O secretário de Estado norte-americano advertiu hoje que não haverá acordo entre as grandes potências e o Irão sobre o seu programa nuclear se Teerão não responder às questões ainda em aberto na sua maratona negocial.

“É possível que os iranianos não tomem todas as medidas que foram acordadas em Lausanne, caso em que não haverá acordo”, disse John Kerry em conferência de imprensa.

Kerry referia-se ao acordo de princípio concluído naquela cidade suíça a 02 de abril para impedir que o Irão se dote de armas nucleares e que serve de base ao texto definitivo que deverá ser assinado a 30 de junho, provavelmente em Viena.

O chefe da diplomacia norte-americano confirmou igualmente que viajará para a capital austríaca na sexta-feira para participar na reta final das negociações entre o grupo das grandes potências, designado 5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido e Alemanha), e o Irão, sob a égide da União Europeia.

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John Kerry foi inquirido sobre as declarações feitas na terça-feira pelo ayatollah iraniano Ali Khamenei, que reiterou quais são as “linhas vermelhas” de Teerão sobre o nuclear: exigiu o “levantamento imediato” das sanções económicas da ONU e dos Estados Unidos em caso de acordo e recusou qualquer inspeção a “instalações militares”.

“Nós determinaremos nos próximos dias se as questões em aberto são sanadas ou não. Se [o Irão] não lhes fornecer resposta, não haverá acordo”, insistiu o responsável norte-americano, ao encerrar três dias de cimeira em Washington entre os Estados Unidos e a China.

A maratona diplomática internacional para um acordo com o Irão que garanta que a República Islâmica não se dotará de armas nucleares entrou esta semana na reta final.

Tanto para o grupo 5+1 quanto para Teerão, os próximos dias e noites de negociação deverão coroar 20 meses de discussões intensas, por vezes até à beira da rutura.

O objetivo é simples: assegurar pelo maior período de tempo possível que o programa nuclear iraniano será unicamente civil, em troca do levantamento das sanções internacionais que estão a bloquear a economia da potência regional xiita de 78 milhões de habitantes.

A forma de o alcançar é bastante complexa: os diplomatas têm como base um documento de entre 40 e 50 páginas, rico em pormenores, negociados um a um.

As duas partes, como é habitual quando o tempo escasseia, sublinham que há ainda divergências importantes, ao ponto de o prazo poder ser prolongado por alguns dias.