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EUA-China nos Jogos Olímpicos: isto é muito mais do que desporto. É uma guerra geopolítica

Os Jogos são o palco onde os melhores atletas brilham, mas são também o local onde a China e os EUA competem por maior influência no mundo. Uma Guerra Fria 2.0? Não exatamente.

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431 vs. 613. Esta também é uma guerra de números. Em causa estão o número de atletas chineses e norte-americanos que compõem as respetivas delegações nestes Jogos Olímpicos. E cada lado pode puxar a brasa à sua sardinha para tentar demonstrar o seu poderio desportivo: Pequim traz a sua maior delegação de sempre, ultrapassando os números de Londres (396) e do Rio (416); Washington fica atrás de Atlanta (648), mas continua a ser o país com o maior número de atletas em competição.

Não se pense que este é um pormenor que pouco importa. Em plena tensão geopolítica, China e EUA utilizam os Jogos Olímpicos como instrumento de soft power num plano em que ser o que tem mais atletas ou mais medalhas conta. Isso mesmo admitiu o responsável da Administração Desportiva chinesa, Gou Zhongwen, ao afirmar perante a sua delegação que os objetivos para estes Olímpicos eram fazer da China o país com mais medalhas e contribuir para que o país se tornasse uma “potência desportiva” até ao ano de 2035.

  • Opening ceremony of Summer Olympic Games in Tokyo, Japan
    A delegação chinesa em Tóquio
    Stanislav Krasilnikov/TASS
  • Tokyo 2020 Olympic Games - 23/07/2021
    A delegação norte-americana dos Jogos 2020
    Photonews via Getty Images

Os ecos do passado ressoam quando se pensa na medição de poder político através do desporto que Estados Unidos e União Soviética protagonizaram ao longo da Guerra Fria. Mas os especialistas ouvidos pelo Observador são cautelosos e evitam as comparações com esse período. No mundo globalizado atual, China e EUA têm mais em comum do que pode parecer à primeira vista e lutam com armas semelhantes. A comercialização dos Jogos é hoje um fator inegável que muda os equilíbrios da balança e torna tudo menos simples. Uma coisa, porém, é certa: desenganem-se os que acham que a política fica sempre à porta dos Jogos; ela é intrinsecamente parte deles.

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Jogos Olímpicos não são políticos? Uma “parvoíce” e uma “hipocrisia”

“Para que as nossas ações na paz e nos direitos humanos sejam bem sucedidas, precisamos de que a política respeite a nossa missão. Caso contrário, os Jogos Olímpicos tornar-se-iam tão divisivos como tantas áreas da nossa sociedade hoje em dia.” A declaração é de Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), e foi dita numa mensagem por vídeo enviado ao Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas no início de julho.

Como habitualmente, o objetivo era o de sublinhar o caráter não-político dos Jogos e pedir às nações que se retraiam de os utilizar como mecanismos para avançar as suas agendas políticas. Em troca, num clima em que as manifestações públicas por parte de atletas invadem cada vez mais o desporto, Bach ofereceu uma pequena concessão: os atletas podem “expressar as suas ideias” em Tóquio antes e depois de competirem, mas não podem fazer qualquer manifestação no pódio — como Tommie Smith e John Carlos fizeram em 1968, erguendo os punhos com luvas negras para protestar contra o racismo nos EUA nos Jogos de 1968, sendo subsequentemente expulsos da Cidade do México.

Olympic Medalists Giving Black Power Sign

Tommie Smith e John Carlos (EUA) protagonizaram um dos momentos políticos mais marcantes da História dos Jogos em 1968

Bettmann Archive

Mas para aqueles que estudam a influência da política nos Jogos Olímpicos, este é um ideal praticamente inalcançável. “É muito hipócrita por parte do COI continuar a afirmar que realiza eventos não-políticos”, afirma assertivamente Estelle Brun, investigadora do Instituto Francês para Assuntos Internacionais e Estratégicos, ao Observador. “A própria criação dos Olímpicos da era moderna foi em si mesma política, já que serviu para pacificar as relações internacionais. É compreensível que o COI queira evitar alimentar conflitos políticos e geopolíticos, ao promover a neutralidade, mas é inegável que os Jogos sempre foram, por natureza, políticos.”

