Passei o fim de semana em Cornwall, no sudoeste de Inglaterra, onde fui fazer surf, em duas belas praias com boas ondas: Watergate Bay e em Polzeath. Na última noite, dormi num chamado “hotel de charme” numa pequena vila, Rock. Cheguei ao bar, antes de jantar, e encontrei um empregado português, Agostinho (“aqui, chamam-me Gusto; ninguém consegue dizer Agostinho”). Está há cerca de um ano a trabalhar no hotel e já é o chefe do bar/restaurante (“fui promovido a manager no Verão”). O orgulho do Gusto foi ter acrescentado vinhos portugueses à lista do restaurante. Sei que há portugueses em todo o lado, mas quando os encontramos onde e quando menos se espera, é uma alegria. Inevitavelmente, falámos de futebol. E embora estejamos em lados opostos, temos uma coisa em comum. Ele é do Porto (cidade) e benfiquista; eu sou de Lisboa e portista. Mas ontem à noite, em Cornwall, nem isso nos dividiu.

Outro português, o Jorge, serviu o pequeno-almoço. A pressa e a hora (demasiado cedo) impediram-me de socializar, mas bebi o melhor café do fim de semana (“vou tirar-lhe uma bica como deve ser”). Já em Londres, fui almoçar à minha “cantina”, o Fino’s; um restaurante italiano, onde trabalha um português há trinta anos, um galego (com quem falo em português), italianos e gregos. Mais do que italiano, é um restaurante do sul da Europa, onde nos sentimos em casa, com um prato do dia cozinhado em forno de lenha.

Londres está cheia de restaurantes, cafés e bares, onde se misturam empregados (normalmente estudantes) e clientes de toda a Europa. Polacos, bálticos, russos, alemães, escandinavos, gregos, franceses, italianos, espanhóis, portugueses, irlandeses e mesmo ingleses. Vieram todos à procura do que não tinham no seu país, ou simplesmente de novas aventuras, mas todos se sentem bem em Londres. E Londres tornou-se uma cidade muito mais interessante por causa de todos os que chegaram. Só o UKIP não entende isso.

Londres respeita ainda a diversidade de todos, como por exemplo não acontece em Bruxelas, outra cidade que conheço bem. Em Bruxelas, há uma pressão enorme para a uniformidade, para a homogeneidade. Em Londres, celebra-se o pluralismo e as diferenças. Não deixa de ser irónico, que no momento em que o Reino Unido para afastar-se cada vez mais da Europa, Londres seja cada vez mais Europeia. Parafraseando Lenine, ou Trostky, já não me lembro (mas estou certo que um dos leitores/comentadores me ajudarão), muitos europeus escolheram com os pés, e mudaram-se para Londres. Fizeram dela a verdadeira capital da Europa, e deram-lhe um novo charme.

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