Olhando para as redes sociais, “vendemo-nos” como se tivéssemos vidas de sucesso. Relações de sucesso. Famílias de sucesso. E carreiras de sucesso. Mas é claro que o sucesso nas redes sociais é um produto descartável e de consumo rápido.

No entanto, o pior destes nossos “sucessos” é que eles parecem estender-se às expectativas que colocamos sobre os nossos filhos e sobre a escola. Como se não nos chegasse afirmar: “o meu filho é “só” uma criança”. Nem que tem cincos, noventas por cento e um ror de bolas verdes sendo “só” uma criança. Não! Nós queremos que os nossos filhos não sejam “só” crianças. Queremos que tenham sucesso! Muito depressa! Mesmo que, para isso, sejam crianças à pressa! Mesmo que serem crianças à pressa signifique não terem tempo para terem a vista na ponta dos dedos, para “cheirar” as coisas e para as sentir. Nem terem tempo para perscrutar, para a curiosidade e para descobrir. Ou para arriscar e para perguntar. Numa atmosfera de “sucesso obrigatório”, ou têm as respostas na ponta da língua ou têm necessidades educativas especiais.

Como é que havemos de levar os pais a aceitar que aprender implica tempo, erros e pequenos “desastres”? Como é que os havemos de fazer entender que sucessos nas notas e sucesso na aprendizagem não são sempre a mesma coisa? E que o sucesso vive debaixo da língua (não vive na ponta da língua) e é sinónimo de sabedoria? E que só quem erra e aprende com os erros se torna mais capaz de ter sucesso?

Eu acho que a primeira função da escola é ensinar as crianças a terem “só” sucesso como crianças! Capazes de aprender sem serem crianças à pressa. O que obriga a escola a ter a cabeça na lua e os pés na terra. A educá-las para quererem aprender mais do que para terem notas. Sem desistirem de ser fantasiosas e imaginativas. E sem terem medo de errar.

O sucesso não são as pequenas vitórias descartáveis que exibimos como se quiséssemos mostrar aos outros que somos bons. São as coisas que aprendemos com eles. Sobre as nossas dificuldades ou sobre os nossos medos. O sucesso que exibimos dá a entender que somos bons sozinhos. Aquele que se conquista com verdade, que há vitórias de consumo rápido que não são nem sucesso, nem aprender e nem crescer.

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