de julho, o semanário “Expresso” publica na primeira página uma notícia com o título “Policia desdiz ‘Arrastão’“. A Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas considerou este título um paradoxo, já que entende que o desmentido tinha sido feito pelo Comando Metropolitano de Lisboa logo a 10 de junho.

Na mesma edição do Expresso, o colunista Daniel Oliveira fala em “inventão” e esclarece que “o arrastão nem arrastinho foi”, que “os roubos afinal aconteceram depois de uma rixa” e que teriam sido os jornalistas que teriam feito o resto.

A 10 de Julho, o provedor do Jornal de Notícias, Manuel Pinto, escreve um artigo com o título: “Era uma vez um arrastão”. E questiona: “Afinal onde estão o “terror” e o “pânico”? Na praia de Carcavelos ou nas televisões, rádios e jornais? Onde está o “Arrastão”? Teremos afinal sido enganados e manipulados pelo medo?”. Manuel Pinto dizia que os media falharam no “essencial” e prestaram um “deplorável serviço.”

Também o provedor do leitor do Diário de Notícias, José Carlos Abrantes, sob o título “A um engano, outro engano “, aludia a propósito ao “efeito de bola de neve a partir das notícias validadas pela televisão” e chamava a atenção dos jornalistas para a necessidade de pisarem “terrenos de bom senso e de rigor informativo” e de “pesarem a informação vinda das fontes, mesmo as mais credíveis”, sob pena de contribuírem para a “descredibilização vertiginosa” dos media, de que são os verdadeiros “donos” e “não a Polícia, não os donos dos bares, não os grupos de pressão ou os lobbies”.

A 12 de julho, Miguel Gaspar escrevia sobre “o estranho caso do arrastão que morreu na praia”, em que se interroga “como se construiu a ilusão” e explica o encadeado das notícias, a começar no despacho da Lusa das 16h10 e ampliado pelas imagens televisivas acompanhadas de comentários dos apresentadores e declarações de políticos. E acrescentava: “O extraordinário é a noção de que o arrastão existiu ter-se instalado no senso comum, mesmo depois de a PSP ter começado a falar apenas em 40 a 50 pessoas que causaram problemas.”

O relatório da Comissão para a Igualdade e contra a Discriminação Racial do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas é arrasador para os jornalistas e acaba quase por ilibar a polícia, que errou desde logo a confirmar à Lusa que se tratava de um arrastão. E por uma voz oficial: o comandante da PSP de Cascais, Gonçalves Pereira. O Comando Distrital de Lisboa faria o mesmo através de comunicado horas depois, num comunicado que o comandante, Oliveira Pereira, admitiria mais tarde ser “infeliz”, feito depois de “testemunhos do pouco que a polícia viu e de testemunhos de jornalistas”. Oliveira Pereira foi taxativo: “Não houve arrastão nenhum.”

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