O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, pediu no domingo à China que não interfira no trabalho dos jornalistas norte-americanos em Hong Kong, numa nova polémica em torno da liberdade de expressão.

Fui informado recentemente que o governo chinês ameaçou interferir no trabalho dos jornalistas norte-americanos em Hong Kong”, declarou o secretário de Estado norte-americano em comunicado. “Estes jornalistas fazem parte da imprensa livre, e não são agentes de propaganda”, prosseguiu.

“Qualquer decisão que afete a autonomia e as liberdades de Hong Kong, garantidas pela Declaração Conjunta Sino-Britânica e pela Lei Básica, teria inevitavelmente impacto na nossa avaliação do ‘Um país, dois sistemas’ e no estatuto do território”, avisou, referindo-se ao sistema político de Hong Kong, que garante uma certa autonomia à ex-colónia britânica.

A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”. Tal como acontece com Macau, para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, com o governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.

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O comunicado de Mike Pompeo é a mais recente resposta norte-americana à expulsão por parte de Pequim de cerca de 15 jornalistas norte-americanos, desde o início do ano.

As expulsões agravaram as relações, já tensas, entres as duas maiores potências económicas mundiais, que têm trocado acusações mútuas sobre a pandemia da Covid-19.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também ameaçou impor novas tarifas aduaneiras à importação de produtos chineses.

Em fevereiro, as autoridades chinesas expulsaram do país três jornalistas do Wall Street Journal, depois de aquele jornal ter publicado uma coluna de opinião sobre a crise da Covid-19, considerada racista por Pequim.

Algumas semanas depois, Washington reduziu as acreditações de jornalistas chineses junto dos órgãos do governo.

Em março, Pequim expulsou mais uma dúzia de jornalistas de três jornais norte-americanos, o New York Times, o Washington Post e o Wall Street Journal.