A coisa apresenta-se assim: um puré vermelho ou alaranjado. Umas sementes por ali espalhadas. Uns pedacinhos de massa (sem glúten). Quiçá um ovo (pode ser substituído por natas de soja). E, a finalizar, a rúcula. A coisa constitui o prato forte (não há qualquer ironia nisto) das várias revistas de cozinha que nos sorriem ao pé das caixas dos supermercados.

Não sei o que me enerva mais se chamarem culinária a estas papinhas se aquela profusão de folhas de rúcula, tipo arranjo floral de verduras que temos a obrigação de mastigar porque dá  muito nas vistas deixá-las no prato.

A pobre da Eruca sativa é um dos meus ódios de estimação. Não propriamente ela que, mais amarga ou menos picante (ou vice-versa), lá se vai comendo-ruminando. O meu problema mesmo é com o que ela embrulha e simboliza: esta comida-papinha que por aí anda e que nos põem à frente, já devidamente empratada e cobertinha com aquelas folhinhas verdes que, na falta de ossos e espinhas para trincar, sempre nos ocupam os dentes. A sério, alguém conseguirá comer aquela vegetação espalhada por cima daqueles pratos onde purés coloridos devidamente misturados com uns picados, compõem uma espécie de refeições outrora de bebés e agora comida para adultos?

Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.