Como exemplo, Brun aponta os Jogos de 1936 em Berlim, cuja atribuição à Alemanha foi decidida ainda antes de Adolf Hitler ter chegado ao poder (1933). “Era uma forma de normalizar as relações internacionais com a Alemanha, depois de esta ter sido excluída dos Olímpicos de 1920 e 1924 como consequência da I Guerra Mundial”, resume. E a especialista sublinha que esta não é uma característica apenas do passado: “Este ano, apesar das complicações provocadas pela Covid-19, os Jogos de Tóquio avançaram, porque são uma forma de o Japão se mostrar como um país moderno e inovador.”

“A própria criação dos Olímpicos da era moderna foi em si mesma política, já que serviu para pacificar as relações internacionais. É compreensível que o COI queira evitar alimentar conflitos políticos e geopolíticos, ao promover a neutralidade, mas é inegável que os Jogos sempre foram, por natureza, políticos”
Estelle Brun, investigadora do Instituto Francês para Assuntos Internacionais e Estratégicos

Simon Chadwick, professor da Universidade de Economia EM-Lyon e especialista em questões geopolíticas no desporto, descreve a posição do COI como “desconfortável”. “Acho que o COI faz o melhor que pode”, comenta com o Observador. “Não gostaria nada de ser o presidente do COI, é um papel muito difícil. Mas, dito isto, acho uma parvoíce eles dizerem que não se podem envolver em questões políticas, porque muita coisa que já fazem são decisões políticas. É interessante como o skate e o surf, que são desportos mais ocidentais, por exemplo, são escolhidos como modalidades olímpicas, mas o [desporto de combate] kabaddi, da Índia, não é. Portanto, é errado quando eles dizem que não têm nada a ver com política; é impossível evitar a política.”

BERLIN OLYMPICS

O atleta negro Jesse Owens foi a estrela dos Jogos de Berlim (1936). Estes foram organizados com o objetivo político de reintegrar a Alemanha politicamente no sistema internacional

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Mesmo a questão do relaxamento das regras sobre os atletas partilharem as suas opiniões políticas é, para este professor, insuficiente: “No Ocidente, a ideia do ativismo — seja em relação ao género, etnia ou ambiente — é cada vez mais uma parte da vida, sobretudo entre os Millennials e a Geração Z, que são assim e vivem assim. É claro que na China, por exemplo, a visão é completamente oposta: quando os atletas chineses ganham, é suposto agradecerem primeiro ao país e só depois à família, porque o atleta não deve ter voz, é antes a voz do país.” É por isso que, para o académico, se devia falar mais de “ideologia” do que de “política”: “Aquilo que o COI quer dizer é que não é ideológico, para evitar estas ideias do ‘Ocidente liberal’ vs. o ‘Leste autoritário”. O COI está num fogo cruzado de uma guerra ideológica que se está a intensificar. E ou assume um papel de fazedor da paz tipo ONU ou vai ser atingido por um dos atiradores: os EUA ou a China.

Uma “corrida às armas” onde se contam medalhas

A ascensão da China como potência olímpica é um caminho que já dura há algumas décadas, mas que só se consolidou nos últimos anos. Os primeiros Jogos Olímpicos em que a China participou foram os de 1932 (Los Angeles): levou um único atleta, o sprinter Liu Changchun, que falhou as finais dos 100 metros e dos 200 metros. Seguiram-se participações em Berlim (1936), Londres (1948) e Helsínquia (1952), mas ainda sem medalhas. A China fez depois uma longa travessia no deserto, recusando participar nos Jogos pela presença da equipa olímpica de Taiwan, mas em 1984 decidiu regressar de novo a Los Angeles. Dessa vez, a preparação era outra: o país arrecadou 32 medalhas, das quais quase metade foram de ouro.

