A taxa de abstenção nas eleições europeias é uma realidade europeia e não só portuguesa.

No dia de ontem cerca de 7.236.848 de Portugueses decidiram que não irem às urnas era a solução para os seus problemas. Preferiram ficar a ver a Cristina, ou a comer gelados na praia. No entanto, é importante esclarecer que não foi só o português que decidiu agir desta maneira. Países como Bulgária, Suécia, Eslovénia, Letónia, Finlândia e Croácia – também eles cheios eleitores europeus – optaram por não ir às urnas e tiveram taxas de abstenção superiores às portuguesas.

A direita Portuguesa, que ontem conheceu uma derrota cómica, não aprende nem com os erros, nem com as sondagens. Não se apercebe da mudança dos portugueses. É preciso reformar, reaprender e agir – não com os olhos no passado, mas sim com o objetivo de saber mudar de agora em adiante. A esquerda e a sua imposição (autoritária) de valores ganha cada vez mais peso. Sendo essa a realidade, surge uma necessidade urgente de esta ser travada. E é possível fazê-lo, há casos que o explicam:

Em Inglaterra, a direita continua a ter uma voz expressiva. Ainda que os conservadores tenham, claramente, obtido um resultado miserável, a direita continua com uma forte expressão no eleitorado. Os ingleses sabem que não é Jeremy Corbyn que liderará o povo britânico caso haja a necessidade de sair da União Europeia. O partido do Brexit conquistou 31.7% dos votos, passando a ser a maior força política britânica – deixou bem clara a posição dos britânicos sobre a saída da união europeia. Se por um lado os partidos do Remain também alcançaram um resultado vultuoso, isso acaba por não se traduzir de maneira nenhuma na retórica de que se o referendo fosse hoje, o Reino Unido manter-se-ia na União Europeia. Prova disso é que a junção dos partidos eurocéticos tem um resultado superior aos partidos do Remain.

Na Alemanha, curiosamente como em toda a europa, existiu um crescimento dos partidos ambientalistas. O resultado da CDU revela uma pequena desilusão (expectável) em relação às eleições anteriores. Não obstante, assume-se, como sempre, sendo a maior força política do país.

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Em Itália, o partido de Salvini, conquistou 34.3% dos votos, mais 10% em comparação com o seu adversário direto – o Partido Democrático. Em Itália o caso é simples: os partidos de direita, Liga Norte, Movimento 5 estrelas e Força Itália atingem uma maioria absoluta esmagadora. A esquerda está, cada vez mais, reduzida a pedaços.

Na Áustria, novamente, a direita é a grande vencedora. Sebastian Kurz, vê o seu partido aumentar em quase 10% em relação às europeias de 2014. Não há dúvidas da importância da direita.

Na Bélgica, a Nova Aliança Flamenga, apesar de ver o seu resultado diminuir em relação a 2014, sai mais uma vez como o partido vencedor, ao alcançar cerca de 13.5%. No entanto, se juntarmos os cinco maiores partidos Belgas, vemos que a direita alcança uma vitória esmagadora, graças aos resultados dos Vlaams Belang, dos Liberais Democratas e dos Democratas Cristãos.

Na Grécia, finalmente chegou-se à conclusão que a esquerda radical não é solução para nada. O Syrisa é o grande derrotado da noite eleitoral, passa de 26.57% para 23.7%. Isto permitiu que a Nova Democracia passasse de 22.72% em 2014, para um resultado esmagador de 33.3%.

Em França, ainda que a União Nacional de Le Pen não seja o caminho a seguir, a sua eleição mostra-nos o quão percetível é o desagrado que o povo francês tem em relações às políticas em vigor.

O mesmo se passa na Eslovénia, Estónia, Finlândia, Irlanda, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Polónia, República Checa, Chipre, Roménia e Suécia, na Dinamarca ou na Bulgária. Todos estes países, com mais ou menos posições eurocéticas, com economias mais ou menos desenvolvidas, com línguas diferentes, culturas que se distinguem ou religiões discordantes, perceberam a importância que a direita tem no cenário político, não abrindo mão das suas liberdades de poder escolher um futuro mais esperançoso.

Depois há Portugal – com um dos piores crescimentos económicos europeus e dos países mais pobremente classificados na EU (em todos os tipos de indicadores, rankings e previsões). Agora, permitam-me que vos pergunte: o que fazem os portugueses para mudar isso? Ora, parece-me simples. Votam em António Costa (pois Pedro Marques era o nº2 da campanha) e vão para a praia.

O país não vai mudar até a direita não perceber que tem de mudar. A juventude nasceu com abuso de poder político, corrupção na política e tráfico de influências. A direita tem o dever de ser a solução para estes problemas. A direita tem de melhorar a sua comunicação, tem de conseguir esclarecer os eleitores que o futuro não pode passar por governos de esquerda. Tem de ser eficiente a passar a sua mensagem. Tem de conseguir provar que os malabarismos de António Costa não passam disso mesmo. Tem de mudar e, por muito que esta palavra custe a alguns, tem de se modernizar. Deve centrar-se em problemas atuais e não se limitar a falar do Sócrates. Deve aprofundar temas ambientais e assuntos que não são bandeiras tradicionais. Deve, acima de tudo, procurar respostas e não entrar em duelos partidários.

A direita corre o risco de cair na banalidade e, por isso, tem de encontrar a via para ser a solução. Se é isso que pretende, deve apresentar-se como tal.

Só assim é que será possível a mudança.

Estudante de História