A NATO mudou três vezes nos últimos anos.
Mudou a primeira vez durante a presidência de Barack Obama. Ciente que os Estados Unidos estavam a perder peso político à medida que a China ganhava terreno internacional, a administração redesenhou a grande estratégia americana incluindo-lhe dois elementos que prejudicavam a Europa: o retraimento estratégico – uma política de encolhimento de todos os ativos prescindíveis e a redução dos compromissos internacionais que não pusessem em causa a segurança norte-americana –; e o “pivô” asiático – um papel que Washington passaria a desempenhar, em que o que estava em causa era a transferência de grande parte da sua influência para aquela parte do mundo, de forma a equilibrar os poderes regionais e, especialmente, conter a China.
No primeiro caso, o do retraimento, a Europa era vítima do seu próprio sucesso. Setenta anos seguidos de paz (Balcãs à parte) davam aos EUA confiança suficiente para não terem que se preocupar com conflitos entre estados. No segundo, o do pivô asiático, a Europa foi vítima do seu próprio fracasso. Não foi capaz de se reinventar enquanto aliado atlântico, e a mudança dos centros de poder deixou-nos desprotegidos e a ter de lidar com a nossa vulnerabilidade internacional. Ainda assim, por essa altura, estava disseminada a ideia de que a Europa não corria riscos de maior e as insistências para que tivesse mais responsabilidades na sua própria defesa foram recebidas (em Berlim, onde Obama decidiu falar sobre o assunto a primeira vez ainda como candidato) com marcada indiferença.
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