Desde então, o caminho tem sido sempre a somar. Em 2008, ao receber os Jogos em Pequim, o país conseguiu pela primeira vez destronar os norte-americanos e ser o país a acumular mais medalhas olímpicas. Não voltou a consegui-lo desde então, mas não desiste dessa ambição: não é por acaso que o país segue a doutrina Juguo Tizhi, que pretende desenvolver o desporto de elite para ser usado como forma de soft power.

Os EUA podem não declarar tão abertamente ter uma estratégia semelhante, mas não há dúvidas de que não querem perder a sua hegemonia olímpica. Chadwick diz que estamos a assistir a uma “corrida às armas desportivas”. “Não é só uma questão de por alguém numa pista e ele ganhar a corrida. Há um ecossistema, uma infraestrutura, uma ideologia que estas duas nações promovem. Se não fosse assim, se calhar um país como as Ilhas Fiji ganhava mais medalhas. Não é o caso”, resume.

“A contagem de medalhas é, sem dúvida, uma forma de medir o poder geopolítico dos países e é uma potencial fonte de tensões diplomáticas”
Simon Chadwick, professor de política e desporto na EM Lyon

A este ponto da competição, o medalheiro olímpico continua dominado por China e EUA. Quem segue à frente? Bom, depende dos critérios. Se olharmos pelo número de medalhas de ouro, é a China que domina (27 contra apenas 20 dos norte-americanos); se preferirmos olhar para o total de medalhas, os EUA já acumulam 60, contra 57 da China.

“A contagem de medalhas é, sem dúvida, uma forma de medir o poder geopolítico dos países e é uma potencial fonte de tensões diplomáticas”, aponta o professor Chadwick, dando um exemplo: “Nos Jogos de 2008, Pequim afirmou ter ficado em primeiro lugar nos Olímpicos por ter obtido 110 medalhas (incluindo 48 de ouro). Washington, com ‘apenas’ 36 medalhas de ouro, questionou a afirmação da China, porque os EUA tinham obtido mais medalhas no total (112). E este ano, por exemplo, o The New York Times faz o ranking pelo total de medalhas, o que até agora tem colocado os EUA à frente; mas o L’Équipe coloca a China à frente, porque dá primazia ao número de medalhas de ouro.”

Para além da contagem de medalhas, as duas potências também competem noutros campos, nomeadamente o do soft power, como já referimos: “Assim de repente, faço isto [estala os dedos] e lembro-me logo de Mark Spitz em 1972. Ou de Carl Lewis, ou de Simone Biles…”, diz Chadwick. “A cultura desportiva é muito importante em termos de criar uma narrativa do desporto e de moldar as perceções das pessoas.”

E as tensões políticas entre China e EUA teimam em infiltrar-se nos assuntos mais banais dos Jogos. Ainda nos primeiros dias da competição, Pequim criticou abertamente a estação de televisão norte-americana NBC por ter mostrado aquilo que considerou ser um “mapa incompleto” da China — em causa estava o facto de os territórios de Taiwan e do Mar do Sul da China (territórios cuja soberania está em disputa) não estarem incluídos no mapa.

Team USA's Olympics Outfits Displayed In New York

A Ralph Lauren desenha os uniformes da equipa olímpica norte-americana: um caso de interligação política, económica e desportiva

China News Service via Getty Ima

Mas não é só do lado chinês que há tentativas de influência. Chadwick aponta um caso muito concreto: o facto de os uniformes da equipa olímpica dos EUA serem da Ralph Lauren. “É uma marca que tenta representar um país em termos de soft power. E isso também tem efeitos económicos, ao vender-se merchandise da Ralph Lauren, que é norte-americana. Portanto, o efeito económico também não pode ser excluído disto.” E, para completar o seu ponto, o professor de Lyon acrescenta: “Os EUA ainda são a maior economia desportiva do mundo, dominando 40% da indústria desportiva. Mas a China quer duplicar o seu valor até 2025 e o investimento no desporto também tem esse objetivo económico.”

Uma nova Guerra Fria nos Olímpicos? Não exatamente

Duas potências, uma Ocidental e outra Oriental, a lutarem pela supremacia nos Jogos Olímpicos como forma de demonstrar o seu poderio geopolítico. Soa familiar? Sim, razão pela qual muitos fazem comparações quase inevitáveis entre o momento atual e a Guerra Fria. Mas os especialistas consultados pelo Observador alertam: estamos numa situação bem diferente.

