O que marca as próximas eleições daqui a mais de três meses, com o Natal de permeio a fim de «distrair o povão», é a lamentável intervenção do presidente da República após a súbita demissão do primeiro-ministro socialista. Ora, não só este último se demitiu mal soube das investigações do Ministério Público como não se compreende a sua demissão se não houve mais informações que o levassem a isso… Se António Costa tivesse apenas informações como as que chegaram ao grande público, não se percebe porque motivo renunciou ele ao governo… e a uma futura promoção em Bruxelas?!

Com efeito, se não tivesse informações que nós ignoramos, não se percebe por que razão apresentou o presidente do governo a sua demissão após oito anos quando deu o golpe parlamentar que nos conduziu à malfadada «geringonça». É essa a origem do funesto mandato em breve precipitado pela pandemia desencadeada no fim de 2019, que o 1.º ministro começou por negar e só tardiamente promoveu a vacinação depois da pressão social!

Mal a vacinação começou a deixar de produzir resultados, percebeu-se a desigual recomposição das diversas estruturas sociais, a qual se repercutiria não só sobre o comportamento das diversas mãos-de-obra como das diferentes imigrações. É de salientar a debilidade crescente do aparelho de Estado para responder rápidamente ao gigantesco socorro prestado pela UE sem juros. Portugal não foi capaz até hoje de aplicar esses fundos e, entretanto, devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia e agora a guerrilha do Médio Oriente, a crise monetária mundial começou a manifestar-se sem capacidade de resposta por parte do governo PS.

Marcado, entretanto, pelas decisões e contra-decisões em torno das sucessivas crises internacionais que têm tido lugar, o governo Costa encolheu-se ao mesmo tempo que se complicam as condições de reeleição do actual presidente Biden. Por exemplo, enquanto a o governo PS tenta navegar entre os terroristas do Hamas, as vítimas de Israel e a população de Gaza, nem por isso o conflito do Médio Oriente deixa de se acrescentar ao peso das sucessivas guerras.

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É neste contexto em que o presidente da República, cada vez menos atento à governação, a qual está cada vez mais fulanizada e atabalhoada do que nunca, se verga perante o que o governo copiou da funesta presidência de Sócrates. Quanto ao PR, este tentou inicialmente fugir à demissão do primeiro-ministro mas acabou por mantê-lo meses à frente de um governo sem objectivos nem bases para lidar com a habitação, a educação e a saúde, para não falar do envelhecimento cada vez menos atendido!

Em resumo, como primeiro-ministro rodeado de inúmeros membros do governo, muitos dos quais já desapareceram por «indecente e má figura», o balanço dos oito anos de presumida governação é devastador. Desde os incêndios sucessivos à tragicomédia da TAP – ora vende, ora compra, ora tenta vender outra vez – à crise da habitação e ao falhanço completo dos sistemas de educação e da saúde pública, bem como a incapacidade de aproveitar o «bónus dourado» da UE, é difícil encontrar pior governação e quase tanta corrupção como no tempo de Sócrates!

Entretanto, sem qualquer controle da presidência da República, o PS mantém-se no «poleiro» e gasta o dinheiro a «comprar» os seus clientes, jogando com o montante das reformas e pensões, bem como recrutando milhares de funcionários públicos a fim de aliciar eleitores. Enquanto beneficia do guarda-vento presidencial, o PS já só se dedica às diversas modalidades de propaganda ao mesmo tempo que o ex-ministro Pedro Nuno promete vir a ser líder do partido na linha da «geringonça» que ele próprio mobilizara.

Finalmente, desencadeou-se o movimento das sondagens de um momento para o outro, como acaba de suceder com a «Intercampus» ao fazer uma dessas sondagens para o «Correio da Manhã» com a paragona: «Queda acentuada do PSD». Ora, essa sondagem, com escassas centenas de entrevistados, não permite conclusões: por exemplo, a diferença entre o PS (23,6%) e o PSD (21,9%) estácompletamente dentro da margem de erro… assim como quase todos os outros partidos políticos em concorrência.

Será com estes pés que o país entrará mais cedo do que julgamos no concurso eleitoral? Se não houver até 10 de Março partidos unidos como outrora sucedia com o PSD e o CDS, cujas intenções de voto juntas são cá como na Madeira mais do que o PS, e novas tendências como a Iniciativa Eleitoral e o PAN, o país corre o risco de ficar sem governo capaz de substituir a proclamada «esquerda» que nos enterrou mais fundo ainda do que era de recear! Quanto ao Chega – terceira força eleitoral da referida sondagem – terá de fazer o seu caminho a fim de aceitar as regras do jogo ou ficar sem a bola para jogar… Quanto ao eleitorado, é de esperar que se assuma daqui até lá.