O Governo queria fazer o brilharete de baixar, pelo segundo ano consecutivo, o preço da eletricidade. E desta vez com uma descida que fizesse maior diferença no bolso dos consumidores do que os nove cêntimos por mês numa fatura média, segundo os cálculos do regulador para as tarifas de 2018. Mas os cortes, de origem política e regulatória, anunciados às rendas ditas excessivas da EDP — que não estão todos decididos e materializados — podem não ter força para contrariar o que está a acontecer nos mercados de matérias primas. E assegurar a tal descida da fatura em 2019, ano que também é de eleições.
O petróleo ultrapassou os 80 dólares por barril (o valor mais alto em quatro anos), as cotações do carbono atingiram preços recorde na década, o gás natural está m máximos para a época do ano. E ao mesmo tempo há centrais nucleares paradas para manutenção. Há quem lhe chame uma “tempestade perfeita”, expressão usada por um analista da Alfa Energy citado pela Bloomberg para explicar o que se está a passar nos mercados da energia. O cenário negro fica completo com a viragem nas opções energéticas de vários países que estão levar ao abandono, mais ou menos rápido, da energia nuclear.
Nenhum dos fatores chega por si só para explicar o que se passa nos mercados de compra e venda da eletricidade, mas a combinação de todos ajuda a perceber porque é que a cotação na bolsa do Mibel (o mercado ibérico de eletricidade) está mais de 20 euros acima do valor registado no ano passado e 40% acima o preço médio de aquisição previsto para este ano pelo regulador português quando fez as contas às tarifas da eletricidade para 2018.
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