“Não temos uma divisão clara entre dois ‘blocos’ com visões do mundo drasticamente opostas”, alerta Estelle Brun. Simon Chadwick completa: “A grande diferença chama-se dinheiro. Os Jogos de 1984 (Los Angeles) foram aqueles em que se aplicou o modelo comercial que ainda hoje temos, de grandes parceiros e patrocinadores, que é um modelo comercial à imagem dos mercados ocidentais. A União Soviética e os países de Leste não jogavam o jogo do dinheiro — e a China sem dúvida que o faz.”

No fundo, a China está longe de ser igual à URSS. “A Guerra Fria era uma guerra de isolamento. O que aconteceu desde então é que o mundo interligou-se de tal forma — seja através da internet, seja através das cadeias de distribuição — que uma Guerra Fria não se pode repetir”, acrescenta. No fundo, a globalização mudou tudo. As diferenças entre os dois “blocos” já não são diferenças entre dois modelos económicos. A China e os EUA jogam na mesma liga, competem pelo lugar de maior potência. Aquilo que os distingue são outras questões ideológicas: coletivismo vs. individualismo, autoritarismo vs. democracia liberal, oriente vs. ocidente.

Wrestling - Tokyo 2020 Olympics - Day 10

Duas atletas norte-americana e chinesa já se defrontaram estes Jogos, na luta livre

VCG via Getty Images

Um ponto onde encontramos semelhanças com a Guerra Fria é nos recentes apelos sentidos em Washington para que se boicotem os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, no próximo ano. Declarações que trazem ecos do passado, quando os norte-americanos boicotaram os Jogos de Moscovo (1980), em protesto contra a invasão do Afeganistão pela URSS, tendo os soviéticos retaliado de seguida e faltado aos Jogos de Los Angeles (1984).

Em causa está agora a situação dos muçulmanos Uyghur na região de Xinjiang, no norte da China. Muitos jornalistas têm denunciado os campos de trabalho forçado, propaganda do Estado e esterilização de mulheres, o que levou os parlamentos neerlandês e canadiano a classificarem o que se passa naquela região chinesa como uma política de genocídio. O Departamento de Estado norte-americano fez o mesmo, razão pela qual alguns políticos norte-americanos apelam agora a um boicote.

Estelle Brun, porém, alerta para que o consenso sobre um boicote está longe de existir, como nos tempos da Guerra Fria: “Em Washington, ainda não há um apelo a um boicote por parte do governo. O que temos é alguns congressistas que o pedem, apoiados por centenas de organizações de direitos humanos. Mas, para o Partido Republicano, isto é sobretudo uma forma de tentar entalar o Partido Democrata”, arrisca.

O que não significa, diz, que tal não venha a acontecer: “O desprezo da China pelos direitos humanos e as provas cada vez mais claras de uma opressão violenta e sistemática dos Uyghur vão definitivamente levar a que mais pessoas e países ponderem boicotar os Jogos de Inverno. Se os EUA o fizerem, isto terá uma dimensão paralela de geopolítica, como uma espécie de luta simbólica pelos direitos humanos em que os norte-americanos se tentarão reafirmar como a maior super-potência mundial.”

“A grande diferença [entre a Guerra Fria e agora] chama-se dinheiro. A União Soviética e os países de Leste não jogavam o jogo do dinheiro — e a China sem dúvida que o faz”
Simon Chadwick

Chadwick considera que estes apelos a um boicote são um verdadeiro “apelo ideológico às armas” e podem colocar muitas marcas norte-americanas em maus lençóis. “Estamos todos interligados. Se me disser ‘não compre um telemóvel que tenha ligações à China’, eu simplesmente não posso ter um telemóvel”, resume. “Esta posição política faz-me lembrar os tempos de George W. Bush: ou estão connosco ou contra nós. É isso que pode vir a ser pedido aos patrocinadores.”

“A China joga de uma maneira muito diferente”

Nesta guerra geopolítica que utiliza o desporto, as armas norte-americanas podem estar desfasadas. É essa a convicção de Simon Chadwick, que considera que o pensamento a longo-prazo e a ligação entre desporto e economia levados a cabo pelos chineses têm sido muito mais eficazes do que o Ocidente reconhece. “Há uma dependência económica mundial da China”, declara, sublinhando como isso também já está a acontecer no mundo do desporto. “Alimentar a dependência significa acumular poder. Olhemos para o Euro de futebol: cinco dos patrocinadores que lá estiveram eram chineses. A China quer organizar um Mundial de futebol e, para isso, precisa de votos. Aquilo que está a fazer é patrocinar em força estes eventos para ser mais fácil influenciar os membros da UEFA no futuro.”

A estratégia não é nova. Há anos que a China investe em países africanos, por exemplo, com o objetivo de retirar dividendos no futuro. Inclusivamente através do desporto, construindo estádios de futebol em vários países do continente, na esperança de mais tarde as empresas chinesas terem acesso a recursos dos países — uma estratégia que até já ganhou o cognome de “diplomacia dos estádios”. As táticas chinesas de ajuda internacional são, frequentemente, jogadas com ganhos político-económicos no futuro. É por isso que o Council of Foreign Relations afirma que “os programas de ajuda [chineses] não cumprem os padrões da ajuda internacional ao desenvolvimento: são geralmente focados em ajuda aos países do Sul; têm condições; são sobretudo bilaterais; e incluem não apenas bolsas e empréstimos sem juros, mas também outras formas de financiamento governamentais”.

Olympics - Opening Ceremony

Imagem da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim (2008), um momento de afirmação da China como potência desportiva

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Simon Chadwick, por seu turno, acha que a estratégia desportiva chinesa é poderosa, mas também enfrentará os seus desafios. “A neutralidade do COI e a afirmação de uns Jogos ‘não-políticos’ ajudam a China a posicionar-se como promotora de ‘valores desportivos puros’, enquanto ignora as suas violações de direitos humanos”, reconhece. “No entanto, os Jogos de Inverno podem trazer mais atenção às práticas anti-democráticas da China, ainda para mais num contexto tenso de uma pandemia.”

A contestação às violações de direitos humanos na China já se fazem sentir um pouco no mundo do desporto. Veja-se o caso do jogador de futebol Antoine Griezmann, que em dezembro do ano passado cancelou o seu contrato de patrocínio com a gigante tecnológica Huawei, “na sequência de fortes suspeitas de que a empresa contribuiu para o desenvolvimento de um ‘alerta Uyghur’ através de software de reconhecimento facial”.

Para Estelle Brun, este é um sinal de que a China pode ter mais dificuldades em concretizar “as ambições desportivas expressadas por Xi Jinping em relação ao futebol” — com o objetivo de realizar o Mundial —, mas também de “concretizar as ambições geopolíticas através de programas de desporto de elite liderados pelo Estado” — ou seja, nos Jogos Olímpicos. “Pode tornar-se cada vez mais difícil para a China utilizar os Olímpicos e outros eventos desportivos, porque estes também trazem atenção para as suas práticas controversas”, resume a investigadora.

“Pode tornar-se cada vez mais difícil para a China utilizar os Olímpicos e outros eventos desportivos, porque estes também trazem atenção para as suas práticas controversas”
Estelle Brun

Simon Chadwick tem, porém, uma opinião diferente, considerando que são os EUA que estão em maiores dificuldades nesta competição pelo domínio mundial através do desporto: “Este é um inimigo novo para os EUA. Não é a União Soviética, que se isolava e ameaçava de longe, não é a Al-Qaeda, que fazia uma guerra de guerrilha… Este é um inimigo muito diferente, que se envolve, é estratega e usa todas as ferramentas que tem ao seu dispor”, resume. “A maioria dos norte-americanos não tem noção do que enfrenta, enquanto em Pequim há líderes com uma visão muito clara do que querem para o mundo. Isto não significa que os EUA serão derrotados como potência. Mas têm de melhorar a sua performance, porque isto é exatamente como no desporto: a China joga de uma maneira muito diferente.”

 
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